Prólogo

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- Eu preciso fazer isso. Depende de mim.

- Não Anne. Você não pode.

- Eu preciso.

- Não, por favor. Não faça. O rei vai ficar furioso. - Beatrice, minha criada pessoal tenta me convencer

- Eu preciso, Bea. Você não vê que eles estão matando uns aos outros? É o fim! - respondo jogando-me na cama dramaticamente

Não que eu seja uma pessoa de fazer drama, mas estou realmente preocupada com o povo do meu reino e não quero que ninguém me impeça.

Minha "cena" faz com que Beatrice afaste-se da porta, onde ela estava bloqueando e se aproxime da cama.

- Meu povo precisa de mim e eu farei o que for preciso. Está decidido! - anuncio e rapidamente levanto e dirijo-me à porta

- Não, majestade! - ouço a gritar atrás de mim, mas ignoro

Continuo meu caminho determinante ouvindo o som dos meus saltos no assoalho e dos sapatos de Bea logo atrás de mim.

- Princesa! Princesa! - ela me chama uma última vez antes que eu alcance meu destino

Analiso a grande porta do sala de reuniões do meu pai, respiro fundo e abro-a bruscamente.

- Parem já com isso! - grito

Fico assustada com minha própria atitude quando deparo-me com os olhos do meu pai, rei William, do seu general, do coronel e alguns guardas importantes olhando diretamente para mim, surpresos.

- Annalise! - ouço o rei me repreender - O que faz aqui?

- Vim impedi-los de continuar com essa atrocidade. - recomponho-me em minha postura ao som das risadas de todos da sala, exceto de meu pai

- Está ficando louca, princesa? - ouço alguém perguntar

- Loucos são os senhores que insistem em continuar com isso enquanto o nosso povo morre pela guerra, por fome ou por sede.

Acho melhor parar por aqui e me explicar antes que vocês fiquem mais confuso.

Primeiro, eu me chamo Annalise. Annalise Liberato Fischer, princesa de Avilan, um pequeno reino da Inglaterra. Na verdade, ele é pequeno comparado com toda a Inglaterra, mas eu o considero grande, com nossos 3.724 milhões de habitantes.

Mas para contar essa história direito à vocês, preciso voltar muitos anos. Quando Avilan era apenas uma porção de terra.

Há 140 anos, o território onde hoje é Avilan fazia parte do reino de Sedime que era governado pelo rei Edward e era maior que a capital inglesa.

O rei Edward sempre foi ranzinza e a única pessoa capaz de amolecer seu coração era sua esposa, Rosalinda. Ele a amava muito, mas não conseguiram ter filhos. Alguns especulavam que a mulher era estéril, mas o rei não se importava porque ele acreditava que o amor deles era imortal, sendo assim, não precisaria de um sucessor. Ledo engano. Rosalinda morreu após 16 anos de casada.

Sedime viveu anos difíceis após a morte da rainha, pois o rei ficou ainda mais cruel e sedento por poder. Até que um dia ele resolver dividir o reino em 4 territórios para ter mais controle sobre eles, afinal isso já havia funcionado em outros reinos por toda a Europa.

Assim, Sedime foi dividida em 4 territórios: Avilan, Elbonia, Sedin e Finne. O rei nomeou homens de confiança para governar cada um em seu nome e eles obedeceriam somente a ele. Assim, quando o rei dava uma ordem, os governantes tinham mais facilidade de aplicar a nova lei e garantir seu cumprimento por ter um povo menor em sua alçada.

Alguns anos depois, o rei morreu. Os governantes e muitos homens importante e leais ao antigo rei reuniram-se por quase dois meses para decidir o rumo dos reinos de Sedime, já que não havia herdeiro ao trono.

Até que alguém (que não me lembro o nome) teve a brilhante (ou infeliz) ideia de nomear os governadores em reis de cada território e torná-los independentes entre si. Assim, Sedime deixou de existir e as cidades viraram reinos.

Isso aconteceu há 120 anos e corria na mais perfeita ordem. Cada reino produzia e comercializava um tipo de produto diferente, ervas, tecidos, frutas, gado e muitos outros. Jovens estudavam em reinos diferentes. Casais passavam a lua de mel no reino vizinho. E bailes eram realizados reunindo todos os reinos.

Até 6 anos atrás, quando um arqueólogo inglês encontrou o testamento do rei Edward. Isso mesmo, depois de 120 anos, surgiu um testamento e esse pedaço de papel mudou tudo.

Ao que parece o rei, em seu leito de morte, pediu que o reino de Sedime fosse dado eu seu único e leal amigo, seu governante favorito, o governante de...

Sei que devem estar torcendo para que eu diga "governante de Avilan", mas não. Não era ao meu tataravô que ele se referia. O rei simplesmente não terminou de escrever. Triste não?

Mas a desgraça já estava lançada. Os reis começaram a discutir para saber quem era o favorito e que, consequentemente, deveria ser o único rei. Em meio a uma dessas discussões nada amigáveis e ameaças de morte, alguém saiu muito enfurecido e amanhecemos em guerra.

Ninguém sabe ao certo quem começou a guerra, só sei que eu, que tinha 15 anos na época, desejei que o arqueólogo nunca tivesse vindo passar as férias em Finne e revirado a história de Sedime.

Como eu vivi 15 anos da minha vida sem essas brigas infundadas, sei que esses reinos são muito mais do que meros homens de armadura e espada matando uns aos outros.

Mas as mortes em combate não são nada perto da crise que tivemos. Muitos pais de família, agricultores e trabalhadores tiveram que deixar sua rotina e se juntar à guarda. A colheita foi deixada de lado e em dois anos começou a faltar produtos de todos os tipos e em todos os lugares.

Os meninos foram tirados de suas escolas mais cedo para lutar. E as meninas precisavam ajudar suas mães na casa.

Avilan estava um caos e eu nem preciso falar dos outros reinos. Ninguém queria fazer nada a respeito, apenas brigar e brigar por mais poder.

Mas eu sabia o que tinha que ser feito. E mais do que isso, sabia que só eu penso nessa solução e poderia fazê-los parar.

Era exatamente isso que estava determinada a fazer naquela manhã, quando me levantei da cama e invadi aquela reunião.

O Amor não vê FronteirasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora