Foi no pagode (O começo de tudo)

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25 de Janeiro de 2014

- Amei. Ficou muito massa, amanhã mesmo eu posto lá no canal. Essa música é muito foda, Vitória.

- Acho que tu teve a melhor ideia do mundo, Ana. Tu acha que a gente ainda consegue gravar outro esse mês?

- E tu não vai pra São Paulo essa semana? -Ana questionou com os olhos semicerrados dotados de uma nova expectativa de dividir mais alguns dias com Vitória.

- É mermo. – O riso de Vitória estrondou pela sala. Ana acompanhou-a com o olhar até por fim cair na gargalhada também.

- Como tu me faz esquecer que tenho que ir embora?

- Falando em ir embora. Pobre Felipe, tu arrasou o menino. Ainda é apaixonado por tu desde aquele dia do pagode. – Ana ofereceu um riso quase como se pedisse permissão para falar do assunto.

- Felipe é um cara legal, mas tu sabe como é, né? Eu gosto tanto de ser por ai, gosto tanto de voar. Eu sou passarinho. Não posso permanecer com ninguém. Ele devia ter entendido isso.

- Talvez

Ana encarou Vitória por alguns segundos antes de Vitória perguntar o que ela queria falar.

- É que tu vai embora, e eu já tô tão acostumada contigo. Desde daquele dia do pagode a gente ficou tão próxima, eu nunca imaginei que a gente ia se dar tão bem. Agradeço ao Felipe.

- Ei, não fica assim. Eu volto logo. Talvez no carnaval eu tô por aqui, ou na semana santa. A gente grava outro vídeo e se tu quiser a gente pode ir ver o por do sol.

- Nem sei se eu vou conseguir vir. Tanta coisa pra estudar. Mas promete falar comigo sempre que der?

Vitória calou-se por um momento e em seguida abraçou Ana com tanta força. Elas não sabiam, mas aquele era o primeiro abraço de outros infinitos abraços de verdade que ainda viriam. Ana apertou com força, em seu peito havia achado uma calmaria absoluta ao abraçar sua nova companheira de música.

18 de Abril de 2014

- Já sei o que a gente vai cantar. Vou te dar uma dica. Tu gosta muito, tipo muitão.

- Eu gosto de tudo Ana.

O riso solto de Vitória escorreu brilhando naqueles pequenos mundos escuros de Ana. O sorriso de Vitória reluzia aos ouvidos e brilho da pequena Clara.

- Pera. Vô te dar uma dica. Começa com Britney e termina com Spear. O nome dá música é meio tóxico.

Ana mexeu a mão direita com o polegar e o indicador distantes.

- Sacô?

- Tu me mata, Aninha.

Vitória colocou o notbook sobre a mesa e deixou reproduzir uma interpretação aleatória no youtube. Sua atenção se fixava, no vídeo. Mas, Ana não tava conseguindo. Seus olhos a traiam a cada dez segundos. Fazendo-a olhar pra Vitória de canto. Havia uma ansiedade inexplicável em todo o corpo de Ana. Durante a gravação do vídeo Ana não olhou para Vitória. Esteve o tempo inteiro se concentrando nas notas, e não queria pensar demais e acabar atrapalhando tudo. Pouco menos de cinco minutos o vídeo havia sido gravado e agora tinha um pedacinho de silêncio grudado nelas.

- Que foi Ana?

- Eu não sei.

- Tá tudo bem contigo?

- Não sei Vi, não sei. Acho que eu tô confusa.

- Confusa tu é desde que te conheço. O que tá te perturbando dessa vez?

Uma alma pra dois corposWhere stories live. Discover now