Prólogo

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      Quando se é adolescente, você faz muitas besteiras achando que isso vai mudar a sua vida, que, para ser feliz, você precisa da aprovação das pessoas. Mas eu tenho algo a dizer: você não precisa provar nada à ninguém.

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06 de Maio de 2011

      Eu e a Gabi sempre fomos melhores amigas, o que era um verdadeiro mistério para as pessoas da escola, e eu não os culpo por isso. Eu, Manoela, a garota nerd e antissocial, e a Gabi, a garota que todo mundo gostava. "Como isso aconteceu?!", era o que todos se perguntavam, muitas vezes sem serem nem um pouco discretos, não se preocupando se eu poderia ouvir. Mas eu sei como aconteceu.

      Estávamos em um parque, devíamos ter cinco ou seis anos. Eu estava sozinha e sem coragem de me enturmar com as outras crianças, enquanto a Gabi já era a rainha do lugar. Quando eu estava sentada na cadeira de um balanço, sem me balançar, a Gabi veio até mim e me perguntou se eu queria brincar com ela. Como eu não soube o que responder, só fiquei olhando-a, e ela, como a criança excêntrica que era, desistiu de esperar minha resposta e pegou minha mão, puxando-me sem nenhum aviso prévio. Depois disso viramos melhores amigas, sendo ela o meu único contato com a sociedade.

      Em seu aniversário de quinze anos, ela deu uma verdadeira festa. Obviamente, todos da escola foram, inclusive eu.

      Eu estava muito, muito entediada. Odiava funk, e a única coisa capaz de me fazer aproveitar uma festa dessas seria ficar bêbada, o que não dava no momento, já que os pais da Gabriella ainda estavam na festa.

      No início eu estava com a Gabi, mas, como não sou nem um pouco animada, resolvi me distanciar dela, para deixá-la aproveitar a festa como realmente deveria: sem ninguém prendendo-a.

      Depois do parabéns incrivelmente animado, os pais da Gabi foram embora, então a bebida foi liberada, o que, obviamente, alegrou à todos.

      Primeiramente eu fiquei acanhada, quieta no meu canto. A última vez que eu bebi fiquei com um gosto terrível na boca, acho que tinha vomitado, mas não me lembro onde e nem se estava na presença de alguém, só sei que escovei os dentes uma três vezes e tive uma ressaca dos infernos. Não queria que isso acontecesse de novo, mas sabia que essa era a única forma de eu conseguir aproveitar a festa, estão levantei de onde eu estava e fui em direção ao bar.

      Duas horas depois eu já estava muito louca. Eu dançava, cantava e fazia tudo que eu nunca teria feito se estivesse sóbria. Eu até pulei o balcão do bar para preparar meu próprio drink. Queria ver se todos aqueles programas que eu assistia, sobre como preparar bebidas, prestavam para alguma coisa. E, só para vocês saberem, sim, a bebida ficou ótima.

      Um tempo depois de fazer milhares de coisas (das quais boa parte nem me lembro), eu estava muito tonta, então resolvi me sentar em uma espécie de arquibancada que tinha no salão. Eu estava meio que deitada, meio que sentada, quando ouvi a voz de um cara falar comigo:

      — Você sabe que não deveria estar nessa posição, né? Ela é meio comprometedora, para quem está de saia. 

      Era uma voz linda, muito linda... e meio familiar.

      — Estou com as pernas cruzadas. Não dá para ver nada. — Respondi ao desconhecido, abrindo os olhos logo em seguida.

Só mais uma chanceWhere stories live. Discover now