Amor de Aluguel

Capítulo 4

Beatriz

Assim que entramos em meu apartamento, Lucas coloca as sacolas do supermercado sobre o balcão ao lado da pia da cozinha.

— O que foi aquilo? Aquele é o seu vizinho go... folgado? — Jessie indaga com um sorriso divertido nos lábios. Certamente, desistindo de utilizar a palavra "gostoso" devido ao seu interesse pelo nosso chefe.

— O próprio. E bem que mereceu uma cortada! Quem sabe ele não deixa de ser folgado e exibido? — dou de ombros, abrindo os meus armários. — O que você vai precisar, Lucas?

— Preciso de uma forma e de algumas panelas de tamanho médio.

Pego os utensílios requisitados e os deposito ao lado das compras.

— Se precisar de talheres, estão na primeira gaveta. — afirmo, sentando-me sobre um dos bancos altos da ilha ao centro da minha cozinha.

— Obrigado.

— Hum... E o que você vai cozinhar para nós? — Jessie indaga manhosa, retirando os ingredientes das sacolas numa falsa atitude prestativa.

— Vou preparar uma lasanha de berinjela. Agora, pode se sentar ao lado da Bia e não saia mais de lá! — ele pega Jessie por trás pelos ombros e a empurra na direção de um dos bancos livres.

— Nossa, mas eu só queria ajudar...

— Eu disse que cozinharia para vocês, pois façam o favor de se comportarem. — Lucas nos repreende em tom de brincadeira.

Jessie faz beicinho e eu reviro meus olhos. Deus está vendo isso daí! Quando sou eu quem pede ajuda,  ela até se faz de surda. Só para não sujar as mãos e não ficar cheirando a comida. Como ela diz...

— Agora, me conta direito essa rixa com o seu vizinho. Vocês pareciam bem íntimos, atacando-se daquele jeito em meio ao corredor do prédio. — Lucas continua, abrindo minha geladeira e pegando o alho e a cebola.

Minha amiga da uma gargalhada alta, enquanto meu queixo cai em espanto.

— Nós não somos íntimos! Ele que é um folgado, que gosta de me provocar sem mais nem menos! Só aproveitei a brecha para lhe dar o troco! — afirmo com ímpeto, mas minha voz soa como de uma criança desesperada para convencer um adulto.

— Theo não irá gostar nada de saber que tem um concorrente no pedaço. — Jessie se intromete e eu cerro meus dentes para ela.

— Concordo! — Lucas da corda.

— Parem com isso! Os dois! — aponto de um para o outro, desejando que meu indicador fosse o cano de um revolver. — Primeiro, porque meu vizinho não é nenhum candidato a nada! Segundo, porque Theo e eu somos apenas amigos.

Levanto-me do banco e pego uma garrafa de vinho na adega embutida do outro lado da ilha.

— Sei! — os dois respondem quase que em uníssono.