Obsessivo

Capítulo 13

Laura

Termino de guardar as minhas coisas no meu dormitório. Como ainda estamos no período de férias tudo está bem vazio. Deito da cama e só consigo pensar em como é ruim começar em uma nova escola, abraço meu travesseiro e me sinto nojo ao lembrar da cena da minha mãe beijando o Harry, choro e volto a me sentir horrível, usada e idiota. Eu me odeio mais do que nunca e tudo o que eu quero é que eles morram. Quando eu finalmente consigo parar de chorar, lavo o meu rosto e saio do meu dormitório, ando pelos corredores para me familiarizar com os espaços e não me sentir tão perdida, observo as pessoas conversando e rindo enquanto eu me sinto um pedaço de merda
-Oi! Aluna nova?- volto meu foco para uma garota na minha frente
-Oi! Sou sim, prazer Laura- estendo a mão
-Eu sou Lizza, prazer- nos cumprimentamos
-Precisa de alguma ajuda?- ela pergunta e eu imagino que deva ser perceptível que eu preciso de ajuda, em todos os sentidos -Se quiser eu posso te ajudar- ela parece ser genuinamente simpática
-Quero sim- Lizza, me apresenta toda a escola e explica todo o funcionamento daqui, a diretora irá apresentar a escola aos novos alunos, mas apenas um dia antes da aula quando todos estiverem aqui
-Você tem algum hobby?- ela pergunta
-Na verdade, não- sou sincera, meu hobby até hoje foi sobreviver
-Você gosta de festa ou de sair?- ela sorri animada
Normalmente eu diria que não, mas agora nada mais faz sentido para mim, eu passei por tanta coisa, agora eu não vou ser mais aquela Laura
-Eu amo festas- digo falsamente entusiasmada
-Praticamente todos os dias aqui os alunos que ficam nas férias fazem algumas confraternizações, é bem animado e é ótimo para conhecer pessoas- ela parece empolgada
-Hoje tem?- pergunto
-Tem sim, vamos?- e ela se empolga ainda mais
-Vamos!- eu não sei se é o momento, mas foda-se
-Tá bem, passo no seu quarto as dez horas- Lizza diz e me abraça brevemente
-Combinado- atravesso toda a escola de volta aos dormitórios, entro no meu quarto, me deito e me permito sofrer novamente, sinto as lágrimas escorrerem e abraço o travesseiro.

Acordo assustada com pessoas conversando em voz alta no corredor, levanto e vejo que falta apenas quarenta minutos para a Lizza passar aqui, tomo um banho, coloco uma roupa mais ousada e passo uma maquiagem mais forte, sombra preta e batom vermelho, me encaro por completo no espelho da porta do armário e eu não consigo me reconhecer, então eu estou perfeita
-Laura!- ouço a Lizza me chamar, abro a porta e a vejo toda produzida também
-Uau!- ela me admira -Que mulherão!-
-Obrigado!- sorrio genuinamente -Você está maravilhosa!- digo saindo do quarto
Caminhamos pelos corredores atraindo olhares
-Você vai amar, essas festas são cheias de pessoas interessantes, onde estão os garotos problemáticos super gostosos- dou risada
-Desses eu quero distância- saímos do campus no carro da Lizza e seguimos para o centro da cidade, que agora a noite parece muito diferente, cheio de luzes coloridas e pessoas jovens nas ruas
-Eu pensei que fosse uma cidade calma-
-Só até o sol se pôr- ela ri, Lizza estaciona o carro e seguimos a pé por algumas ruas estreitas até que começo a ouvir uma música alta e então vejo uma boate lotada
-É uma baita festa- digo sorrindo
-Sim!- ela pega na minha mão e me puxa para dentro, passamos pelo meio das pessoas e noto que é uma festa muito louca, vejo de tudo até paramos no bar, Lizza pega bebidas para nós duas
-O que achou?- ela pergunta perto do meu ouvido
-É exatamente o que eu preciso- ela começa a dançar e eu a observo
-Laura esse aqui é o Lorenzo- grita Lizza voltando até mim, olho para ele que é bem bonito e sorri simpático para mim
-Oi Lorenzo- ele me abraça e beija o meu rosto bem próximo a minha boca
-Prazer Laura, estava curioso para saber quem é a novata- ele diz também perto do meu ouvido -Você também é fruto de pais negligentes?- Lorenzo pergunta
-Pode se dizer que sim-
-É o que mais tem nessa escola filhos de pais que não querem ser pais-
-Meus pais só querem ser do meu irmão- digo e dou um gole na bebida
-Que merda, meus pais me mandaram pra cá assim que eu fiz sete anos e nunca vieram me visitar, então eu não visito eles também-
-Eu sinto muito- digo por entender um pouco o que ele passa
-Eu escolhi vir pra cá, se eu morasse com os meus pais já teria me matado- Lizza diz fazendo careta
-Um brinde aos filhos sem amor- Lorenzo ergue o copo e brindamos
-Que fossa- digo
-Então vamos beber mais- Lorenzo diz pedindo mais bebidas.