Capítulo 15

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Rodrigo respirou fundo. Natalie tentou se aproximar, mas ele a afastou. Evaristo ficou achando aquilo muito estranho. Como assim? O que o Rodrigo queria dizer com aquele gesto? Por que não beijava logo a sua namorada?

— Pai, eu não vou beijá-la. — concluiu Rodrigo.

— O quê? Por que não? Ela é sua namorada! Ou agora vai virar uma bichinha? Porque homem que é homem não recusa beijo de mulher!

Rodrigo fechou os olhos tentando dirigir aquilo que o pai dizia. Já Natalie queria fazer algo a respeito, mas o seu fã não queria ouvir mais ninguém.

— Rodrigo, eu estou esperando uma resposta sua, meu filho. Por que não beija logo a sua namorada?

— Querido, não force a barra. Eles não são obrigados a beijar na nossa frente. — completou dona Lívia.

— Não? Que eu saiba um casal de verdade se beija diante de qualquer um. Mas, pelo visto, não é o que vejo aqui... Vocês não é um casal de verdade. — passou a mão no cabelo e andou um pouco pela sala. — Meus amigos sempre me disseram: Olha, eu acho que o seu filho é gay... Mas eu nunca me importei com isso, Rodrigo. Porque lá no fundo eu queria que não fosse verdade. E quando me disse que namorava uma mulher, eu fiquei super feliz, achando que você era mesmo homem!

Rodrigo estava começando a chorar e gritou:

— Para, pai! O que o senhor quer de mim?

— A verdade, Rodrigo. Somente a verdade.

— O senhor quer saber mesmo? Eu e a Natalie não temos nada! Eu sou gay mesmo. E aquele rapaz, o Hugo, não era só um amigo, nós estávamos namorando.

Dona Lívia ficou muito surpresa. Priscilla e Natalie se olharam totalmente perdidas diante daquela situação.

— Repete, Rodrigo! Por que eu acho que eu ouvi um absurdo aqui nessa sala! — disse Evaristo para ele.

Rodrigo chorou ainda mais e continuou:

— Eu sou gay, pai. Sempre fui, gay.

Evaristo se aproximou dele com ódio nos olhos e deu um soco na cara dele. Rodrigo caiu no chão. Natalie foi até ele para ajuda-lo a levantar. Enquanto isso, dona Lívia tinha saído do sofá e foi falar com o marido.

— Pelo amor de Deus, querido. Não machuque o nosso filho. Ele não tem culpa de ser assim.

— Até você vai acobertar uma vergonha dessas? Eu não aceito ter um filho gay! — e olhou para Rodrigo. — Você e essa atriz mentiram para mim! E se tivesse ocorrido à entrevista? Você ia rir da cara do seu pai aqui? É isso? A minha revista é seria, Rodrigo! Mas você queria acabar com tudo!

— Pai, eu não fiz isso por mal... Eu só falei para a Natalie me ajudar, porque eu estava completamente desesperado.

— Você é um idiota! Não foi isso que eu sonhei para você! — olhou para Natalie. — E você? Eu achava você uma atriz tão maravilhosa... Nunca imaginei que pudesse fazer algo do tipo. Mentir? O que você iria ganhar com isso? E se a mídia soubesse da verdade?

— Evaristo, o Rodrigo me pediu ajuda, porque ele estava muito mal com essa história. Não sabia como dizer ao senhor que era gay. Então resolvi ajudar. Mas de forma nenhuma eu queria denegrir a imagem da sua revista. Tanto é que eu nem sabia da entrevista.

— Podem dizer o que quiser! Eu só sei que não quero ouvir mais nada de vocês. Para mim, já chega. Eu vou embora...

— Pai, por favor, me perdoa! — disse Rodrigo, tocando no braço dele.

— Te perdoar? Preferia que fosse ladrão ao vê-lo sendo gay!

Rodrigo começou a chorar mais, e Natalie o abraçou. Enquanto Evaristo e dona Lívia pegava as malas na sala, Priscilla se aproximou deles.

— O senhor não pode fazer isso com o Rodrigo. Ele ama o senhor e só quer ser feliz.

Evaristo a olhou e disse:

— De vocês dois, eu achava que você era a mais responsável, mas concordou com isso também, né? É decepcionante!

— Mas eu sou! Inclusive não queria participar disso, mas ele estava com muito medo de se assumir. E não teria esse medo, se o senhor entendesse que ele só quer ser ele de verdade com quem ele ama.

Rodrigo olhou para amiga e disse:

— Priscilla, por favor, pare...

— Parar, Rodrigo? O seu pai tem que entender o que você é e não se preocupar com que os leitores da revista vão dizer, porque eu creio que ele pensa nisso.

— Olha, garota, você está indo longe demais! — disse Evaristo, se encaminhando até a porta. — Não sou obrigado a ouvir tanta merda de uma vez só!

Ele saiu. Dona Lívia estava toda emocionada, com a mala em mãos, e tocou no rosto de Rodrigo.

— Filho... Eu sinto muito. Não queria que fosse assim. Mas eu te entendo, de verdade.

— Mãe... — ele a abraçou, ainda chorando. — Desculpa por tudo isso... Eu amo muito a senhora!

Evaristo gritou o nome dela:

— Lívia, vamos embora! O táxi está chegando.

Dona Lívia olhou o filho mais uma vez e afirmou:

— Eu também te amo muito! E quanto ao seu pai, dê um tempo a ele. Tenho certeza que as coisas irão se resolver.

Rodrigo beijou as costas das mãos dela, e ela sorriu para ele.

— Tchau, meus queridos.

Dona Lívia saiu e viu o marido na calçada esperando pelo táxi. Evaristo estava com muita vontade de chorar e notou que a mulher estava triste e tirando algumas lágrimas do rosto.

Eles ficaram em silêncio. Em poucos minutos, o táxi apontou na porta da casa do filho deles. O taxista pegou as malas e colocou no porta-malas. Natalie pegou gelo na geladeira para Rodrigo que estava no sofá, e Priscilla ficou espiando os pais dele por meio da janela.

— O taxi já os levou, Rodrigo... — disse Priscilla, triste pelo amigo e sentou-se ao lado dele também.

No táxi, Evaristo desabou-se a chorar, escondendo o rosto entre as mãos.

— O que eu fiz para merecer isso, meu Deus! Me diz, por favor!

Dona Lívia o abraçou de lado, tentando deixá-lo mais calmo. Mas Evaristo não queria aceitar. Sempre desejou que o filho tivesse uma família tradicional, assim como ele. E agora? O que poderia fazer?

Natiese em : Saindo do armário (1 temporada) Where stories live. Discover now