Capítulo 26 - A profecia.

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Ambos estavam na cama, aninhados entre si. Tentando buscar um conforto ilusório dentre todo o caos que estava prestes a estourar por causa deles. Como se, naquela situação crítica, fosse a coisa mais apropriada do mundo estarem nos braços um do outro.

"Você se lembra..." a voz de Rey era quase um sussurro "Aquela vez na Starkiller, quando você disse para eu não ter medo?" Kylo confirmou, com um leve movimento da cabeça. Rey continuou, "Pois hoje eu estou com medo. Tanto medo..."

Ele a olhou diretamente nos olhos e soube que precisava dizer algo. Não porque ele quisesse a tranquilizar – embora este também fosse um motivo – mas porque ela precisava ouvir o quanto era importante para ele.

Para Kylo algumas coisas eram difíceis de aceitar. Especialmente para um homem com seu estilo de vida atribulado e violento. Por isso ele pensou muito se devia ou não falar o que estava prestes a dizer.

Uma parte dele queria assumir isso, enquanto outra parte se rebelava contra este pensamento. Sentimentos são uma fraqueza – uma das piores fraquezas – aquela que arruinou seu avô.

Mas ele estava cansado. Cansado de lutar contra tudo. Contra seus medos, contra seus sentimentos. Aquela noite ele estava pronto para ceder. Ele ia baixar sua guarda.

O Cavaleiro afagou o rosto de Rey com ternura. Sua expressão era vulnerável e sincera, como se soubesse exatamente o quanto aquele momento era precioso.

"Rey... Acho que tudo isso pode acabar muito mal, mas antes eu... eu preciso que me escute..."

Começou meio ansioso, meio inseguro. Sem ao menos pensar nas palavras. Apenas as jogando no ar.

"Você me ensinou que a Força não se limita somente ao poder, mas à coragem e à compaixão" ele continuou – talvez um pouco mais emocional do que pretendia – "Você é a pessoa mais destemida que já conheci. Você para mim, é a Luz, o Sol, todas as estrelas... e a vida."

Kylo puxou o ar dos pulmões, buscando o resto da coragem. Não tinha como voltar no que tinha acabado de dizer, mas foda-se. Aquela poderia ser a última chance dele. Ele tinha que dizer aquilo:

"Eu... eu amo você, Rey."

Rey ficou abalada com aquela inesperada demonstração de sentimento. Nada como ter o próprio Senhor da Guerra desarmando-se na sua frente, para deixá-la sem saber o que dizer.

"Mas... eu achei que afeto fosse proibido para um Cavaleiro de Ren..."

Kylo baixou os olhos, sem jeito. "As mesmas regras valem para você, Garota Jedi."

Ela reagiu graciosamente em provocação. "Que exibido! E quem disse que eu também sinto o mesmo?"

Kylo esboçou um sorriso, muito parecido com o daquele homem na qual ele chamava de pai. "Eu sei. Eu vi na sua mente", mas ele estava determinado em prosseguir na sua confissão.

"Nós, Cavaleiros de Ren, fazemos votos de privação e obediência, mas renunciei tudo por você. Da mesma forma que meu avô fez por Padmé" sua voz oscilou ligeiramente quando ele mencionou seu avô.

"Ele foi forçado a escolher entre os malditos princípios Jedi e sua paixão pela minha vó. Ele abdicou de tudo por ela. Ele escolheu o caminho Sith para protegê-la, para salvá-la."

Rey permanecia confusa "Eu pensei que os Sith também fossem proibidos de amar."

"Os Sith são livres para sentir, pois seus poderes fluem de suas emoções. Na verdade, quanto mais intensa estas emoções, mais poder eles têm."

Ela estava escutando atentamente, então ele prosseguiu.

"Os antigos mestres Jedis não queriam que seus Padawans conhecessem o amor, pois temiam que o amor pudesse corrompê-los e torná-los egoístas. E os Jedi não podem querer nada para si, seu dever é com o coletivo. Só é permitido nutrir um sentimento universal por todos."

A Terceira ForçaWhere stories live. Discover now