30. Respostas

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A raiva era maior que o cansaço, a ira era mais forte que a fadiga. Eu não tinha tanto fôlego para matar centenas de lobisomens, um atrás do outro, mas eu estava fazendo, estava excedendo os meus poderes, estava à beira de uma combustão espontânea, sentia meu peito em brasas, minha cabeça latejava de dor, mas eu não podia parar, eu não queria parar. Eu tinha que achar o Alfa, eu tinha que matá-lo.

Voltei a minha forma humana e comecei a atirar com as pistolas, atirando balas de prata nos lobisomens, fazendo-os cair e morrerem aos meus pés. Abri caminho até a praça, eu corria em direção ao campo de diamante, onde todos os lobisomens estavam indo.

Ao chegar no campo, minhas balas haviam acabado, eu joguei uma pistola fora e coloquei o último pente em outra, puxei também a besta, já com um virote preparado para o tiro, mas não parecia mais necessário, não naquela hora, os lobisomens estavam quietos, eles nem sequer se moviam, aquilo parecia errado para mim, parecia que algo muito estranho estava por vir, algo realmente ruim.

Melina parou ao meu lado, com o arco em mãos e duas flechas de prata armadas no arco, ela olhou para mim, depois olhou para os lobisomens.

- Estou com um pressentimento muito ruim, Jason - ela falou.

- Eu também, Mel - falei, olhando para os lobisomens que estavam amontoados ao nosso redor, principalmente nas arquibancadas do campo.

Melina virou-se para mim.

- Por que eles pararam de nos atacar? O que diabos está acontecendo? - Ela perguntava, ainda com o arco armado para atirar nos lobisomens.

- Eu não sei, mas coisa boa não deve ser - apenas respondi, com a besta e a pistola miradas em alvos diferentes.

Foi então que entendi, eu pressenti algo chegando, meu peito começou a pesar, nada iria me parar, de fato, mas eu estava convicto de que estava sendo levado a uma armadilha, e eu estava certo. Como eu odeio estar certo.

Ao longe, o Alfa vinha, caminhando entre os seus "filhos", seus olhos vermelhos estavam concentrados em mim, como se ele quisesse arrancar minha garganta naquele instante, mas eu não daria esse prazer àquele maldito filho da puta. Claro que não, ao invés disso, mirei a besta na direção dele, eu mirava em sua cabeça.

- Eu não faria isso, se eu fosse você - ele falou, com uma voz altamente monstruosa, mas ao mesmo tempo com aspectos humanos. Eu continuei mirando a besta e também a pistola.

- Por que eu não atiraria em você? - Perguntei.

- Por que nós dois não atiraríamos em você? - Mel falou, apontando as flechas na direção do Alfa.

O lobisomem Alfa apenas riu, sua risada era pior do que eu me lembrava, quase como se garras arranhassem um quadro negro em um som intensificado.

- Porque, antes que me matem... suas duas amiguinhas morrerão - ele indicou para um lado onde haviam dois lobisomens segurando duas pessoas.

Suas adolescentes de dezesseis a dezessete anos, uma tinha pele morena e cabelos negros cacheados, a outra tinha pele pálida, cabelos lisos dourados. Ambas estavam sendo seguradas por dois lobisomens enquanto outro deslizava suavemente uma garra pelo pescoço. Eles estavam com a Mapa e a Carol de reféns, ameaçando cortar a garganta das duas, o que me deixou totalmente sem opções.

Entendi o que o Alfa queria, sua chantagem havia dado certo. Devagar; eu coloquei as duas armas no chão, tanto a pistola quanto a besta, depois soltei a mochila de munições e ergui os braços na altura da cabeça.

- Pronto, é isso que você queria? - Perguntei, olhei para trás, Melina estava fazendo o mesmo.

- Ah, qual é, Jason? Relaxa, se solta aí, afinal, somos todos família, não é mesmo? - O Alfa falou. - A loirinha, sua namorada, é prima dessa menina de cabelos negros do seu lado, e eu sou...

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora