Amor

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Baekhyun sabia exatamente com o que o amor se parecia.

Quando tinha 12 anos, no quarto de Kyungsoo em um dia quente de verão.

Sabia que o amor estava lá, em algum lugar, só que escondido de seus olhos, difícil de conquistar. Mas o encontraria.

O amor usava um suéter maior que o seu, o qual pegaria emprestado diversas vezes até não precisar devolver.
O amor era inteligente, bom com números.
O amor se importava com seu bem estar e o encorajava a ser sempre sua melhor versão.

Kyungsoo dizia que sua visão do amor era uma descrição perfeita de sua mãe.

Então, quando o Amor aparecera, fora um choque.

O Amor tinha ombros estreitos, cabelo de cuia e óculos de aro redondo. O Amor era sarcástico, bom em história e artes, péssimo em matemática. O Amor enfiou seu rosto em um bolo de aniversário.

O Amor era Kyungsoo, seu melhor amigo.

Mas o Amor, apesar de tão diferente, era carinhoso quando sozinhos. Era encorajador de sua própria maneira. O Amor fizera Baekhyun dizer ao seus pais que passaria a noite jogando vídeo game, mas não o faria realmente. O Amor tinha 16 anos, assim como Baekhyun. O Amor era recíproco.

E o Amor passara a ser apenas amor novamente depois de três anos. Fora embora como o gás de uma coca cola destampada por muito tempo e Baekhyun demorara a perceber.

Quando o amor voltara, mais velho, era Amor.
Amor cantava desafinado, roncava a noite inteira e comia arroz de garfo enquanto Baekhyun olhava.
Amor acendia um cigarro na varanda e tomava cerveja cara.
Era, sem sombra de dúvidas, um amor diferente. Mas não era um amor impossível, só...
Complicado.
Como comer arroz de garfo.

Quando Amor também se fora, desta vez apenas um mês depois de chegar, Baekhyun não se espantou. Apenas tomou um sorvete enquanto assistia um filme meloso em seu sofá, do tipo que não assistia com o Amor, que só via ação e comédia.

Depois do Amor, Amor, a m o r, Amore, Baekhyun desistira de seus amores. Nenhum era como esperava e agora, já adulto, sabia que definir como o amor seria não fazia o menor sentido. Ainda doía, no entanto, a facilidade que o amor tinha em o deixar.

Sendo assim, quando o Amor chegou, Baekhyun tentou não dar muita atenção.
Mesmo sabendo que este era mais diferente dos outros, fizera o que estava ao seu alcance para não amar demais, cedo demais.

O Amor tinha orelhas muito grandes.
O Amor demorava para terminar de falar, pausando a cada palavra dita, as vezes repetindo uma palavra ou frase várias vezes.
O Amor era terrivelmente bonito.
O Amor era terrivelmente esquisito.
O Amor fora inevitável, difícil de resistir.
E Baekhyun não sabia se realmente queria resistir.
O Amor tinha olhos esbugalhados e voz grossa, visitas marcadas com um psiquiatra e um apartamento tão limpo que chegava a doer os olhos.

Mais do que isso.

O Amor usava um suéter maior que o seu, o qual pegara emprestado diversas vezes até não precisar devolver.
O Amor era inteligente, bom com números.
O Amor se importava com seu bem estar e o encorajava a ser sempre sua melhor versão.

Baekhyun quase mandara uma mensagem de texto para Kyungsoo, só para deixar claro que o Amor não era sua mãe.

O Amor vinha com uma bagagem de emoções, mas Baekhyun não reclamava pois também carregava uma.
O Amor o fazia feliz.
Por um, dois, dez anos.
O Amor lhe dava o melhor de si, mesmo que levantasse de madrugada para conferir as trancas da porta, o Amor sempre voltava para a cama e o abraçava apertado.
O Amor era carinhoso e o trazia café da manhã na cama.
O Amor era um tanto nerd, mas tocava violão como um galã de algum filme estrangeiro, mesmo que demorando mais tempo para afinar as cordas que o tempo da música.

O Amor o deixara sujar seu nariz com farinha.

O Amor tinha TOC.

O Amor se chamava Park Chanyeol.

O Amor não o deixaria.

O Amor era perfeito.

Park Chanyeol era perfeito.

Perfeito para todos os requisitos que Byun Baekhyun escrevera sobre o amor, aos 12 anos de idade, no quarto de Kyungsoo em um dia quente de verão.

(Oi. Isso não é exatamente uma continuação, mas já tinha um tempo que eu pensava em colocar um pouco sobre o Baekhyun por aqui e depois de ver um vídeo do Button Poetry - o qual inspirou completamente o formato de escrita da fic - eu não resisti. Estou dando minha cara a tapa aqui, pois sempre tive medo de por algo e estragar algo que, pra mim, estava bom. Por isso não é uma continuação.)

(im)PerfeitosWhere stories live. Discover now