Epílogo

6.1K 487 233
                                    

EPÍLOGO

Naquela noite calorosa, aguardava ansiosa pela chegada de Helena. Sobre a cama, em nosso quarto, estava o envelope onde continha o teste de gravidez. Havia dado positivo.

Já havia completado seis meses desde o falecimento de minha mãe. Quando ela partiu com o meu perdão, senti-me um pouco mais leve, embora houvesse desejado que tivéssemos mais algum tempo juntas para consertar nossos erros do passado. Depois daquela carta e daquele momento tão melancólico que tivemos no hospital, vi um lado diferente em mamãe: uma mulher vulnerável que havia construído uma muralha em torno de si, acreditando que, ao manter-se sob o seu orgulho e sua amargura, poderia proteger-se e ter domínio sobre o que não podia exercer controle.

Meu pai obteve uma excelente recuperação da cirurgia e em meio ao trabalho árduo na companhia de Helena, estávamos conseguindo edificar os lucros da empresa novamente, embora o desvio que minha mãe havia feito quase nos levou a falência.

Trêmula e ansiosa para que Helena chegasse, observava pela quarta vez o teste de gravidez, imaginando como seria sua reação.

Alguns meses após o falecimento de mamãe, finalmente decidimos ampliar a família. Embora aquela história de ter filhos me assustasse um pouco, era interessante pensar que de alguma forma eu estaria ligada a Helena para sempre através daquela criança.

Ao ouvir a porta sendo destrancada, guardei o teste dentro do envelope do laboratório e sentei-me na beirada da cama. Meu coração palpitava tanto e eu mal conseguia conter o sorriso perolado que iluminava toda a minha face.

Pude ouvir seus passos ecoarem pela casa até que chegasse ao quarto. A me ver, exibiu um sorriso sereno e colocou a bolsa e os sapatos próximos a porta, sentando-se ao meu lado.

O silêncio agradável nos envolveu naquele instante. Lentamente, mirei meus olhos nos dela, segurando com firmeza o envelope. Ela retirou os óculos de grau e exibiu outra vez o sorriso afável, que me deixava tão confortável.

— Aconteceu alguma coisa? — ela questionou em um sussurro sereno, sem desmanchar o sorriso. Seus olhos exibiam um brilho único.

— Dizem que quando o amor de duas pessoas não cabe mais no peito, acaba virando uma nova vida. — falei emocionada. — Estamos grávidas! — respondi sorridente, sentindo meus olhos marejarem.

O semblante alegre iluminou toda a sua face, deixando-a ainda mais jovial e serena. Ela inclinou-se e me envolveu em um abraço singular e apertado por longos segundos. Fechei os olhos e inspirei profundamente, sentindo o aroma tão inebriante de seu perfume que ainda me trazia lembranças incríveis de nossos momentos únicos e marcantes.

Ela segurou meu rosto por entre suas mãos e beijou meus lábios com ternura. Seus lábios macios tocaram minha testa, minhas bochechas e me encarou com uma paixão indescritível.

______

— Diva, já vou logo avisando que quero ser padrinho! — Guilherme falou batendo palminhas durante um almoço que fizemos em nossa casa, para comunicarmos a chegada do novo membro.

Eu gargalhei e ele inclinou-se para beijar a minha barriga.

— Se for menina, vamos comprar vários vestidinhos maravilhosos! — ele exclamava maravilhado enquanto meu pai gargalhava com a cena.

— Menos, Guilherme! Quase nada, meu filho! — Júlia interviu. — Ele terá madrinha, esqueceu?

— Duas madrinhas! — Catarina interveio.

Nos últimos meses, após muita insistência de minha parte, minha amiga havia encontrado uma oportunidade de me apresentar a sua nova namorada. Amanda era um pouco mais velha que Júlia. Haviam se conhecido na construtora que elas trabalhavam. Amanda era secretária do chefe de Júlia e quando começaram a se falar, segundo minha amiga, a química foi quase instantânea. Tanto que aquilo assustou Júlia por semanas, até que Helena e eu conseguíssemos tranquilizá-la sobre os sentimentos, afinal, embora Júlia fosse mais reservada, se apaixonar não era uma de suas melhores qualidades.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Where stories live. Discover now