29 - De volta ao lar

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Estava perto de completar minhas 60 horas sem dormir, mas não resisti aos braços de Bucky ali, tão inclinados a função de travesseiro. Quando acordei todo o meu corpo doía, minha mão começava a adquirir uma inflamação, e Bucky babava no meu pescoço.

-Acabou o conto de fadas – me lamentei.

-O que foi? – resmunga com sono.

-Sou uma pessoa normal de novo. Com alergias, doenças e infecções. A vida acaba de se tornar chata.

-Não seja dramática, poderia ser pior.

-Tipo um cara bêbado de sono babando em mim?

Ele abre um olho e enxuga o canto da boca. Levanto da cama e cato minhas roupas do chão; Bucky faz o mesmo.

-Tenho algo pra você – diz se aproximando de mim ainda sem camisa.

-Será que dá pra cobrir tudo isso? – indico seu peito. Ele sorri e balança a cabeça.

-Gosto de deixar você sem jeito – ele enfia a mão no bolso da calça e puxa a corrente prateada que continha meu anel – Hora de te devolver.

-Por que está com você?

-Anthony me deu. Disse que você gostaria que estivesse comigo, e que te ajudaria a se lembrar. No calor do momento não achei que um anel fosse fazer diferença.

-Pra uma mulher, um anel faz muita diferença – abro um sorriso e fecho a mão dele com a corrente dentro – Ele deu pra você. Fique com ele.

Assentindo com um sorriso, ele coloca a corrente no pescoço e termina de se vestir.

-Estamos livres – comenta – O que fazemos agora? Não sei mais como viver sem medo.

-Eu tenho uma ideia – ele me incentiva – Frio europeu não é pra mim. Nova York tem muita confusão. A Califórnia é mais o meu estilo, então vou voltar pra Malibu.

-Malibu?

-É. Sabe, sol, praias, um bronzeado que nunca mais tive...

Bucky faz um bico discreto e anui. Aproximo-me alguns passos.

-E se bem me lembro, você disse que não se afastaria de mim de novo – encolho os ombros em um falso pedido de desculpas – Acho que você é obrigado a ir comigo.

-Ir com você? – ele pondera – O que significa?

-O que você quiser.

Bucky me abraçou com muita força. Por um minuto achei que fosse quebrar.

-Irei pra onde você for.

Retribuí o abraço. Com o passar dos segundos, o braço dele começava a parecer mais gelado, e até o próprio Bucky parecia estar ficando mais frio. Minha mão deu uma fisgada e ele me soltou.

-Você tá brilhando! – se exaltou.

-Eu sei – desenrolei a atadura suja de sangue da minha mão, e o ferimento havia desaparecido por completo – Graças a Deus! Não sei mais ser mortal.

Tudo estava voltando ao seu devido lugar.

-Wanda e Visão deixaram aquilo pra trás – comenta. Ao virar, encontro o livro vermelho esquecido sobre um assento.

-O que faremos com isso? – folheio-o com receio, as folhas eram tão velhas que poderiam se desfazer.

-Acabar com isso de verdade. Vá em frente.

-Você sofreu mais do que eu por causa disso. Devia ser você a destruí-lo – ele vem até mim, segurando o meu rosto.

-Se não fosse você, eu não teria saído de lá, muito menos tirado tudo isso da minha cabeça. Se não fosse você, Katherine Stark, eu não teria motivo pra continuar. Então, por favor – puxa uma lixeira de metal do canto até os meus pés – faça as honras.

Pequena Stark IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora