Capítulo 12▶

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| Sebastian Vettel |

Eu estava atrasado para me encontrar com minha noiva, ela já havia me ligado umas duzentas vezes e eu estava com muita raiva por ter saído do Club antes do maior desfecho de todos. Aposto que até a minha avó em Atlanta sabia que eu estava atrasado de novo para o jantar importante na casa de Liza. Bem que eu devia ter ouvido o Patrick, devia ter dado uma desculpa e cancelado o jantar. Mas é isso, além do trânsito ser cheio vinte e quatro horas por dia. 

Toda hora que o visor do meu telefone acendia indicando uma nova mensagem eu pensava nas palavras de Trevor. Até cego veria o quão idiota estávamos sendo, porém eu não conseguia larga dela. Quer dizer, eu não podia, e não me julgue ser um babaca — eu já sei que eu sou — mas terminar com Liza seria o mesmo que iniciar a terceira guerra mundial. A empresa da minha família dependia da empresa do pai dela pra não falir, e essa união só aconteceria através do nosso casamento. A todo tempo nossa relação gira em torno de negócios, os dois impérios: Vettel e Johansson. Se nós se casássemos tudo estaria bem, o senhor Daniel salvaria sua empresa e eu salvaria a da minha família, juntos seríamos mais fortes, seríamos as duas maiores emprestados de Nova York.  Mas olha lá o lado ruim; eu acabaria com a vida de Liz, enganaríamos nós dois e viveríamos num pé de guerra.

Ok me julguem. Eu sou o maior desgraçado desse mundo.

— Amor, onde você está em? – a voz de Liza ecoa pelos altos falantes do meu Mustang Mach-E. —A minha família está pensando que você está fugindo deles. Você está com outra mulher? Por que se tiver eu juro que mato vocês dois. Sebastian!

Lá vamos nos encarar mais uma das paranóias de Liza Johansson. Ela sempre, sempre, sempre tinha que jogar pra mim que eu estava olhando a atendente do Grover Coffee, a minha secretária estava dando encima de mim e eu estava gostando, ou que eu encontrava outra mulher depois do trabalho. Dizer pra ela que o trânsito estava congestionado era a mesma coisa de não dizer nada, ela simplesmente tirava suas próprias conclusões e jogava em cima de mim. Bem no finalzinho ela grunhia meu nome na intenção de mostrar o quanto ela estava irada comigo.

Eu só bufei, passei as mãos pelos cabelos e ao voltar os olhos à pista eu levei um susto. Uma garota completamente descabelada estendeu a mão pedindo pra que eu parasse.

— O quê você está fazendo aqui sozinha? – perguntei ao abaixar o vidro, sua feição era de total desespero e agonia.

— O meu pai, ele… ele sofreu um acidente e a ambulância não chegou ainda. Eles disseram que iria demorar porque tinham muitas emergências e eu não sei o que fazer – ela disparou acenando com as mãos ao vento. Suas mãos e a jaqueta jeans dela tinham marcas de sangue, meus olhos se arregalaram.

— Ok, tudo bem. Onde ele está? – perguntei tentando olhar em volta em busca da vítima, ela abriu a porta do caro e entrou.

— Ele está nas pistas de racha, era pra ser uma noite divertida – ela suspirou e massageou os olhos. — Os desgraçados fugiram todos e eu fiquei sozinha com ele. Eu não sei que tipo de ser humanos aqueles cretinos são. Eu só quero acabar com cada um deles.

Ela dizia com tanta fúria que me fez questionar que tipo de garota eu estava carregando em meu carro. Eu não sabia seu nome e ela nem se quer havia olhado pra minha cara. Ela tinha o perfil encrenca independente que eu aconselharia qualquer homem comprometido se manter distante, enquanto eu estava ali, preso no meu carro com uma estranha que tinha o perfume terrivelmente bom.

— Ele está ali – ela apontou o corpo vestido de preto jogado no canto do asfalto. Droga, eu conhecia aquele homem, há minutos atrás eu estava torcendo por ele com um copo de vodca entre os dedos.

Antes Que Não Haja Amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora