A Aposta

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Sexta-feira, cinco horas da tarde. Um dia comum aparentemente. Apressado para alguns, e ao mesmo tempo calmo para outros. Poderia até ser um dia de grandes mudanças para várias pessoas, sendo elas tristes ou alegres. Tudo parecia estar normal. Mas para Aimeé, aquele era o dia que ela preferiria ter evitado de alguma forma se pudesse voltar no tempo.

Em algum pub da agitada cidade de Berlim estava Barry. Um homem já vivido, rico e que tinha todos os requisitos para dar certo na vida, se não fossem seus vícios.

— Se eu ganhar a próxima rodada, pago bebida para todos!—disse Barry. Já era visível que o álcool dominava seu corpo.

Barulhos de copos batendo na madeira e de homens bêbados gritando puderam ser ouvidos. Logo a comemoração parou no momento em que Barry pegou o taco. Ele curvou-se na mesa analisando as bolas e suas posições, semicerrou os olhos e posicionou o taco entre os dedos. O barulho da madeira contra a bola ecoou todo o local e como num piscar de olhos o barulho de comemoração estava presente de novo.

Todos presentes receberam mais uma dose da bebida mais cara e forte que aquele lugar poderia oferecer. Típico Barry. O dono do pub, Joseph, já tinha se acostumado com Barry. Sempre que conseguia um lucro bom nos negócios do dia, gastava tudo à toa. A cada noite, um tipo diferente de jogo era escolhido e as apostas eram feitas. Era esse praticamente todo o lucro do bar.

— Eu estou imbatível hoje! Nenhum ser irá conseguir me deter! Vocês estão observando o próximo Rei!— dizia o homem com sua voz rouca, cansada e embriagada. Ele era um homem bom até começar a beber.

Barry iria soltar outro grande anúncio, quando o grunhido da porta o atrapalhou. Um homem com aparentemente 40 anos adentrou o local. Ele era alto, e trajava roupas que esbanjavam o seu poder. Parecia até ser da realeza. Na verdade, ele nem ao menos parecia ser daquela região. Um desconhecido então? Talvez.

O silêncio tomou conta do lugar. Parecia que a presença do homem amedrontava todos, mas não Barry, que continuava a soltar coisas sem sentido aleatoriamente.

— Quem é o próximo?!— disse terminando o seu sétimo copo de bebida.
— Eu gostaria de desafia-lo, meu caro. — a voz do homem misterioso ecoou e causou calafrios em todos que assistiam a cena. Sua expressão era fria e ao mesmo tempo serena.
— Claro! Como eu poderia recusar um desafio vindo de um nobre como o senhor?

O homem, que ninguém sabia o nome nem de onde tinha surgido, assentiu. Iria apostar em seu jogo preferido. Passara sua infância jogando sinuca. Ele iria ganhar, certo? Não tinha como nada dar errado, ainda. Os dois tinham finalizado duas rodadas e Barry estava convicto que ganharia a terceira e a última.

— Vejo potencial em você, Barry. E é por isso que lhe farei uma proposta. Se ganhar a próxima, irei doar-lhe três quartos de toda minha fortuna. Mas... se eu ganhar, você será minha propriedade. Tudo que é seu, será meu! — finalizou o nobre com frieza ao pronunciar as últimas palavras.

Como ele sabia seu nome? Aquela situação estava começando a ficar estranha. Todos os olhares estavam direcionados para Barry. Deveria aceitar? Ele estava ganhando e ganharia a próxima, certo? Não havia nervosismo em seu semblante. Ele estava confiante. Voltaria para casa com uma nova fortuna e gastaria dando um baile de comemoração com toda a pompa e circunstância que as inovações do século XIX e aquele reino poderiam oferecer.

As pessoas estavam esperando uma resposta, algum sinal e Barry apenas concordou com a aposta sendo vangloriado por alguns companheiros como se tivesse feito a escolha certa. O jogo tinha começado. A tensão pairava no local. Cada barulho soava um exagero naquele momento. A concentração de ambos era notória.

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