Eu conheço o seu começo:
ponto e novelo,
meada de mel e langor
de lentos elos
que a minha língua lambe
no calor despido,
no meio das suas pernas:
anéis de cabelos,
anelos e nós se desmancham
em nada ou nódoa
por todo o lençol do corpo
nu e amarrotado:
nós aqui somos todos laços
e nos rasgamos
devagar – poro por poro;
rumor de sedas
ou de uma pele toda feita
de suor e suspiro:
eu soluço a cada susto seu
que nos dissolve.
- Armando Freitas-
Vitória abriu o bilhete que agora ocupava o lugar de Ana. Um pequenino girassol e um bilhete, carinhosamente dedicado pra ela. Esticou-se demoradamente coberta de preguiça e uma faísca de cansaço, Os olhinhos semicerrados se esforçavam pra acompanhar a leitura do bilhete. Leu em voz baixa, quase sem querer. Os pensamentos acompanhavam as linhas para em seguida se perderem em momentos que viveram, incluindo a noite anterior. Soltou um suspiro e por um pequeno segundo sentiu a magia possuir seu corpo. Ana Clara tinha tudo àquilo que ela não conseguia evitar.
Procrastinou o máximo que conseguiu, era quase 15 horas quando levantou. Apesar de ambas terem comido toda a comida que ainda restava na geladeira em plena seis horas da manhã, sentiu que nunca havia comido em sua vida de tanta fome que sentia. Em vinte minutos ela conseguiu se arrumar e foi até um café que ficava a poucas quadras de sua casa. O cabelo preso casualmente, uma calça folgada e seus costumeiros óculos escuros. Sentou-se o mais afastado possível, após fazer seu pedido, começou usar o celular. Ana Clara estava online, mas nenhuma mensagem nova. Decidiu enviar.
"Ei, tu tá onde que nem aviso que ia sair."
Ana Clara não respondeu, e logo em seguida não estava mais online.
- Vitória Falcão?
Um rapaz alto, dono de um cabelo escuro feito de cachos tomou sua atenção. Vitória sorriu com todo o carinho e amor que ela recebia qualquer um fã.
- Ei, tu. Sou eu sim. E tu?
Seu rosto irradiava uma satisfação tão sublime.
- Muito prazer, Vitória. Sou Cristian Caetano. Sou encantado com o seu trabalho, e a forma como vocês estão se tornando melhores tão rápido. Vocês não apenas cantam como a grande maioria faz vocês entregam a alma de vocês em tudo que fazem, até na hora de conversar com um desconhecido.
- Tu é um lindo Cristian.
- Posso tirar uma foto contigo? O pessoal que acompanha o meu trabalho iam ficar putos se eu dissesse que topei contigo e nem registrei.
- Claro. Tu faz o quê?
- Eu canto.
E entregou a Vitória um sorriso tão similar quanto o dela.
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Uma alma pra dois corpos
FanfictionComo tudo começou? Como esse duo começou a cantar e cultivar uma amizade tão verdadeira? Um pagode, uma conversa e depois se tornou vídeos, músicas, composições e duas vidas divididas em uma.