Até nos meus sonhos

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Me surpreendi com a vinda de Jesus hoje pela manhã, mas a sua ajuda foi muito legal, não só a ajuda, tinha que admitir que a presença dele também. Depois de uma trabalheira recompensadora no "Lar de idosos", estava verdadeiramente feliz, principalmente com a conversa que tive com a diretora do lar.

Saímos para tomar um sorvete, há tempos não fazia algo assim, sair, conversar, sem me preocupar com hora...foi maravilhoso.

Ficamos sozinhos, Jesus e Eu. Laura se despediu providencialmente junto com a coleguinha logo após terminar seu milkshake, isso deveria ter sido ideia de minha amiga Carol e Laura surpreendentemente acatou sem questionar.

Conversamos um pouco sobre tudo, trabalho, carreira, o futuro...ele me falou o que já sabia, graças a bisbilhoteira da minha irmã. Ele era separado, estava morando com a mãe e fazia planos de se mudar , para ter mais liberdade, apesar de todo carinho da mãe, ele sentia que precisava de espaço, e compreendi, apesar de não me imaginar longe do meu pai e de Laura ainda, no lugar dele também iria querer mais espaço.

Voltei pra casa no meu carro enquanto ele me escoltava do seu. Na despedida, não resistimos à tensão que estava se criando, me deixei levar e nos beijamos.

Entrei em casa, desejando não ter sido flagrada pelo meu pai, ficaria muito envergonhada, de repente me senti uma adolescente , de volta ao ensino médio. Para meu alivio, vi que papai estava entretido na cozinha, estava preparando o jantar, o cheiro como sempre estava maravilhoso, provei o molho da massa e só posso dizer uma palavra para definir "Céu".

Beijei meu pai e subi para tomar um banho e colocar uma roupa limpa, assim que pus os pés no andar de cima, fui surpreendida pela minha irmãzinha, odiava levar sustos, ela sabia disso,mas ela estava eufórica.- Eu quero saber de tudo, Nat, me conta, vocês ficaram?Vocês tão namorando?- Berrou me empurrando pro quarto.

-Shiiiu, garota, fala mais baixo.

Laura fechou a porta do meu quarto e se jogou na minha cama. - Me conta tudo, eu quero saber tudo, tudinho. - Eu não conseguia dizer nada, o que diria? Minha cabeça dizia que estava cedo demais, que não podia criar expectativas, precisava reconhecer o terreno para saber onde pisar, mas meu coração, era uma escola de samba, com direito a bateria, alegorias e tudo mais. Carol tinha dito mais cedo que estava caidinha por Jesus, e eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo.

Parece que meu pensamento a evocou, porque meu celular tocou no mesmo instante, tentei em vão atender a chamada, mas Laura foi mais rápida que eu, minha irmãzinha sabia ser irritante.

-Alô...Carol...cara, você não vai acreditar...

Pulei e consegui recuperar meu aparelho.-Oi Carol, sou eu.- Falei ofegante.

-Me conta como foi, o que vocês conversaram eu quero detalhes.

-Você também...- Revirei os olhos.

-Põe no viva voz, quero ouvir também.- Vencida, fiz o que Laura sugeriu e lá estávamos as três fofocando.

Contei como foi o passeio, o conteúdo das conversas. Minha irmã ouvia meu relato com atenção, e Carol incentivava a contar todos os detalhes que me assustei em constatar que lembrava como ele me olhava, o tom da voz de Jesus, até mesmo onde ele colocava as mãos enquanto falava comigo.

-E o que mais conta, Natalia, você tá me enrolando!- Disse Carol do outro lado da linha.

Não estou não, você que pediu detalhes, disse me defendendo. - Ele me beijou, quer dizer nós nos beijamos. -Laura deu um gritinho de comemoração e até bateu palminhas.

-Como assim? Como foi o beijo? Foi um beijinho ou beijão?

-Foi um beijo oras. -Falei enigmática, sabendo que estava provocando minha amiga, mas estava me divertindo.

-Ai, Natalia, quer me ver surtar? Não me obrigue a ir até ai...conta logo, o que achou, você gostou? Ele tem pegada?

-Carol, a Laura ta ouvindo!- Repreendi.

-E daí ? Fala logo ou...

-Foi um beijão, foram vários deles, foi incrível. Ai meu Deus!Eu to tremendo!- Desabafei escondendo o rosto em chamas entre as mãos.

-Aiiiii eu sabia, eu sabia! Você tá caidinha, e ele também, ele tava te comendo com os olhos no "Él Burito" e hoje ele só faltou babar.

-É sério? Você acha mesmo?-Me interessei.

-Claro que sim!- concordou Laura. –E acho melhor você não fazer bobagem, sério, ele é legal , não é um daqueles manés que você costuma gostar.- Carol deu uma gargalhada, mas eu estava surpresa com a minha irmã, logo ela a " antisocial" da família dando pitaco na minha vida amorosa.

-E ai, ele tem pegada ou não?

-Como eu vou saber Carol?

-Sabendo Natalia, não faz a desentendida comigo, o que você sentiu com o beijo, como ele te tocou, você sabe, sentiu "aquilo", sentiu não é?

"Aquilo" era algo bem subjetivo, mas eu compreendia o que minha amiga queria saber, "aquilo" foi exatamente o que senti.Perdi o fôlego, tremi,me arrepiei, me senti tonta como se estivesse flutuando, mas ao mesmo tempo segura nos braços dele, me senti completamente entregue e a cada vez que nos tocávamos, só conseguia quere mais e mais ...- Sim, ele tem "Aquilo" Carol, ele tem muito "Aquilo".

-Meu Deus, eu estou oficialmente surtando, own sua linda!- Se derreteu minha amiga, enquanto pra minha total e agradável surpresa minha irmã me abraçava, eu estava me sentindo muito feliz.

-Meninas, o jantar tá pronto, posso servir?- Berrou meu pai no andar de baixo, me despedi de Carol prometendo ligar mais tarde.

Mais tarde depois do jantar, conversamos um pouco mais minha amiga e eu, ela me ajudou a colocar meus pensamentos em ordem, eu deveria relaxar e curtir, se estava bom então estava tudo bem.

Aceitei o conselho, restava colocar em prática. Carreguei a bateria do celular e me deitei, assim que fechei os olhos, meu telefone tocou novamente, achei que fosse Carol, mas era um número desconhecido, atendi ansiosa.

-Liguei pra te desejar " boa noite".- Me senti tola ao corar com a voz do outro lado da linha.

-Obrigada, boa noite pra você também, eu nem agradeci,mas adorei o passeio.

-Eu acho que você vai gostar ainda mais do que estou preparando para amanhã.

-Ae?'- perguntei curiosa- O que você tá preparando?

-Surpresa!

-Ai não, sou muito ansiosa, me conta logo!

-Não, vai ter que esperar até amanhã à tarde. -Concordei vencida, afinal não teria escolha a não ser esperar até o outro dia. Ficamos em silêncio, mas eu simplesmente não conseguia desligar, ouvi a respiração dele do outro lado da linha, e me lembrei do nosso beijo, fiquei arrepiada.

-Te vejo amanhã. – Falou ele finalmente. - 'Boa noite Nat'.

-Boa noite. -Desliguei sorrindo e sorrindo peguei no sono, apenas para sonhar com Jesus, eu não conseguia tirar ele da cabeça, nem dormindo.

Natal BrancoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora