Capítulo 10 - Noite de Gala

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A Torre  Presente atual, 5 de Julho de 1936

Horas antes do baile de aniversário de Erol Evons.

 Erol recostou-se sob a porta gelada da torre, as mãos tamborilando a madeira rígida como patas de cavalos. O olhar permanecia frio enquanto fitava algo terrivelmente longe ou talvez não tão distante assim.

 Enidy finalmente esboçou um sorriso e riu de forma controlada das falas de Rosa desta vez.

 Realmente como Erol havia dito, ela não era tão boba como aparentara ser, muito pelo contrário, quando regressou à torre seu humor estava bastante diferente, ela possuía um ar mais sábio e parecia analisar tudo o que falava de forma mais reservada.

 Rosa ficou feliz em fazê-la sorrir, por um instante chegou a acreditar que seria uma prova quase impossível de realizar aquela altura, a bela moça que há algumas horas atrás ria com tudo — mesmo se ninguém houvesse pronunciado uma única palavra —, agora havia se coberto com uma mascara dura de frieza ou talvez estivesse apenas relevando o seu verdadeiro "eu".

 Já Enrry mudara radicalmente, fazia comentários hilários o tempo todo, mesmo que esses não fossem tão engraçados assim. Sem falar de suas fabulosas histórias longínquas de seu passado.

 Ele assumira um tom mais agradável do que demonstrava anteriormente e conseguia chamar a atenção para si sem o menor esforço, dando a impressão de ser à contra parte de sua companheira, como Yin e Yang.

 Rosa sentiu a inquietude do homem concentrado atrás de si, ela se virou e o olhou mais a fundo, sabia que algo não estava certo, havia alguma coisa que ele ainda não queria que ela soubesse, mas ela preferiu não interromper seus devaneios.

 Com o pequeno desvio de Rosa, Enidy aproveitava agora para brincar de colocar um morango na boca de Enrry. Frustrada por ser ignorada, não tinha alternativa a não ser se aproximar de Erol, os dois nem perceberam ela se afastar e continuaram a se divertir.

 Rosa parou bem na frente dele avaliando sua expressão, estava preocupada com o gelo que recebera dele após a chegada de Enidy e Enrry, estava se perguntando se ela fizera alguma coisa de errado que o deixara perturbado.

 — Deseja ir embora? Perguntou ele assustado voltando de seu transe ao percebê-la parada ali.

 — Só se for muito tarde, não quero preocupar minha mãe e as outras pessoas, mas se não for... Não precisamos ir, estou preocupada com outra coisa nesse momento.

 — Preocupada? Com o quê? Perguntou ele atônito.

 — Com você! Disse ela tocando-lhe o braço.

 Ele segurou sua mão carinhosamente e suspirou.

 — Comigo? Por quê? Ele fechou os olhos.

 — Não minta para mim, sei que algo não esta certo, vai me contar? Pediu ela gentilmente.

 Ele pareceu pensar por um longo tempo e enquanto isso somente o crepitar das chamas era possível de se ouvir, agora eles tinham uma plateia inteira a observá-los em silêncio. Tamanho era o desconforto do silêncio, que Rosa já suspeitara que os outros dois já soubessem do que se tratava o segredo.

 — Não e nada, eu juro. Ele falou por fim.

 Rosa não iria pressioná-lo, sabia o quanto era difícil fazê-lo revelar qualquer coisa. Chegou a acreditar que nem o homem mais diplomata do mundo arrancaria uma palavra do que ele queria esconder, só o que não entendia era porque os outros podiam saber e ela não, será que se tratava dela? Será que ele queria protegê-la de algo ou alguma coisa? Talvez ele não quisesse assustá-la, mas cedo ou tarde ela saberia de alguma forma, acabara de entrar naquele mundo e entrara para ficar.

Anjo SedutorTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon