Capítulo 3

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"Para" – Yara gritava entre soluços.

"Saí da minha frente filho da puta, vou matar você" – Disse para o Sr. Granit que barrava a minha entrada.

Enquanto Yara chorava, ouvi o som de bofetadas e vasos quebrando.

"Sua burra, quanto mais gritas, mas tenho prazer"

Acordei num salto, a máscara do pesadelo ainda estava no meu rosto. "Quando essa merda vai terminar? Quando posso fechar os olhos e não ver nada? Simplesmente paz!"

Não gosto do que sinto, não gosto dos sentimentos que passeiam no meu subconsciente. Olhos abertos mas tudo parece igual, tudo parece como era antes mas ainda assim me sinto diferente. Falta alguém, falta a minha irmã, ninguém é forte o suficiente, infelizmente há sempre uma fraqueza. Infelizmente essa mesma fraqueza tem sido a minha companhia. Sinto um vazio, sinto que uma parte de meu coração está oco, e infelizmente sei que ninguém um dia vai preencher... É como se, tudo penoso em mim ruge para saberem da sua existência, mas eu sou o Paulo, convivo com essa escuridão há anos, "assim como tudo de bom passa, o ruim também passa. Ele só alimenta-se do nosso medo e por isso permanece em nós por mais tempo"

A Escuridão tomava conta do meu quarto, tão escuro como se já não bastasse os meus pensamentos.

A última conversa com a minha irmã:

Estou cansado, há anos que tento ser forte, tu sabes disso, faço isso por ti, Yara. – Disse olhando fixamente a minha irmã.

Sempre que olho para ela, não me arrependo do que fiz, mas são demónios que tenho de carregar a vida toda.

Ela aproximou-se lentamente e me abraçou, podia sentir a sua respiração no meu corpo, as suas lágrimas atravessando a minha camisa até encontrar a minha pele.

É por isso que detesto tocar nesse assunto, ela sente-se culpada pelo que eu fiz, mas eu não a culpo, nem tão perto sinto raiva dela.

Seu rosto estava horrível!

Ouvi as suas palavras no dentro dos meus pensamentos: "Pare meu irmão, tu és forte"

"Prefiro suportar isso para o resto dos meus dias, te perder não" respondi os meus pensamentos e uma lágrima escorreu no meu rosto.

... Olhei o relógio branco que ficava em cima do meu criado mudo, já era uma da tarde. Minha ressaca pedia alguma coisa . Definitivamente estava faminto. Minha cabeça estava pesada e eu ainda me sentia zonzo devido ao número  de copos Vodka.

Enquanto terminava uma espécie de pequeno-almoço das treze, alguém bateu na porta. Deixei o copo de sumo natural no balcão e fui lá...

- Mãe! – Disse e beijei o seu rosto. – Não devias estar num avião?

Foi complicado convencê-la de que precisava ficar sozinho naquele momento, mas ela ficou de ir ter com o meu pai e relaxar um pouco.

- O voo foi cancelado. – Disse e passou por mim.

Ela só pode estar a mentir pra mim. Olhei para suas mãos, ela segurava sacos de compras e não uma mala. Oh Diabos! Ela nem chegou ao aeroporto. – Mentes muito mal, - ela sorri pra mim como se estivesse a elogia-la. Jesus, o que se passa na cabeça de uma mãe? Quando vai notar que já não precisamos de proteção?

Dois estranhos que terminam em 69Onde as histórias ganham vida. Descobre agora