30 - Epílogo

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12 anos depois – véspera de Natal

Ponto de vista de Bucky Barnes

Setenta anos. Setenta malditos anos servindo, matando, invadindo e usando meus punhos pra modelar o mundo conforme a Hidra queria. Perdi a conta de todas as vidas que destruí, e de todos os rostos cuja vida eu vi sumir. O dela certamente sempre doeria em um ponto muito fundo.

Ainda me lembro de ver o sangue escorrendo do rosto dela, naquele quarto de hospital. Lembro dos olhos dela refletindo o desespero. Eu a destruí e a reconstruí. Nunca me perdoaria por tudo que fiz a Katherine Stark.

Mas, se não fosse a Hidra me mantendo vivo por todas aquelas décadas; se não fosse a ordem de trazê-la para dentro da organização; se não fossem todas as atrocidades que cometemos juntos, eu nunca teria conhecido a pessoa que hoje era tudo pra mim. Se uma única coisa tivesse acontecido de forma diferente, eu poderia nunca ter chegado a conhece-la. No fim das contas, eu devia a mulher que amava à Hidra.

Não era preciso admitir isso em voz alta. Assim como nunca foi preciso dizer o que fazia me acordar assustado de madrugada. Ela sempre sabia o que era, e nunca comentava o assunto na manhã seguinte.

Agora, depois de doze anos, nunca imaginei que fosse estar tão feliz.

Uma música alta vinha do andar de baixo da casa, e eu resolvi descer. No meio da escada encontrei Olive, minha filha de 9 anos, lendo um livro grande e pesado enquanto andava. Ela ergueu o rosto do livro, afastando o cabelo escuro da cara e exibindo seus olhos de cores diferentes.

 Ela ergueu o rosto do livro, afastando o cabelo escuro da cara e exibindo seus olhos de cores diferentes

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-Ela está fazendo aquilo de novo – disse, sem parar de subir a escada em direção ao quarto.

Pegando a música alta e somando ao fato de Olive estar emburrada, "fazendo aquilo" queria dizer "cantando". E foi exatamente como encontrei Kat na cozinha, com uma espátula na mão. Ian, ou como Olive gostava de chamar, "o irmão 45 minutos mais novo", desenhava caretas de chantilly nas panquecas.

Olive era tão brilhante quanto irritante. Ian era mais calmo, e a única coisa irritante nele era o cabelo geneticamente projetado para sempre estar em pé. Ele tinha ambos os olhos castanhos, enquanto que um dos de Olive era azul.

-Olha quem resolveu levantar – diz Kat.

-Ouvi a música – indico o aparelho de som.

-Estamos fazendo panquecas – Ian balança a lata de chantilly e um saco de gotas de chocolate.

Sorri e mexi no cabelo dele. Kat ainda cantarolava e dançava, virando a panqueca na frigideira.

-Você irritou a Olive. De novo.

Kat sorriu e aumentou o volume do som. Nosso momento extrovertido só durou dois segundos, pois um grito vindo do andar de cima deixou todos nós em alerta.

-Mas qual é o chilique dessa vez? – Katherine pergunta desligando o fogo e colocando a panqueca em um prato desocupado.

Olive aparece descendo a escada, puxando o nosso dálmata pela coleira. Kat solta um suspiro derrotado e se vira balançando a cabeça.

Pequena Stark IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora