Ares - Um Boxeador Mafioso

Capítulo 7

- Ares... – Chamei baixinho, minha garganta estava seca e cada sílaba era como cortes nela.

Ele resmungou algo inaudível, e um segundo depois se levantou, me encarou e ficou pasmo. Seu rosto estava amassado, e podia ver a tensão em seus músculos, ele não havia dormido direito. Mas mesmo assim, ele ainda estava incrível.
Depois do choque inicial, apertou minha mão e me encarou de uma forma diferente, quase amorosa, segurei de volta e me perdi naquela imensidão azul que eram seus olhos.

- Por quanto tempo eu dormi? – Perguntei por fim, tentando esconder o rubor que se instalou em meu rosto por estar tão perto dele. Mesmo não querendo, meu corpo reagia a ele.

- 3 anos. – Respondeu sério, fazendo carinho com o dedo em minha bochecha enquanto me olhava de forma penetrante, senti meu rosto queimar ainda mais.

- Quê?!

Ares gargalhou, uma risada leve e descontraída. Passou a mão pelos cabelos loiros e sorriu mais calmo.
Era impressionante como não parecia ele ali, quase um sonho. Ele tinha sérios problemas de bipolaridade, certeza.

- 2 dias. – Falou ainda sorrindo, se levantou e arrumou a blusa branca, que estava totalmente amarrotada, de forma elegante. – Vou chamar a médica.

Esperei por Meredith Grey, mas para a minha decepção, ela não apareceu.
Em seu lugar veio uma senhora de origem oriental, olhos puxados que prestavam atenção em tudo e rosto afinado típico. Mesmo mais velha, era muito bonita. Entraram em silêncio e vieram para meu lado, ele segurou minha mão mais uma vez e esperei as perguntas típicas de médicos, mas elas também não vieram.
A senhora fez alguns exames, perguntas apenas à Ares — como se ele soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Tentei falar mas fui impedida por ela, que me cortou dizendo que não precisava responder nada para não cansar a garganta. Por fim escreveu algo no papel e entregou ao loiro, que leu e depois guardou no bolso do paletó.
A médica tirou o soro da minha veia, fazendo com que eu resmungasse de dor e medo da agulha, me deu alta e saiu da sala dizendo que iria ver outros pacientes.

- Consegue levantar? – O brutamontes perguntou preocupado até demais. Seria culpa?

- Talvez. – Respondi tirando uma mecha de cabelo do rosto.

Me sentei na cama, meu corpo estava dolorido em diversas partes e era difícil se mexer. Respirei fundo e tentei me levantar apoiando em Ares, mas era impossível, nem mesmo um impulso eu conseguia ter, não tinha forças suficientes para nada. Me senti o Superman perto de kryptonita, fraca e indefesa.

- Eu te ajudo.

Ele passou um de seus braços por minha perna, e o outro segurou minhas costas. Como uma pluma eu fui levantada da cama, segurei em seu pescoço firmemente com medo de cair, mesmo que eu soubesse que não iria fazer isso.
Seu cheiro amadeirado invadiu meu nariz, me aproximei mais do seu peitoral, descansando minha cabeça ali e ele me apertou ainda mais contra si de forma protetora. Aquele não era ele... não podia ser.

- Não irá acordar Atena? Quentin e Arthemis? – Perguntei baixo quando passamos pela porta deixando-os para trás.

- Só tenho uma preocupação, e é você.

Me calei, não tinha voz para responder, não tinha força, não tinha mais nada, apenas me deixei ser levada por aqueles braços fortes.
Era apenas uma mentira dele, algo para diminuir sua culpa, ou para me fazer esquecer suas palavras venenosas que me levaram até aquele lugar. Será que ele conseguia dormir a noite? Não sentia o peso de toda atrocidade que fez durante sua vida?
Ouvi sussurros de algumas pessoas ali, talvez querendo saber para onde estávamos indo ou o que fazíamos. Os ignorei.
Lembrei de Tyler, e da minha conversa com Ares na escola, a lembrança fez meu estômago revirar e um gosto amargo surgir em minha boca, me dando uma enorme vontade de vomitar.
Ainda não acreditava naquilo.
Não conseguia entender como alguém podia ser tão frio ao ponto de fazer tal coisa. Estremeci só de pensar que ele realmente estava disposto à tudo para conseguir o que quer em prol de seu próprio bem.
Ares era egoísta, narcisista e arrogante, mas não conseguia o odiar, era impossível ficar com raiva por muito tempo, mas agora, eu estava com nojo dele, o que eu achava bem pior.
Fechei meus olhos e senti o balanço de estar em seus braços, como em um barco no mar aberto, acalmando minha mente, ou tentando.
Depois de um tempo voltei a abri-los, já estávamos no estacionamento do hospital. Era pouco iluminado e sem qualquer barulho, o brutamontes andou por um tempo até parar em seu carro — onde com uma agilidade incrível abriu a porta, me colocou sentada no banco de couro frio e foi para o lugar do motorista.

- Iremos para casa. – Decretou colocando o cinto.

- Minha casa fica em Greenwich. – Resmunguei olhando pela janela, não podia mostrar o quão abalada fiquei com tudo aquilo. Ser fraca não estava nas minhas opções.

- Ter saudades do passado é correr atrás do vento. – Falou sem olhar para mim, dando partida e saindo com o carro bruscamente do estacionamento, quase com raiva.

Tentei de todas as formas ignorar ele, fingir que estava o odiando e que o odiaria pelo resto da minha vida.
Klaus Mikaelson é o melhor professor.
Passei a mão por meus cabelos, jogando os fios loiros para trás e encostei a cabeça no banco fechando os olhos. Minha cabeça parecia querer explodir de tanta dor que sentia, era como se dessem marteladas nela.

- Como pode estar cansada? Dormiu por 2 dias! – O brutamontes comentou enquanto dava uma leve risada. Seu teatro já estava me tirando do sério.

Era estranho o ver assim, como um mar calmo antes da tempestade, e quando essa tempestade chegasse, eu não gostaria de estar perto.

- 2 dias não foi suficiente para eu poder esquecer todos os meus problemas. – Retruquei irritada.

- Você sabe que eu nunca iria fazer isso de propósito, ангел¹, nunca.

Gente!!! Desculpa​ a demora com o capítulo, mas na minha escola teve uma competição de bolos e eu acabei me enrolando toda com esse evento!
Boa leitura ❤

Dicionário:
¹ = Anjo