VII

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Fiquei muito tempo do lado de fora da sala de reunião, até perder a noção do tempo.

A discussão que se iniciou após a decisão do meu pai, era audível até atrás das portas.

- A princesa vai governar agora? - ouvi alguém dizer

- Você vai entregar a guerra!

- A princesa é sábia. - ouvi rei Andrew em minha defesa - O plano dela é mais eficiente do que mil homens lutando.

- Isso é um absurdo!

- Vamos lutar e ganhar essa guerra!

- Não podemos mais lutar, estamos perdendo!

A única voz que reconheci foi do rei Andrew e eu agradeci mentalmente por ele estar ao meu lado. Até mesmo meu pai não estava tão confiante no plano quanto ele.

Assim que encerramos nossa conversa, saímos do escritório sabendo que o rei teria dificuldade para lidar com a aceitação. Mas eu não imaginei que a discussão fosse se estender tanto assim e que fossem questionar a autoridade do meu pai. Afinal, é o rei que dá a palavra final, certo?

- Princesa? - uma empregada chamou por mim - O que gostaria para o almoço hoje?

- Pode escolher. - sorri tentando esconder minha aflição - Contanto que seja pudim de sobremesa.

- Sim, alteza. - ela sorriu, reverenciou e se afastou

Beatrice, que estava sentada mais a frente no corredor, aproveitou a interrupção ao meu momento de ficar quieta e aproximou-se.

- Majestade, o que houve?

- Eu vou para Londres. - respondi

- Deu certo então?

- Sim, mas... isso está custando a credibilidade do rei.

- É normal. - James, que estava prostrado ao lado de fora da porta, pronunciou-se - Eu ouço esse tipo de reunião a anos. Qualquer opinião divergente causa esse alvoroço. Não se preocupe, seu pai sabe o que está fazendo. - tentou me reconfortar

- Ele concordou em você falar com a rainha? - perguntou Bea

- Sim.

- Você vai falar com a rainha? - James ficou surpreso

- Sim. E Henry também vai.

- O príncipe? - foi minha amiga que se surpreendeu agora

- Acho que vocês não irão mais à guerra. - sorri para James

Os dois se entreolharam aliviados e eu decidi deixá-los a sós.

Fui para o quarto de Charlotte que estava brincando com uma amiga. Fiquei um pouco com elas, às vezes brincando junto, outras apenas observando.

Pouco antes do almoço, voltei ao meu aposento para trocar-me e encontrei Beatrice separando-me um vestido.

- Princesa, gostaria de agradecer-lhe o que fez por mim e pelo James.

- Não precisa agradecer. - abracei-a

- Mas agora você vai para Londres.

- Vou conhecer a capital. - sorri tentando amenizar a situação

A verdade é que eu nunca sai das dependências dos quatro reinos. O mais longe que fui, foi à fronteira final de Finne onde há uma cachoeira.

Esta viagem estava me causando certos calafrios, ainda mais que não viajarei com ninguém da família por perto, mesmo que os guardas sejam de confiança. 

O Amor não vê FronteirasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora