Capítulo 1 - Lágrimas na Tempestade

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Castletown  —  Ilha de Man.

 12 de Abril de 1925.

 O céu escureceu ao som dos trovões da primeira tempestade daquela época do ano, as correntes de ar frio vindas do litoral costumam arrastar qualquer coisa que esteja pela frente num raio de mil quilômetros à costa leste, devastando cidades, vilarejos e até mesmo os campos de plantações das famílias locais, não era de menos, já que a primavera atrasada está prestes à chegar, sinal de que em breve as árvores e as flores floresceram.

 Não e apenas um tempo onde se espera o florescer apenas da natureza, mas e um período onde a humanidade busca se reerguer dos males que vieram causando a si mesmo desde o começo da Guerra. Esse e o pouco do tempo onde se podem ouvir clamores de paz durante muitos anos aos quais as pessoas já não acreditavam ser possíveis desde o inicio da guerra mundial. Aqueles eram anos de sangue para a todas as nações que haviam de ter perdido muitos homens, mulheres e crianças nos países assolados pela destruição causados pelo terror, onde o ar ainda cheirava a pólvora e sangue derramado.

 Castletown, Ilha de Man, permanecia intocada pela guerra no meio do mar, ali eles não eram afetados pelas armas dos homens — as coisas em certo ponto simplesmente continuavam as mesmas — era como se o tempo houvesse parado sem nem um indicio de regresso e desumanização que o resto do mundo sofrera.

 A neblina repentina cobriu todo o cargueiro que era considerado o mais belo porto pela população que o habitava — o que não estava nada belo agora —, essa se estendia por todo longo da costa, pelas florestas e muito além do que os olhos pudessem enxergar.

 A pequena cidade estava completamente deserta devido ao tufão que passa sobre a região, algumas pessoas se abrigaram nas casas de parentes mais adentro da ilha, outros atravessaram o mar em direção ao Reino Unido até que esse evento termine.

 Algumas pessoas até chegam a dizer que esses desastres climáticos são causados pelos efeitos das bombas nucleares que vazavam seus compostos químicos em direção ao mar aberto já outros não sabiam mais em que acreditar.

 As únicas famílias que ainda permaneciam ali viviam em território bem afastado dentro das florestas e não estão devidamente preocupados, até porque esse tipo de evento nunca chegava a atingir os territórios mais afastados do Rio Silverburn.

 Mais para dentro dos campos — um pouco afastado das redondezas da cidade — encontra-se uma pequena casa de dois andares, tão caída aos pedaços e apodrecida pelo tempo que e quase incrível imaginar que ainda se mantenha de pé com os ventos assombrosos que se aproximam. Talvez seja exatamente isso que a tornasse forte, tanto tempo gasto se mantendo firme e acolhedora, que nem ao menos as tempestades conseguiam fazer o simples favor de varrê-la para bem longe dali, devido a sua persistência voraz de lar. 

 O casebre velho e antigo, no entanto era parte feita de tijolos avermelhados e cimento, com fortes vigas de madeira rústica, seu ranger além de lhe entregar a idade soa como música aos ouvidos dos que ali pertencem. Uma casa assim era natural ser passada por gerações.

 O vento, no entanto, mostrava-se ruidoso com ela, as janelas no primeiro andar batem enquanto a senhora corre para fechá-las, segurando com uma das mãos um pires com um pequeno cotoco de vela onde as chamas tremeluziam com o vento que adentrava o aposento.

 A outra mão segura fortemente o roupão esfarrapado e velho que lhe descia até a ponta dos pés. Com dificuldade ela consegue fechar as janelas e puxar as persianas, lentamente voltou-se para o local onde se encontrava parada respirando profundamente em consideração ao esforço.

Anjo SedutorWhere stories live. Discover now