24 Capítulo - Final

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Eu chego no Rio de Janeiro e sou recepcionado por um cara que se diz ser meu pai. Ele usava um terno e sapatos pretos, onde mostrava que realmente ele tinha dinheiro. O mesmo tinha cabelos curtos e grisalhos. Realmente, é como todos diziam, ele se parece comigo.

Eu tentei olhar para aquele homem como meu pai, tentei ter uma iniciativa para dar-lhe um abraço, mas foi em vão. Algo ainda me prendia, mesmo sabendo que ele era quem estava me ajudando naquele momento.

Meu pai, o gerente de uma usina elétrica, estendeu a mão, me ajudou com as malas e entramos em um lindo carro. Durante o caminho, ele tentou puxar assunto, saber como eu vivia em Recife, se eu namorava, se tinha amigos, o que eu gostava, essas coisas de pai ausente mesmo. Eu não dei muita bola, respondia apenas o necessário e seguimos desse mesmo jeito por todo o caminho.

Por fim, chegamos em um lindo prédio. Era onde ele morava com sua esposa, seu filho de 6 anos e o enteado de 15 anos. Assim que passei pela porta, ele me apresentou a todos e inclusive a empregada, pois ela ficaria me auxiliando no meu apartamento do andar de baixo. Depois de toda formalidade, descemos para o 16º andar, onde eu conheceria o meu apartamento. A gentil empregada, dona Luiza, foi conosco, onde me ajudou muito em relação a falta de assunto com meu pai.

Eu me instalei perfeitamente ao ambiente luxuoso. O apartamento estava totalmente adaptado para um verdadeiro cego. Tinha corrimãos em todos os cômodos. Alguns telefones espelhados pela casa e toda mordomia ficavam próximas. Meu pai, o senhor Carlos, me explicou como tudo funcionava e avisou que a cirurgia estava marcada para a próxima semana, onde todo o processo de recuperação quem estará me fazendo companhia seria Luiza, pois ele era um homem muito ocupado no trabalho.

Todos os dias eu falava com minha mãe e a Tacy por chamada de vídeo, fazendo-me matar um pouco da saudade e assim foi até o grande dia chegar. Acordei muito cedo, peguei o celular e corri para falar com minha mãe. Ela me desejou boa sorte e disse que estava torcendo por mim.

Logo após, desci o elevador e fui ao encontro do meu pai e dona Luiza que já estavam me esperando no térreo. Entramos no carro e seguimos até a clinica de cirurgia. Fui rapidamente atendido, algo totalmente diferente do que estava acostumando. Fui direto para sala, onde tomei a anestesia e adormeci enquanto todo o processo estava sendo feito.

Após uma hora, acordo com o olho com curativos. O médico disse que o procedimento foi um sucesso, onde eu passaria um tempo de observações e logo após teria alta. O mesmo informa também dos cuidados que preciso ter, inclusive do acompanhamento de um ano, isso mesmo. Vou ter que ficar um ano no Rio, pois preciso de avaliações, onde devem ser cumpridas rigorosamente. No primeiro mês do pós-operatório, são semanais. A partir do segundo mês, passam a ser mensais. De acordo com a recuperação, passam a ser trimestrais, semestrais e, depois anuais, quando todos os pontos estiverem removidos. São cerca de 16 pontos e, às vezes, demora um ano, período que exige acompanhamento médico.

Depois de tudo feito com sucesso, eu volto para casa e surpreendentemente, sou recebido por uma pequena comemoração feita pelo meu pai, a esposa dele, o meu irmãozinho e o jovem enteado do meu pai.

Passam-se dias, semanas e meses. 7 meses para ser mais exato.

Durante todo esse período, sigo a risca toda a avaliação rotineira no oftalmologista. Falo todos os dias com a minha mãe e com a Tacy. Meu pai, se esforça bastante para quebrar a barreira que existe entre a gente, até conseguir devido a presença do meu irmão mais novo que faz com que eu me aproxime de toda a família.

Longe do Rio, agora em Recife, Tacy recebe uma ligação inesperada.

-- Alô, quem é?

-- Sou eu Tacy, o Gustavo – Ele estava com uma voz triste ao telefone – Eu preciso te ver, podemos nos encontrar esse fim de semana?

Três em umTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon