23 - Sãos e salvos

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Não fazia nem 36 horas que tínhamos voltado pro complexo e eu já tinha decidido que ir embora era o melhor. As coisas tinham se complicado, e eu não queria ficar naquele lugar tão cheio de lembranças. Já tinha muitas atormentando minha mente.

Além do mais, o médico louco – cujo nome descobri ser Zemo – havia sido preso, mas não estava em posse do livro vermelho. Aquela coisinha continuava a ser uma preocupação constante pra mim, e eu ia seguir os passos de Barnes pra me livra daquilo. Me esconder em algum buraco, com um novo nome e aparência, até que eu arrumasse um jeito de desfazer o que tinham me feito.

Todos os amigos que tinham ficado ao lado de Steve durante a luta no aeroporto haviam sido presos – à exceção de Natasha, que ninguém fazia a menor ideia de onde estava. Pelo jeito ela e Bruce tinham muito em comum. Tive notícias de Rhodes também. Ele não tinha morrido, mas tinha fraturado uma das vértebras na queda e estava com um certo grau de paralisia nas pernas. Eu entendia melhor que os outros o que ele estava passando.

Quanto aos ainda residentes no complexo, tinha evitado falar mais que o necessário. Queria me despedir antes de ir, não sabia quando os veria de novo, e sendo assim, fiz um pequeno tour pelas instalações. Tony foi a primeira parada. Ele encarava o escudo de vibranium do outro lado da sala, com um copo de uísque. A peça tinha arranhões fortes, onde o Pantera Negra o acertara com as unhas.

Assim que entro, ele me olha dos pés à cabeça, reparando em como eu me vestia. Botas e jaqueta. Ele soube que o que significava.

-Vai pra onde?

-Não sei onde eles estão.

-Não foi o que eu perguntei.

-Mas queria – ele suspira e muda o foco.

-Ross quer te ver.

-Manda ele se danar, não trabalho mais pra ele.

-Não? Seu nome ainda está no tratado.

-Eu não vou mais sujar as minhas mãos sob ordens dos outros.

-Isso não vai dar certo – comenta e toma um gole da bebida.

-O que ele vai fazer? Me obrigar? Ou preparar uma cela pra mim entre a Wanda e o Clint?

-Eles pediram por isso!

-Deixa de ser idiota! – falo alto demais e Tony me olha quase assustado – Ninguém pediu por nada disso. Os Vingadores foram formados sob um propósito, e ele se perdeu no minuto que você passou a tomar decisões sozinho! Você nos dividiu muito antes das coisas irem pelos ares – passo a mão no rosto, meu tique nervoso. Abro um sorriso sem graça – Por que eu ainda tô discutindo com você? Você não ouve ninguém.

-Tá querendo dizer que eu devia ter escutado Rogers e Barnes? Só porque você já dormiu com eles e acha que os conhece? – ele se exalta.

Encerro a distância entre mim e Tony, cerrando os punhos com tanta força que as palmas sangram. Aponto um dedo pra ele em alerta.

-Cuidado, Tony. Eu posso acabar esquecendo que você é meu pai.

-Estou mentindo? – rosna.

-Conheço o Barnes por que o entendo. Se tivesse lhe escutado por alguns minutos também entenderia.

-Não quero entender o homem que matou os meus pais.

-Se fossem os pais de qualquer outra pessoa você não ia dar a mínima.

-Mas eram os meus! Ele matou os meus pais, seus avós, e você ainda o defende.

-Defendo! Por que nenhum de nós é mais virtuoso. Quantas pessoas suas armas mataram? Dedicou sua genialidade a construí-las e só percebeu o que acontecia quando os fragmentos quase entraram no seu coração. Você matou pessoas. Juntos nós matamos Charles Spencer e outros milhares em Sokovia. Eu matei pessoas que eram pais e filhos de alguém, e esfaqueei o Jason muito antes de toda essa loucura.

Pequena Stark IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora