Acordei sobressaltada, os gritos no andar inferior podiam ser ouvidos mesmo com a porta do quarto estando fechada. Tateei a cama à procura de Thomas, não o encontrando. Passei os olhos pelo quarto, prendendo o olhar em uma bandeja com o café da manhã sobre sua bancada.
Não tive tempo de me alegrar com o seu gesto.
Estremeci ao reconhecer as vozes alteradas, papai parecia ter o poder de falar, ou melhor, vociferar decibéis acima de todos que deveriam estar lá embaixo.
Me desesperei.
Levei o cobertor até o rosto, cobrindo todo meu corpo, do mesmo jeito que uma criança faria ao tentar se proteger do seu medo de escuro. Um nó em minha garganta se misturava ao meu cotidiano enjôo matinal, inspirei fundo, colocando em prática uma aula de yoga que tinha assistido há algum tempo.
Nada resolveu, minha respiração entrecortada me fez respirar como uma mulher prestes a parir. Cogitei a hipótese de descer até lá, mas abortei a missão ao trazer todos meus medos à tona. Eu não tinha a mínima coragem de encarar meus pais, agora tudo havia piorado, os pais de Thomas também estavam envolvidos.
A situação me lembrava uma avalanche. Tudo começava em um parte elevada, onde a neve se desprendia – me sentia a neve – num instante seguinte ela se precipita, levando tudo o que encontra pela frente.
O dia anterior veio como um turbilhão.
— Você não tinha o direito de fazer isso Thomas — foi tudo que consegui dizer.
Um silêncio sufocante tomou conta do carro. Thomas desviou seu olhar do meu. Talvez estivesse sem coragem de encarar minha feição desacreditada no que ele fizera naquela tarde.
Considerei gritar o quanto eu odiei sua atitude e o quanto suas palavras haviam tornado tudo mais complicado do que eu esperava ou imaginava, mas tudo que fiz foi deixar meu choro se intensificar.
— Eu sei que eu não tinha esse direito Sam — sussurrou receoso, repetindo minhas últimas palavras.
Observei suas mãos inquietas em seu colo, ao subir o olhar examinei seu lábio ser mordido em sinal de nervosismo.
Fechei os olhos, imaginei toda a situação caótica que estava ligada a minha vida. Não tinha mais partes para agregar naquela bagunça, até tinha, havia me esquecido por um segundo aquele que junto a mim fez tudo acontecer, Liam.
— Pode gritar comigo, pode me bater — implorou com a voz afobada, tirando-me dos devaneios.
— Não tenho forças — murmurei em um tom quase inaudível, jogando a cabeça contra o encosto do banco.
Eu realmente me sentia fraca, não apenas fisicamente. Tudo parecia me consumir a cada dia.
— Eu estou me odiando, eu estou te odiando — confessei, o encarando.
ESTÁ A LER
De trás pra frente
Teen FictionBastou a falta de inibição que o álcool causava ao correr livremente pelas veias, e em um piscar de olhos ela acordara na cama com o namorado da melhor amiga. Samantha Elliott nunca se imaginou um dia fazendo parte das estatísticas. Já era tarde qua...