Lar das frescas

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Nada está tão ruim que não possa piorar.

Quem foi o criador dessa frase? Ele é um gênio. Teve uma premonição sobre a minha atual situação de vida. Ou morte. No caso deste último, a morte não será minha, mas sim da secretária energúmena parada na minha frente com as mãos sob o quadril. Só poderia estar possuída por um espírito sequelado que não soube explicar nada sobre termos que assinei.

—Eu peço que a senhorita se acalme.

—Me acalmar? NÃO. Você não me disse que eu estava assinando um termo e que caso não respondesse a questão que estava numa letra minúscula fariam um sorteio e eu pararia em uma fraternidade fresca.

A mulher esfregou uma mão na outra e começou a caminhar pela imensa sala. Seus movimentos já estavam me irritando.

—A culpa não é minha se a senhorita pulou a pergunta –disse audaciosa.

Argh.

—E a culpa também não é minha se vocês não são competentes para avaliar o tamanho das letras impressas nos papeis que oferecem aos alunos.

—Eu não posso fazer nada a respeito disto. Cumpro ordens e acho melhor você cumprir a sua que é morar na Zeta Beta Zeta.

Humpf. Eu odeio essa mulher. Qual era o nome dela mesmo? Aurelia? Aurora?

Que seja, pois a loira oxigenada já está na minha lista negra.

—Tem mais alguma reclamação que seja pertinente e possa ser resolvida? –questionou sentando-se na sua poltrona de couro.

Não tenho uma reclamação, mas uma solução que seria bem pertinente neste momento: quebrar a cara dela. Mas isto implicaria em perder a minha bolsa, então nada feito. Com ódio irradiando por todo o meu corpo sai da sala segurando uma mala e fechando a porta bruscamente.

O que eu faria agora? Zanzar pelos campos da faculdade não resolveria os meus problemas, mas eu precisava caminhar.

Desde que percebi que iria para a Zeta Beta Zeta imaginei que tudo não passasse de um grande mal entendido e que hoje pela manhã resolveria os meus problemas. Mas agora vejo que a única alternativa é ir para lá. Ou então me instalar no meio do campus com uma barraca.

Ok, a segunda opção não será levada em consideração.

Um cartaz informativo que havia ganhado indicava que a fraternidade Zeta Beta Zeta localizava-se no centro do campus.

Mal eu sabia do inferno que eu enfrentaria pela frente.

***

Rodeada por várias árvores em um lindo gramado verde todo aparado, sentei em um banco branco enquanto tentava pensar em alguma ideia prudente o suficiente que resolvesse minha situação.

Argh! Por que nem tudo o que acontece em minha vida era de minha vontade? É pedir demais Deus?

Bufei soltando todo o ar que tinha em meus pulmões pela boca e ao mesmo tempo em que pensava sobre a ideia de me suicidar parando de respirar, um garoto moreno vestindo um suéter identificado com o logo de Stanford parou na minha frente.

—Olá, você é aluna nova?

Humpf. Dei de ombros.

—E o que te faz pensar isto? –perguntei arrogante.

Sonho InversoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora