- Nada, como sempre. Nova York deve estar divertida demais para parar um minuto para conversar com a família e ela já grandinha o suficiente para rastejar com a própria pele.

- Não a chame de cobra. – Ele me falou antes que eu pudesse. – Nossa mãe pode estar por perto e você sabe como ela fica quando fala isso.

Melanie não era a princesa que a minha mãe sonhava como filha, mas ela fingia que sim. – Mas é a verdade. – Completei.

- Vocês que se entendam. – Por fim ele fez o de sempre e não tocou muito no assunto. Não era o tipo de irmão que apaziguava as coisas, ele só se preocupava com a nossa mãe. – Irmãzinha linda como sol, você me ajudar ou não?

- Ajudar você a colocar outra alma amarga na nossa família?

- Clara... – O interrompi.

- Você ainda vai se casar com a Devil?

- O nome dela não é esse. – Sua voz continha uma advertência que eu ignorei.

- Vai ou não? – A tossida de quando ele não queria falar sobre alguma coisa foi feita.

- Vou.

- Então, boa sorte com o seu casamento fantástico e não se esqueça como esses eventos matrimoniais são importantes para a nossa família. Beijo Fred.

- Não acredito...

Bati o telefone no gancho e meu sorriso foi de orelha a orelha. Ficaria irritado e com certeza com raiva de mim por um tempo, mas assistir tudo isso já era triste, imagina fazer parte desse carnaval que ele criou.

***

Nessa casa existiam muitos moveis e coisas antigas, mas era bem maior que a minha outra casa. Não que eu fosse rica, mas precisamos mudar por conta do emprego do meu pai e essa casa estava com um custo ótimo para o que oferecia.

Grande e bonita, mas por dentro a maioria das coisas continuaram as mesmas. Como a mesinha de centro que era esculpida com rosas e pássaros detalhados na madeira envernizada. Como isso era tão bem feito? Eu não sei, mas quando mais tempo passava mais eu percebia que minha esperança de que o celular tocasse ia se esvaindo. Afinal eu estava descrevendo a mesa para passar o tempo.

Minhas mãos não paravam de batucar no braço do sofá, estar inquieta era pouco naquele momento. Para não parecer uma boba decidi fazer um lanche na cozinha, esperar a noite toda estava fora de cogitação, mas eu não podia evitar verificar as mensagens então o celular foi comigo.

Assim que terminei e coloquei as coisas na pia a porta da frente abriu e em seguida fechou, me fazendo levar um susto pelo silencio de antes. O último filho da Dona Beth, meu irmão mais novo, passou pelo corredor da cozinha com cara de poucos amigos.

- Perdeu alguma coisa? – Disse quando não desviei o olhar.

- Não. – Revirei os olhos, nem ia perder meu tempo com esse moleque. – Babaca. – Soltei baixinho.

- Eu ouvi. – Ele gritou.

- Ainda bem, assim não preciso repetir. – Sorri indo até ele. – Porque você não vai dormir?

- Porque você não manda em mim.

- Eu só sugeri.

Peguei e abri as mensagens pensando em tomar a iniciativa de uma conversa, mas ele não gostava muito disso, então logo desconsiderei. Queria saber porque ele está demorando tanto. O voo poderia ter atrasado, mas já estava a um bom tempo sem notícias, era impossível não ficar preocupada.

E como se ele ouvisse minha agonia o toque começou.

- Oi

- Oi, acabei de chegar.

Amor Verdadeiro (Ahistória Completa Esta Na Dreame, Disponível No App E No Site)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora