Capítulo Vinte - Tiro

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CAPÍTULO VINTE — TIRO

Quando nos encontramos com o Guilherme, seu semblante estava carregado de preocupação. As sobrancelhas levemente franzida denunciaram o quanto estava penalizado com a minha situação. Quando nos aproximamos, no saguão do aeroporto, senti meus lábios tremularem e meus olhos marejaram novamente e antes que eu pudesse mencionar qualquer coisa, senti Guilherme me acolhendo em um abraço apertado.

— Eu amo o meu pai, Gui! Eu não quero que ele morra! – sussurrei chorosa com o rosto enterrado em seus ombros.

— Carol, por favor, fique calma. — ele falou segurando em meu queixo. — Ainda não sabemos o que houve de fato com o seu pai para que ele esteja internado — ele suspirou e revirou os olhos. — se é que está internado mesmo, não é?! Bem provável que talvez isso seja uma armação da sua mãe.

Franzi as sobrancelhas e fiquei pensativa por alguns segundos, questionando-me se minha mãe teria coragem de me deixar tão preocupada daquela maneira. E sim, ela teria essa coragem.

— Ela... Ela telefonou para você?

Ele balançou a cabeça de maneira negativa.

— Querida, se telefonou, eu não sei, pois quando cheguei o telefone estava com a bateria baixa e eu estava morto de sono. — explicou fazendo com que eu esboçasse um sorriso fraco. — Ainda bem, pois já pensou se ela pedisse para falar com você do meu telefone?

Fiz uma careta e me afastei dele, vendo Helena conversar com uma mulher que aparentava sonolência em um dos balcões de uma companhia aérea.

____

Durante o voo de volta para casa, preferimos o silêncio, o que me fez afogar-me em um mar de dúvidas, fazendo com que eu me torturasse com meus próprios pensamentos, imaginando o que deveria ter acontecido com papai.

Vencida pelo cansaço, aconcheguei-me em Helena que acariciou meus cabelos com ternura, tentando me tranquilizar, durante todo o trajeto.

Quando nos comunicaram ainda dentro do avião que faríamos o pouso, senti meu coração acelerar e novamente, meus olhos marejaram. Minhas mãos estavam trêmulas e um misto de ansiedade e angústia me dominava. Apenas em pensar que eu enfrentaria minha mãe ao lado de Helena, naquela situação possivelmente lastimável ao qual meu pai deveria se encontrar me deixava atordoada o bastante para ter pesadelos horríveis apenas por fechar os olhos por alguns segundos. Pesadelos. Visões. Seja lá o que for. Causava-me arrepios sombrios.

— E agora, meninas? – Guilherme interrogou, enquanto aguardávamos nossas bagagens na esteira. – O que vocês estão pensando em fazer?

Helena manteve-se em silêncio, pressionando os lábios, como se estivesse pensando em algo. Suas mãos estavam entrelaçadas nas minhas e eu podia sentir o quanto ela estava tensa com toda aquela situação.

— Ah... Vá para casa da Carolina com as bagagens e acompanho a Carolina até o hospital. — ela finalmente balbuciou, fazendo com que eu abrisse minha bolsa, entregando as chaves do meu apartamento para Guilherme. Antes que eu pudesse por as mãos em meu celular, senti que ele vibrava recebendo dezenas de mensagens de minha mãe.

Guilherme pegou as chaves e ficou nos encarando com admiração. Seus olhos estavam esbugalhados. Provavelmente, ele sabia que aquilo não seria nada bom.

— Ah... Helena... — ele murmurou enquanto coçava a barba. — Tem certeza que você vai ao hospital?

Ela suspirou. Enquanto eu lia as mensagens que minha mãe havia enviado, comunicando em qual hospital meu pai estava internado, prestava atenção em seus dizeres também.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora