13. Morte e Nascimento

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- Existe isso? - Robert perguntou.

- Cara, você parou de estudar em qual série? - Gawain perguntou.

- Eu não faço a menor ideia - Robert respondeu.

- Ele parou de estudar na sétima série, daí em diante ele apenas colou as provas de mim - Regninald complementou.

Gawain e eu nos entreolhamos e concordamos que essa era a explicação mais plausível para a total falta de estudo do Robert.

- Um triângulo retângulo é um polígono de três lados formado por dois catetos, que são linhas que formam um ângulo de noventa graus, e a hipotenusa, a linha que fica no lado oposto desse ângulo - eu respondi, desenhando uma linha de cada vez - esse tipo de triângulo é chamado de triângulo retângulo pois se o espelharmos tendo como base a hipotenusa, teremos a formação de um retângulo perfeito. - Quando terminei de desenhar o retângulo, marquei no mapa um raio de quinhentos metros ao redor do novo ponto que surgiu, do qual não havia tido um ataque ainda. - E este novo ponto é o provável local de um novo ataque, coloquei um raio de meio quilômetro de área para cobrirmos.

- Está falando de cobrirmos uma área de um quilômetro de diâmetro? Tipo, só nós sete? - Perguntou Reginald.

Olhei para ele.

- Achei que você estivesse pronto para isso - falei. Ele sorriu para mim com um olhar de malícia no rosto.

- Mas é claro que estou! - Ele exclamou. - Vamos matar essas bestas.

* * *

A reunião havia acabado e então alguns dos integrantes do Esquadrão haviam ido para a cama, Mapa e Carol haviam ido buscar refrigerantes e fiquei sozinho com Gawain ao redor da fogueira com fogo baixo.

Um silêncio mortal tomava conta do ambiente, obviamente não havia mais a tensão obscura que havia entre nós mais cedo, mas ainda assim era intrigante e estranho ficar perto dele. O silêncio só não era absoluto pelo crepitar das chamas, a leve brisa de Primavera que soprava e os grilos em algum lugar não muito longe, até que finalmente Gawain quebrou o silêncio.

- Me desculpa - ele disse, apenas.

- O que disse? - Perguntei atônito.

- Estou pedindo desculpa... - ele continuou - pedindo desculpa por ter sido um grande babaca contigo, sei que nada justifica meu comportamento...

- Gawain - eu o interrompi.

O silêncio voltou, mas por um momento muito breve.

- O que foi? - Ele perguntou.

- Está tudo bem - respondi - nada justifica eu ter acertado sua cara com um jab também, mas acabei fazendo...

Nós dois rimos.

- Foi um belo soco, à propósito - ele disse.

- Você acha? - Perguntei, um pouco surpreso.

- Sim! Você é tão magricela que aquele soco forte, que chegou a quebrar o meu nariz, me surpreendeu muito. Você treina o quê?

- Eu pratiquei Krav Magá e Muay Thai por um breve tempo, meu pai queria que eu soubesse me defender... policiais, você sabe... mas naquela época eu não sabia que havia um propósito maior.

Eu encarava as chamas que ficavam cada vez menores com um pouco de ansiedade, depois quebrei o gelo.

- Por que você odeia tanto lobisomens? - Perguntei a ele.

O sorriso em sua face desapareceu.

- Eu não gosto muito de falar sobre isso... - ele começou - mas eu os odeio pelo mesmo motivo que você... Quando eu era pequeno, minha mãe foi morta por um deles... E eu vi tudo... - ele riu brevemente e depois voltou a ficar sério - mas eu não tinha tão pouca idade quanto você tinha para perder as memórias daquilo... Foi uma coisa que me marcou, que me traumatizou. Ela era a pessoa que eu mais amava e eu a vi ser destroçada em pedaços... e eu estava com tanto medo...

Eu havia me levantado e parado de frente para ele, ele parou de falar e olhou para cima, para mim.

- Eu sei como se sente... - eu disse - senti a mesma coisa quando vi a garota, Letícia, morta. A sensação de impotência, principalmente para alguém como nós, com os nossos poderes... é uma sensação que nos destrói... E eu sei como é perder uma mãe e não poder ajudá-la, não poder curá-la, não poder salvá-la... Eu perdi minha mãe biológica quando tinha dois anos e perdi a minha adotiva para um maldito câncer quando eu não tinha nem dez... - estendi a mão para ele. - Eu sei muito bem como se sente.

Ele segurou minha mão e eu o puxei para que se levantasse, assim nos abraçamos. E foi assim que Gawain Wydde virou o meu melhor amigo.

O Caçador - Crônicas dos Metamorfos (Vol. 1)Where stories live. Discover now