Capítulo 4- Sei quem é você!

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Estava em um sonho muito bom. No sonho eu estava em casa, na casa da minha família. Era natal, todos da minha família estavam lá, até Justin. Ele estava tão diferente, sua feição estava limpa, ele parecia feliz e em seu lábio, em vez de seu sorriso sempre sarcástico, estava um sorriso sincero e feliz. Nem parecia o mesmo Justin que eu vi esses dias, parecia uma outra pessoa.
Meu pai também estava muito diferente. Não estava brigando com ninguém, estava apenas conversando, como uma pessoa normal.
Minha mãe não estava muito diferente, parecia triste, mas sorria mesmo assim.
De repente tudo ficou escuro, depois ficou claro de novo, e uma cena de horror estava aos meus olhos. Meus pais e Justin estavam caídos, com a garganta cortada, e tinha sangue por todo lado.
Em um momento era como se eu fosse a pessoa do sonho, mas depois eu estava vendo de fora, mas ainda sim a menina que estava em pé vendo seus pais e irmão caídos, era eu. Os traços eram todos meus, menos o sorriso psicopata que estava estampado nos lábios dela.
Ela passou a mão na faca suja de sangue, e a levou até a boca, saboreando o sangue, como se precisasse daquilo pra sobreviver.
Acordei suando, olhei no relógio e eram 3:30h. Levantei e fui até à cozinha tomar água.
Sentei por alguns segundos no banco da cozinha ainda com o coração acelerado.
Voltei pra cama assim que a água que botei no copo acabou.
Deitei e só fui dormir 6:40h, mas foi como nada, porque mal preguei o olho e meu despertador tocou, parece que nem dormi.
Levantei e tomei um banho frio para acordar.
Vesti uma calça jeans qualquer e uma camiseta. Desci e fui até à cozinha tomar café.
Botei leite numa tigela e botei cereal, comi e depois arrumei minha mochila.
Ontem saí cedo do trabalho, mas mesmo assim estou cansada. Parece que passou um trator na minha cabeça.
Saí andando. Não queria conversar com Doug hoje, não quero ter que explicar meu sonho ou coisa do tipo.
Preciso comprar logo o meu carro, o dinheiro já ta quase dando. Sim, estou juntando dinheiro pra comprar um carro. Meus pais já ofereceram comprar pra mim, mas nunca aceitei. Eles já pagam minha faculdade e o apartamento, não quero mais nada deles.
Cheguei e a aula já havia começado, depois das aulas seguidas, veio o intervalo, não consegui fugir por muito tempo de Doug, logo ele me achou e soube que eu estava estranha, então conversamos até bater o sinal e irmos para outra aula.
- Vamos sair hoje? - Doug perguntou quando estacionou o carro na frente da minha casa.
- Não estou com ânimo. - Disse seca.
- Por isso mesmo! - Disse como se fosse óbvio.
- Não quero sair, Doug.
- Vamos, vai ser bom pra você. - Disse com seu olhar de cachorro sem dono, odeio quando ele usa essa técnica.
- Odeio quando você insiste as coisas. - Rivirei os olhos.
- Vamos???
- Tá! - Disse sem saco.
-  Te pego às 19:00h. - Disse com um sorriso convencido.
- Ok! - Desci do carro já procurando a chave de casa, assim que achei, abri a porta e entrei.
Fui direto tomar um banho, me arrumei toda e fiquei esperando o Doug.
Deu 20:00h, 20:30, 21:00h... E nada dele chegar. Já havia mandado várias mensagens e já tinha ligado umas 20 vezes.
Troquei de roupa e fiquei assistindo tv, esperando pelo menos uma ligação dele.
Escutei o barulho da campainha e já corri pra atender.
- Aonde você se meteu? - Perguntei assim que olhei pra Doug.
- Eu tava... Fazendo umas coisas pra minha mãe.
- Podia ter me avisado. Te liguei várias vezes, por que não me retornou?
- Porque eu estava comprando isso. - ele mostrou uma caixa média, preta e meio quadrada. - Ia te entregar no restaurante, mas já vi que já está de pijama.
Eu abri e era um cordão com nossas iniciais, e tinha um papel escrito "não fique mal, estarei sempre com você".
- Achei que ia fazer você se sentir melhor. - Ele disse sorrindo.
- E funcionou. - Sorri e o beijei, seguindo de um abraço.
- Se não quiser mais sair tudo bem, trouxe chocolate e sorvete, podemos ficar por aqui e ver um filme.
- Prefiro muito mais. - Disse e dei passagem pra ele entrar.
Fizemos pipoca e ficamos vendo filme.
É por isso que sempre gostei do Doug, ele tinha sempre um jeito de me fazer me sentir melhor. Ou comprava presentes, ou apenas dizia para vermos um filme e ficarmos juntos.
E eu esquecia tudo, ficava bem com ele. Sempre me transmitiu paz. E além do mais, além de namorado, ele é meu melhor amigo.
Ficamos vendo filme até tarde, fomos dormir de madrugada e acabou que no dia seguinte não fomos para aula, mas Doug já pediu pra cobrirem nós dois.
O dia passou que nem uma tartaruga, primeiro fomos pra cafeteria dos pais dele, depois almoçamos juntos e andamos um pouco pelo parque, depois ele me deixou em casa e a Sam me chamou pra sair, e lá fui eu.
Fomos para uma festa de uns amigos dela.
Fiquei meia destacada na festa, pois todos dançavam e bebiam até cair, enquanto eu só ficava no canto, tomando uma cerveja.
- Vou no banheiro. - Sam disse após voltar da pista de dança, ela mal ficava dois segundos comigo, já estava me arrependendo de ter vindo a esta festa.
- Ta bom. Vou sentar alí naquela mesa. - Disse apontando pra uma mesa que estava vazia não muito longe de mim.
Ela disse um "tá" que mal deu pra ser ouvido e foi andando pro banheiro.
Sentei na mesa e peguei meu celular, respondi uma mensagem que Doug me mandou e apaguei, o enfiando de volta na bolsa.
- Oi moça. - Um cara se aproximou da mesa. - Jennifer né? - Ele disse com a voz um pouco rouca, que por acaso não me era estranha.
- Sim. Me conhece da onde?
- Eu já fui no bar que você trabalha.
- Aah, você é o cara que ficou lá até 5:00h da manhã né?
- Sim... - Disse parecendo envergonhado. - Meu nome é Jack!
- Prazer Jack. E você já sabe meu nome. - Sorri. O que esse cara quer? Maluco.
- Será que eu posso ficar aqui e beber com você? Te achei muito bonita. - Meio direto, não?
- É... Eu tenho namorado.
- Só disse que te achei bonita, isso não significa nada. - Disse sorrindo, ele tinha um sorriso malicioso. - E só vou beber algo com você.
- Ok. - Concordei, mas com um pé atrás.
Ele levantou e voltou com uma garrafa de Whisky e dois copos.
- Acho meio demais, não? - Perguntei assim que ele sentou.
- Eu bebo bastante.
E depois de alguns copos, e várias conversas jogadas foras já tinha contado minha vida toda, quer dizer, por alto, porque jamais contarei meus segredos para um estranho.
- Mas e você? Me conta sobre você. - Falei dando uma golada na bebida que estava à minha frente.
- Não tenho nada demais, minha vida é bem sem graça.
- Mentira. - Falei rápido demais, logo sentindo vergonha da espontaneidade.
- Por que acha que é mentira? - Ele perguntou com um olhar curioso e bebeu um pouco da sua bebida.
- Porque você parece misterioso...
- Você também. A única diferença é que eu não falo nada, já você, fala tudo, mas não diz nada. Não ta me mostrando seu verdadeiro "eu"- E é verdade, ele parece conhecer bem as pessoas.
- Por que contaria minha vida para um estranho?
- Não sei. Têm muitas pessoas loucas que contam.
Pode parecer loucura, mas Jack é o tipo de cara que seduz qualquer mulher, pelo menos é o que parece. Ele tem um olhar e um sorriso, que te deixa louca. Mas ao mesmo tempo parece um cara bem errado.
- Não sou uma delas. - Respondi rápido.
- Não preciso que me conte, sei exatamente quem você é.

Por debaixo do VéuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora