Pergaminhos

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  Quando se está sozinho é que se percebe o quanto somos ínfimos perante essa imensidão. Que todo e qualquer ato que executamos é tão mínimo como uma agulha no palheiro. O ser humano em sua complexidade atua em diversas áreas aplicando fatores milimetricamente calculados por outros seres humanos que envolvidos por uma aura de status social que tem -ou acham- o poder de decidir a ação do semelhante. Toda forma de convalescênça é classificada como fraqueza, sendo base deste argumento que a raça humana é o topo da pirâmide alimentar, ou seja, somos caçadores e não devemos ter qualquer tipo de benevolência com o próximo. É irrefutável a hipótese que a raça a qual pertenço sejam mais animais do que os próprios seres que são classificados como animais.    Juntos fisiologicamente, mas mentalmente estamos a 149.600.000 km de distância, o mesmo vazio longínquo que perpetua entre o nosso planeta e a estrela calorosa que chamamos de sol. Todos nós somos parte dessa galáxia, obviamente, mas me refiro a metáfora de que é como cada um de nós fossemos planetas. 7 bilhões de planetas distantes a 149.600.000 km do outro. Assim como no sistema solar, alguns planetas recebem mais destaque que os outros, sendo chamados de astros - acho que é a partir dessa referência que denominam os ídolos terrestres -. Intocáveis eles estão inacessíveis demais de nós planetas comuns.    Quando um planeta alinha com o outro é chamado de alinhamento astral. Juntos e em plena sincronia chamam a atenção dos outros planetas que passam a admirá-los ou simplesmente ignorar por não fazer parte da sua importância. Quando nos apaixonamos, acabamos nos alinhando em sincronia com o outro planeta. Os outros vibram por esse alinhamento e alguns simplesmente não gostam e nem desgostam. Cada um girando em torno de si como se nada mais importasse.    Nossa órbita permite a zona de conforto. Ali nos sentimos ingenuamente seguros, confortáveis e felizes - ou não -.O que nos faz mais singulares são nossos habitantes - ou pensamentos - que nos fazem de gato e sapato. Poluindo nossos rios mentais e enchendo nossos ares de preocupações e outros cotidianos tóxicos. Está mais do que claro que estamos cada vez mais sozinhos, duplicando e maximizando a distância entre nós, iguais. Diante de tanta vilipendiação a cada dia é mais exata a (des)evolução. Trocando cada planeta por esferas de ferro que farão o nosso trabalho, deixando todos mais acomodados perante a tecnologia que (des)constrói nossas relações.    É tão sozinha a forma como vivemos, trancados em quartos, salas e barrados por janelas. Fantasmas terrestres procuram por vida em outros planetas, mas ora, se estamos tão sozinhos e perdidos nesse mundo, como ei de viver em outro se não conseguem nem se conectar com os seus semelhantes? Somos 7 bilhões de cegos sozinhos caminhando em plena multidão.

Um Outro DiaWhere stories live. Discover now