Capítulo Quatro - Reconstruindo o castelo, agora não mais de areia

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Os primeiros meses foram os mais difíceis, ainda mais por eu ter que me adaptar a minha nova realidade. Por sorte, quando estávamos montando a agência de carros, meu pai exigiu que fizéssemos um contrato onde eu era dona de metade daquele lugar, na época não entendi por que ele fazia tanta questão deste contrato, mas agora tudo faz sentido.

Apesar de eu não querer nada do que é dele, ou que me lembrasse dele, tanto que sai daquela casa com poucas coisas, o dinheiro vindo da minha parte era bem-vindo, pois não trabalhava registrada há muito tempo e seria difícil eu arranjar um emprego sem muita experiência, ainda mais tendo a minha idade um pouco avançada. Mesmo assim eu daria o meu jeito.

Do dinheiro que cabia a mim, usava pouca coisa, o restante eu fazia uma poupança para segurança do Léo.

Comecei a fazer alguns bolos e salgados para vender e com o tempo, conseguia me manter com o que eu produzia. Nesta época meu pequeno Léo já estava se tornando um verdadeiro homem, graças à Deus que era um homem de bem.

Começou a trabalhar logo que nos mudamos e seu primeiro emprego foi como office-boy. Com seu primeiro salário ele me comprou flores e ainda me levou para jantar fora. Foi o dia mais feliz da minha vida em muitos anos.

Ele tinha uma namorada e eles ficaram juntos por um bom tempo antes de tudo acontecer, mas sei que era algo de criança. Assim que ele se mudou comigo e ela viu que ele não teria todas as regalias que tinha antes e principalmente depois que ele vendeu o carro que tinha ficado para ele, eles terminaram. Não quis me envolver nisso, pois ele me parecia muito seguro na decisão que tomara.

Com este término, os finais de semana tinham sempre as "baladas" para ele se divertir, eu até incentivava-o pois ele merecia descansar do jeito que achava melhor, afinal, mesmo ele saindo muito, nunca se esquecia de mim e durante em algumas vezes até recusava uma saída, ou uma viagem para me fazer companhia.

Ele se negava, falava que estava cansado, mas no fundo eu sabia que era por minha causa que ele ficava em casa.

Por mais que eu sabia que ele estava triste com toda a situação, ele se mostrava alegre, principalmente na minha frente e isso me dava mais força para lutar por ele, pelo meu filho, meu mundo. É por ele que viveria e buscaria o melhor.

Certa noite eu ouvi uns barulhos estranhos, como se estivesse mais de uma pessoa em casa, quando me levanto para ir ao banheiro, vejo ele levando uma garota para seu quarto.

Meu Deus, meu Léo cresceu mesmo, já estava até trazendo garotas para casa... No outro dia levantei bem cedinho só para ver se via a garota ir embora, mas pelo jeito ela já tinha ido antes de eu me levantar.

Isso se repetiu algumas vezes, na verdade por várias vezes, mas ele nunca me deixou falar com elas direito. Até que um dia ele veio comentando sobre uma amiga de trabalho. Ele a chamava apenas de amiga, mas tinha certeza que era mais, mãe nunca se engana.

Um dia ele veio me dizer que teria que passar um tempo dormindo na casa dela, parece que o chefe deles aprontou algo com a garota. Tempo depois ele vem em casa para pegar roupa limpa e eu então a conheço.

A famosa Anna. Ela é tão doce e meiga, toda vez que fala com meu filho demostra muito carinho, mas pelo jeito nem ela sabe que gosta dele.

Neste dia aproveito dela, afinal ela é a primeira garota que eu conheço em muito tempo. Chego até a mostrar as fotos de bebê do Léo... Claro que tive que mostrar a foto do pipi do meu filho, para ela ver que ele era bem avantajado desde pequeno, vai que nada aconteceu ainda, assim ajuda na decisão dela.

Um dia enfim eles assumem que estão "se conhecendo" melhor, sei, esse meu filho acha que eu nasci ontem... Eu sim casei virgem, mas hoje em dia isso já caiu em desuso.

Mas o que posso dizer é que nunca vi meu filho tão feliz, como ele está agora junto desta menina, também imagino que eles devam ter uma vida bem animada, outro dia eles vieram conversar comigo, pois meu filho ainda está passando um tempo na casa dela e como estava chovendo muito, disse para eles passarem a noite em casa, então era para ela dormir no quarto dele e ele viria para o meu. Como ele estava demorando muito para vir, fui avisá-lo de que seu canto estava pronto, estava tão eufórica com a vinda deles que entrei no quarto sem batera. Quase que caio para trás... Ele estava com a cara no meio das pernas dela!!! Depois deste dia prometi nunca mais abrir uma porta sem bater.

A companhia dela me fazia tão bem que outro dia pedi que ele a convidasse para uma festa da terceira idade, ao contrário do que imaginei, ela adorou a ideia.

Me arrumei toda, até passei maquiagem. Na verdade passei o dia todo no salão. Meu filho quase que não me reconheceu.

Lá encontrei uma pessoa muito especial, o Rubens. De cara já me afeiçoei muito a ele. Enquanto meu filho e a Anna procuravam algum lugar para se atracarem, fiquei dançando com ele, no meio da dança ele me beijou.

Tudo aquilo parecia tão surreal para mim, nunca tinha beijado outro homem, a não ser o André.

Já que estava nascendo uma nova Lourdes, resolvi arriscar todas as minhas fichas e no final da noite mandei meu filho dormir na casa da namorada pois queria a casa sozinha pra mim e o Rubens.

O Léo quase pulou no meu pescoço, mas qual é, ele não tinha moral para dizer que eu não podia, já tinha visto tantas meninas saindo e entrando na minha casa, por que não podia fazer isso também?

Só sei que este romance despretensioso foi ficando cada vez mais intenso.

Ele era completamente diferente do André, sentia que tudo o que ele falava era verdade. Uma verdade que hoje consigo identificar que não via no André.

Ele era um mais do que um amante, era um amigo muito querido. Passamos a ficar cada dia mais próximos e eu cada vez mais feliz. Sentia que agora tinha que fazer minha vida valer a pena. Meu filho achava que eu estava passando do ponto, pois aprendi a não ter mais trava na língua, falava o que tinha vontade. Todos gostavam do meu novo eu, só o Léo que sofreu para se adaptar, mas no fim sei que ele também aprovou.

O Rubão chegou na hora certa, pois logo depois o Léo ficou noivo da Anna e eles foram morar juntos, foi lindo o pedido de casamento. Agora eu sinto que terei uma nova chance, tenho certeza que poderei escrever uma nova história e que agora terá um final feliz.

Ainda mais porque no dia dos namorados, ele me levou em um restaurante lindo e romântico. Depois que tínhamos jantado, ele pediu uma espumante, perguntei qual o motivo da comemoração, então ele responde que tudo dependeria da minha resposta. Fiquei sem saber o que isso seria, então ele pega uma pequena caixa, abre e me mostra um lindo anel enquanto fala:

- Minha querida Lourdes, aceita se casar comigo?

- Minha querida Lourdes, aceita se casar comigo?

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