Ilha de Páscoa - Ariki Teriitehau

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- Está desgastado pelo tempo, mas os glifos parecem apontar para Rano Raraku, sim!

- Então, é para lá que nós vamos! - Ulani sorriu, orgulhosa pela descoberta.

Todos entraram novamente no ônibus, partindo em direção à entrada da cratera, a 1km dali. Ulani sentiu que algo de estranho estava acontecendo logo que chegaram no Centro Artesanal, na entrada para a cratera, sempre movimentada e agora completamente vazia. Estavam no caminho certo. Os policiais de elite tiraram as malas e caixas do ônibus, carregando-as até o topo do lugar.

Não demorou muito até que viram, entre os milhares de moais espalhados, as criaturas verdes e imóveis, por todos os lados. Quanto mais andavam, mais deles apareciam, como formigas. No topo da cratera, um grupo enorme deles estava reunido, todos encarando o centro da pedreira.

- É para lá que devemos ir, tenho certeza! - disse Ulani, seguindo o olhar das criaturas, que apontavam especificamente para uma das cabeças de pedra no centro. Esta também tinha um "chapéu" de pedra, parecido com o da plataforma em Tongariki.

- Impossível! - disse Ariki. - Nenhum dos moais em Rano Raraku possui pukaos! Além do mais esta está muito longe das demais; nunca vi uma das cabeças tão próximas à cratera!

- Com tudo o que tem acontecido no mundo nos últimos meses, não duvido de mais nada!

- Conte-me, policial! O que tem acontecido? Eu os trouxe até aqui, arriscando minha vida e meu emprego, eu mereço saber!

- Existe um grupo secreto que está tentando contar a verdade na mídia. Algumas redes sociais já estão espalhando boatos, os militares não tem mais como esconder... Estamos sofrendo ataques zumbis. - respondeu séria.

- Hahaha, não... Não é possível! - Ariki riu nervosamente, admitindo que a explicação era plausível. - Zumbis? Na Ilha de Páscoa? O lugar mais isolado do mundo? Como é possível?

- Ainda não sabemos, mas eles tem muitas maneiras de chegar em qualquer lugar do planeta. Milhares de pessoas já foram perdidas pelas transformações e não encontramos um jeito de pará-los. Aqui, na Ilha, acredito que este moai seja a explicação. Os glifos rongorongo são muito parecidos com os glifos egípcios. O Coronel, responsável mundial pelas operações militares, está no Egito, tentando descobrir uma forma de contê-los e também decifrar os glifos que, da noite para o dia, apareceram nas Pirâmides. Por favor, senhor Ariki, ajude-me a decifrar os glifos desse moai!

- Pela Ilha de Páscoa e seus moradores, faço tudo o que puder!

Aproximando-se da cabeça de pedra misteriosa, Ariki começou a tentar ler os glifos entalhados. A língua rongorongo nunca não foi totalmente traduzida, e há anos não os lia. Os policiais espalhavam pelo perímetro várias bombas, no caso de precisarem fugir. Eram bolas pretas, com várias pontas prateadas em volta, bem visíveis no grande campo verde e aberto.

Assim que Ariki conseguiu ler algo, a policial recomeçou a gravação na fita.

- Aqui formamos os primeiros. - o guia leu a primeira linha. - Na areia o grande Império. - leu a segunda linha. - Quando a Terra precisar... Aqui não sei o que diz. - leu a terceira. - Do centro voltaremos. - leu a quarta. - O plano... Aqui também não sei o que diz... Os humanos enviar. O restante não consigo ler, talvez tenha se transformado em glifos egípcios a partir daqui... - apontou para a rocha. - E a partir daqui acredito que são glifos incas e maias... Como isso veio parar aqui afinal?

- Também gostaria de saber, mas temos que enviar estas informações para o Egito o quanto antes! Preciso voltar para o Chile o mais rápido possível. - aproximando novamente a boca mais próximo ao gravador, continuou descrevendo os glifos que não eram nativos da ilha, para outros especialistas tentarem desvendá-los.

Assim que começaram a andar de volta ao ônibus, os zumbis finalmente perceberam a presença deles. Viraram vagarosamente a cabeça em sua direção, mas não saíram do lugar. Ulani ordenou que andassem, normalmente, até que os zumbis começaram a se mover, então disse para correrem.

Desviando das bombas espalhadas pelo chão, viam uma multidão de zumbis correndo atrás deles. Muitos eram despedaçados pelas bombas, mas os demais continuavam correndo, sem dar importância às explosões.

Eles chegaram ao ônibus. Ariki deu a partida, mas já era tarde demais. Uma enxurrada de corpos verdes e decadentes batiam no veículo e levantaram suas rodas, até que o ônibus tombou. Ulani e outros 4 policiais pareciam estar em transe, gritando "Me ajude" de maneira mecânica, igual os turistas que ele havia visto mais cedo.

As janelas foram quebradas. O quinto policial, o único que não pedia ajuda, foi morto por um dos grandes cacos de vidro e um pedaço de metal, que atravessou sua cabeça e tórax.

- Make-make, me ajude! - Ariki rezava para que deus o protegesse, sem saber o que fazer, enquanto via Ulani e os demais serem transformados. As peles derretendo, tornando-se verdes, os cabelos caindo e a gosma de músculos e sangue pingando por todos os lados.

O guia quase não acreditou quando, ao abrir os olhos, todos os zumbis haviam desaparecido e voltado para Rano Raraku.

- Muito obrigado, Make-make, por ter poupado minha vida! Serei eternamente agradecido! - dizia sem parar, enquanto andava de volta à cidade, com uma história bem mais assustadora do que a que havia presenciado pela manhã.

****

Dias depois, o Coronel no Egito, recebeu a fita de Ulani em um envelope amarelo com um grande carimbo vermelho escrito "confidencial" na frente. Dentro, uma fita etiquetada "Ilha de Páscoa - Ariki Teriitehau".

- Como é possível? - disse a Major. - A policial Ulani Kauula, uma das criaturas? Nunca imaginaria!

- Nem eu, Major. - respondeu o Coronel. - E acredito que nem ela! Tenho o pressentimento de que nenhuma das vítimas sabia que seria transformada em zumbi.

- Mas e o "Me ajude" mecânico? E elas ficarem paradas, esperando serem atacadas?

- Os glifos egípcios falam sobre isso... Que os "escolhidos" seriam despertados no momento certo e se transformariam, bem... nisso... - respondeu ele, apontando para uma das fotos dos zumbis, em formato Polaroid, em cima de sua mesa.

- Nada faz sentido! Vamos mandar outros especialistas em rongorongo para a Ilha de Páscoa. Todas as peças desse quebra-cabeça frustrante tem que ser resolvido logo, ou a humanidade estará perdida!

- Concordo. Envie um grupo direto para a cratera. Vamos esperar que eles traduzam mais alguma informação para juntarmos com os glifos egípcios, maias e incas. Não podemos fazer mais nada além de esperar.

Apocalipse: A morte da TerraWhere stories live. Discover now