The sound of the heart ✓

Counselor

Pov Leah

Levo a xícara com o chá quente de erva cidreira até meus lábios sopro vendo a fumaça espalhar lentamente e desaparecer no ar, sinto inveja ao perceber o quão livre a fumaça é, não fica presa, ela sempre encontra uma saída para se dissipar por menor que seja a passagem, ela sempre saí, deixando somente vestígios que esteve ali, as vezes nem isso, fecho meus olhos sentindo o sabor único do chá, o meu preferido entre milhares que existe.
- Bom dia- escuto a voz de minha mãe adentrar na cozinha e se servir com o chá que preparei- Como passou a noite Leah? Chegou tão calada e se trancou em seu quarto e não saiu mais.
Olho Sue a minha frente esperando uma resposta, mães.
-Só estava cansada mãe, noite retrasada foi minha ronda e ontem fui para fogueira, não é porque sou uma loba que não me canso- Falo séria demais, sei que a machuco sendo assim, eu não faço por mal, eu só não sei lidar com afeto, pois toda vez que aceito quebro a cara, e não suporto que se metam em minha vida
-Verdade, me desculpe por isso, sei que não gosta que me meta em sua vida, só me preocupo com você filha, você tem aguentado tanto nos últimos anos, temo pelo dia que você não agente mais e explode e machuque todos ao seu redor, não falo fisicamente e sim emocionalmente- Sua voz sai baixa, sai com uma preocupação enorme.
-Não se preocupe mãe, não vou fazer nada, estou conformada com meus tombos pela vida.
-Não fala assim minha filha, sua vez ainda vai chegar -A olho com desdém, o ruim das mães que sempre querem achar solução onde não tem, tentar fazer que vejamos uma esperança onde não tem.
-Não seja hipócrita mãe, você sabe, eu sei, isso não vai acontecer, então não minta para si mesma, não se preocupe você ainda tem o Seth, ele fará a senhora sogra, você terá um casamento para ir, será avó, só tenha paciência talvez a mulher dele ainda seja um espermatozoide- falo com ironia
Vejo minha mãe arregalar seus olhos escuros, sei que peguei pesado, ai está a Leah que todos evita, em aproximar, a destruidora da felicidade.
- Leah- Escuto meu nome ser dito em um tom de rosnado, Seth está em pé na porta da cozinha- Não fala assim com a mamãe, ela só quer seu bem- Ele me repreende o que me irrita mais, ele que não venha dar um de o homem da casa, já estou arrependida o suficiente para receber lição de moral
-Vai se ferrar Seth, eu só disse a verdade.
Não digo mais nada, saio da casa sem olhar para trás, jogo meu corpo para frente fazendo com que quatro patas, focinho e um rabo apareça, não irei prolongar a discussão com meu irmão, não quero ver a culpa e dor no rosto da minha mãe, as vezes me considero um terremoto, por onde passo destruo tudo, não deixo nada em pé, as vezes penso também que meu fardo é grande demais para mim, sinto falta da Leah doce, da mulher calma, mas aquela foi a época que mais sofri, perdi meu pai, perdi o Sam, prefiro ser assim do que mais uma vez deixar meu coração partir, se é que seja  possível quebrar algo que já está quebrado, escuto uivos por todas partes da floresta e me chingo por estar na minha bolha de sofrimento e não ter percebido que a matilha está toda transformada hoje, treinamento, tinha me esquecido.
-Leah- a voz do meu alfa soa em minha mente- tenta bloquear seus pensamentos está afetando a todos e venha para clareira, Brady está fazendo a ronda em La Push.
-Tudo bem Jake.
Bato minhas patas sobre a terra úmida ganhando velocidade, corro como nunca, tentando tirar de minha mente qualquer pensamento, ao adentrar a clareira ignoro todo olhar sobre mim, fecho minha mente e me concentro na luta que ocorre nesse momento, Paul e Sam se enfrentam sem medo algum, deito sobre minhas patas e ganho um olhar de reprovação do grande Lobo avermelhado, meu focinho vai de encontro ao chão comigo ganindo, um claro sinal de obediência ao alfa, sei que Jake não suporta quando afeto todos com minha bolha de sofrimento, maldita conexão.

(...)
O dia passa rapidamente, me levanto e me transformo, não me importo em me verem nua, sou a única mulher do bando e em caso de me machucar ou se transformar rapidamente tem que estar todos acostumados e já estamos com a nudez de nossos irmãos, é algo natural e sem malícia, Jared, Jacob, Paul, Sam e Quill ambos se viram de costas, em sinal de respeito, e serem os primeiros na matilha, bem quantos aos adolescentes me olham sem pudor e assustados, logo se acostumam, coloco meu vestido e me sento, como conselheira do bando escuto os mais jovens transformos
-Nunca vou conseguir me controlar, ontem explodi no meio da sala, o grito que minha mãe deu, e se a machucasse?- Denis, um lobo de quatorze anos me conta
como está lidando com sua transformação, presto atenção em cada palavra
-Denis põe em sua cabeça é uma fase, logo vai passar, muitos aqui ainda tem problemas para se controlar, e olha que são lobos a quase dez anos, não vai ser você um menino que vai lidar facilmente- Qualquer um que me ouvisse soube de imediato que estou falando de Paul que tem o pavio curto, e Sam que perdeu o controle anos atrás, deixando Emilly com uma cicatriz com a marca de três garras em seu rosto- Somos uma família e estamos aqui para nos ajudarmos, tudo bem.
Ele se levantou suspirando aliviado, vendo esses meninos, tão confiantes em mim, que me ouvem e obedecem, se acalmam quando peço, me reconforta, no início era difícil, tinha me tornado uma loba e consecutivamente ganhando uma matilha onde Sam ainda era o alfa, tive que aguentar muita coisa e lidar com minha raiva, hoje em dia, as vezes olho para os quatro adolescentes, Denis, Max, Luke e Louis, que são gêmeos, me vejo como se fosse uma mãe para eles.
-Você sabe como acalmar essas pestes Leah, não sei o que seria de mim sem você- Sorrio para Jacob que senta ao meu lado, um grande líder.
- Gosto muito deles Jacob, me sinto calma também
Ele afaga meus cabelos, percebo que ele não irá falar nada sobre o ocorrido, todos sabemos que é difícil controlar, melhor dizer, impossível, nossos sentimentos e pensamentos compartilhados.
-Ontem depois que foi embora, meu pai junto com os anciões contaram uma nova lenda, resumindo para você, Kim foi uma loba como você, tinha o dom de aconselhar e acalmar todos os transformos, ela era uma espécie de mãe para a tribo, e tão poderosa que destruiu um clã inteiro de nossos inimigos, a cada uma geração nasce uma, e se você for a nova kim, ja pensou nisso Leah?- Pode fazer sentido, já que dificilmente uma mulher tem o gene lobo, o dificil de aceitar é que uma pessoa amarga como eu ser escolhida, essas mulheres deviam ser doces, coisa que não sou, e ainda tem a probabilidade de ser somente uma lenda
- Lendas que foram perdidas e alteradas com o tempo Jake, como eu uma pessoa tão amargurada poderia ser o elo de paz para a matilha? Pois foi o que quis me dizer, se é que existe isso, com certeza ela está para nascer, nascemos em uma época de paz amigo.
Dou dois tapinhas em seus ombros e saio dali, estou envergonhada, se o que Jacob descobriu fosse verdade, usei meu dom da calmaria para a discórdia, incontáveis vezes usei nossa ligação para apenas os fazerem sofrer, queria que todos sentisse o que estava sentindo, foi bem no início que descobri como era a ligação, depois me tornei amargurada, será que tinha como eu ser como aquela fumaça pela manhã? Desaparecer para que todos fossem felizes sem minha áurea pesada?
Meu coração está confuso.
As palavras de Edward volta com força total para mim.
Alice mandou lhe dizer que apenas siga o som do seu coração.
Um mês havia se passado e ainda não entendi o que essa frase significa.