Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger

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— Não me pareceu muito preocupada.

Sasuke riu, sem humor, e ergueu os olhos para encontrar os do irmão.

— Melhor para mim, adoro quando me subestimam, é sempre mais fácil atingir alguém que acha que você é pequeno demais para o alcançar.

— O que vai fazer? — Itachi questionou, curioso com o tom frio e contido que Sasuke usava.

— Primeiro, temos que nos encontrar com Neji para decidir como colaboraremos; depois... é a corrida entre mim e Ten-Ten para ver se ela consegue armar uma defesa mais rápido do que eu monto um ataque.

* * *

Ten-Ten, apesar de ter em mente que a situação estava sob controle, não conseguiu dormir quando a noite caiu. Neji também estava nervoso, discutindo perto da janela do quarto ao celular com algum outro político sobre assuntos da prefeitura, aparentemente o projeto para revitalizar os pontos turísticos da cidade não estava saindo conforme o planejado. Ela respirou fundo e se levantou da cama quando o relógio acusou meia-noite. Ela não dormiria tão cedo, sabia disso.

Saiu do quarto sem que Neji percebesse, de tão entretido que estava. Caminhou pela casa silenciosa e, ao chegar na sala de estar, sentou-se no sofá. Ligou a televisão e buscou entre os canais algo que lhe entretivesse. Qualquer coisa! Precisava somente esvaziar a cabeça para que então pudesse enchê-la novamente com ideias novas.

Parou em um filme ao reconhecer as roupas típicas da década de trinta e sorriu ao ver que era mais um filme que tentava retratar um famoso criminoso. Gostava daquele tema. Era sempre interessante ver como toda uma organização se montava e mais interessante ainda assistir à sua queda. Aquele filme, em específico, falava sobre John Dillinger, um gângster cruel, assassino frio, procurado pelo FBI por assaltos a bancos, mas aclamado e adorado pelo povo. Ela já tinha assistido a aquele filme, mais de uma vez, contudo, não se importava nem um pouco em deitar no sofá para vê-lo novamente.

Como sempre, no final do filme, não conseguiu se impedir de sentir raiva... Era sempre assim em organizações criminosas, máfia, política: os grandes caíam por delações, traições, dos menores. Era diferente do que ela estava fazendo. Entregar Hiashi e Orochimaru não era uma delação por fazer o certo ou por estar intimidada, era em benefício próprio, para que subisse mais um degrau em vez de descer dois. E, apesar de dizerem que, quanto mais alta subida, mais alta a queda, Ten-Ten preferia pensar que quanto mais alta estivesse, mais difícil seria ser alcançada.

Ouviu o barulho de passos e virou a cabeça para ver Neji caminhando em sua direção. Ele parecia cansado, com o cabelo solto caindo até o meio das costas nuas, os pés descalços e a calça de moletom com a barra a arrastar pelo chão. Ele foi até o sofá, mas se sentou no chão sobre o tapete felpudo.

— Está tudo bem? — ela indagou, e ele assentiu ao se virar de lado para deitar a cabeça no estofado perto da mão dela. — Resolveu?

— Sim. — Ele bocejou. — "Inimigos públicos"? — ele indagou ao ver os créditos do filme passando pela tela.

— Peguei pela metade já. Mas acho que veio em boa hora.

Neji ergueu o rosto e o inclinou levemente para trás. Ten-Ten sorriu ao se aproximar e selar os lábios nos dele com calma.

— Por quê?

— O filme me lembrou de algumas coisas. John Dillinger tinha a filosofia de não chamar para golpes os desesperados nem os loucos.

— Eu lembro.

— O esquema em que Hiashi quer que você se envolva é exatamente isso, um esquema de desesperados. E sabe qual o problema disso? Os desesperados fazem de tudo para garantir acordos quando são pegos, além de serem os primeiros a meterem os pés pelas mãos. É um duplo perigo.

Jogo de MáscarasWhere stories live. Discover now