• Sexto capítulo

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As gotículas de suor que brotavam em meu rosto não me traziam a sensação desejada

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As gotículas de suor que brotavam em meu rosto não me traziam a sensação desejada. Minha mente em constante agitação não me permitia parar, mesmo sentindo minhas pernas protestarem.

Desviei meu olhar que há tempos se prendiam ao movimento dos meus pés e apertei os olhos, tentando focalizar o time de football, que treinava incansavelmente no campo ao lado. Demonstravam estar cansados, porém não parariam de treinar tão cedo naquela tarde. Assim como eles, me designei a continuar correndo na mesma intensidade, ignorando todos os sinais negativos que meu corpo emanava.

Meu corpo se enrijeceu assim que meus pés tocaram o vidro gelado da balança. Permaneci com os olhos fechados, o estômago revirava apenas em pensar na hipótese de que os números aumentaram nas poucas semanas que se passaram.

Ao abri-los observei atentamente a rápida alternância dos números, até os mesmos cessaram. Meus lábios se entreabriram em um inaudível xingamento junto a um sentimento que até o momento não havia feito parte de mim: raiva, raiva do que habitava meu ventre.

As palavras da minha mãe ecoavam na minha mente como um disco arranhado.

— Se continuar comendo desse jeito você irá engordar Samantha — Leah exclamou exagerada ao entrar na cozinha.

No mesmo instante travei minha mandíbula, parando de mastigar.

— Você não quer ficar gorda, não é? — indagou irônica, tomando o pedaço de chocolate da minha mão —, se continuar assim não caberá mais em nenhuma roupa, muitos menos no uniforme da competição — completou debochada enquanto procurava algo no armário.

Suas palavras soaram como um choque de realidade, meu estômago revirou em resposta. Senti a garganta queimar, um líquido com gosto ácido tomou conta da minha boca ao me lembrar do que ela me dissera há pouco.

Abaixei na frente do vaso sanitário, colocando tudo o que havia comido naquele dia para fora. Meus olhos mesmo fechados lagrimejaram em protesto. Permaneci algum tempo na mesma posição, esperando por algo a mais.

Passei agressivamente o dorso da mão pela boca, tentando limpar qualquer vestígio que poderia ter ali. Ergui a cabeça, no mesmo instante a senti pesar, levantei devagar, tentando não deixar minhas pernas vacilarem pela fraqueza que sentia no momento.

Caminhei em passos lentos até o espelho,  observei atentamente meu reflexo, o tom vermelho predominava, a não ser pelos meus lábios pálidos. Minhas bochechas coradas denunciavam a força que acabara de fazer e também minha raiva, as sentia queimar. A imagem projetada na minha frente não me agradava, uma leve protuberância se destaca em volta do meu umbigo.

— Não — gritei descontrolada, levando as mãos até meu rosto, onde as lágrimas escorriam livremente.

Continuei a correr, ignorando os protestos do meu corpo. No segundo seguinte minhas pernas falharam, meus olhos passaram a enxergar nada além de vultos no meio da escuridão que se dissipava ao meu redor, ao se fecharam tudo virou um completo breu, apenas fui capaz de sentir meu corpo se chocar contra o duro chão da pista de cooper.

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