O Infeliz conflito de um escritor

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  A convivência tem sido cada vez mais difícil. Uma troca de palavras, olhares, gestos e toques. O ser humano se isola em seu invólucro e lá permanece reclamando sobre sua solidão pacifica e como é complicado viver daquele modo. Na verdade todos sofrem dos males da solidão, e todos são culpados disso. Passam horas revirando redes sociais, com os olhos vazios e cansados. Ajeitam-se em seus assentos quando escutam o som de notificação. Como quem se ajeita para receber alguém em sua casa e quando aquele alguém não é desejado, voltam para sua posição inerte.

Seria hipocrisia não incluir quem está escrevendo este texto, meus olhos cansados e vazios procuraram a madrugada inteira o que fazer enquanto tediosamente acompanhava atividade de terceiros em redes sociais. Por mais este, afirmo-lhes que esta vida vazia não é mais um conto ou qualquer tipo de analogia, faço de meu caso real isto. Normalmente este escritor que vos fala estaria criando um texto melancólico sobre um relacionamento apagado com o tempo, mas talvez quem tenha se apagado com o tempo seja eu mesmo. A tediosidade me fez escrever sobre os vazios de pessoas vazias, sobre mim, sobre quem está lendo isso e sobre quem passará reto por este singelo punhado de parágrafos e ideias desconexas.

O que eu queria dizer mesmo... Ah sim, o vazio. Vazio é inescrupuloso, te suga para um plano etéreo onde o tempo se arrasta tal qual um caracol. Ele irá te atrair com atos comuns até que não haja mais nada que o faça feliz. Esse texto começou como uma crítica, evoluiu para um relato e por fim um aviso.

Eu queria ser mais um escritorzinho com o coração quebrado em plena madrugada, mas perdi-me em meio ao vazio e o único sentimento que me toma é a prepotente e acolhedora inércia.  

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