— O seu desejo de vir para o norte não foi mera coincidência, você precisava vir até o meu templo mais próximo. Além disso, tirei você de sua vila.

Espera... O que ela quis dizer com isso? De repente, fui invadida por um sentimento negativo avassalador ao lembrar do que me fez sair de lá.

— Me tirou da minha vila?

— Criei o motivo que te tirou de lá. Ou melhor, Phyro fez a pedido meu. O Deus do Fogo me devia alguns favores... Foi um teste; se sobrevivesse, provaria que era, de fato, quem procuro. Você tem o raro dom de uma intuição aguçada, que te fez estar longe quando o "acidente" aconteceu. – Ela falou como se fosse um assunto supérfluo.

Eu não conseguia mais respirar, o mundo girava de um jeito esquisito que me deixou enjoada. Todos morreram por minha causa... Aquela voz no fundo da mente, dizendo que a morte deles foi culpa minha ficou ainda mais alta, como se estivesse gritando. Isso era horrível, tanta gente, todos mortos de um jeito terrível por causa de um estúpido teste! Por que os Deuses gostavam de brincar com nossas vidas como se fossemos brinquedos?

— Só me diga, por que Phyro? Por que usar o fogo?

— Porque achei que seria interessante. E precisava de algum perigo.

— Você poderia ter escolhido qualquer outra coisa, se queria tanto isso, poderia ter matado todos durante o sono, mas escolheu justamente com o fogo, precisava matá-los da pior maneira que eu consigo imaginar!

Meu coração se contorcia de dor dentro do peito. A expressão de Diana não se alterou, e a tranquilidade dela estava me deixando nervosa, mas ao menos ela parou de sorrir.

— Posso pensar em muitas outras formas de morrer que seriam piores ainda... Mas, de qualquer maneira, precisava tirar você de lá e não podia fazer isso pessoalmente ou chamaria a atenção de gente que não queria.

— Você mandou matar todas aquelas pessoas e pra quê? Por que não podia simplesmente me chamar, pedir que eu a encontrasse, qualquer coisa!

— Isso não era possível. Chegar até aqui precisaria ser por conta própria, no entanto, você não sairia de lá sem algum motivo forte o suficiente. Precisava estar fora da sua vila para fazer seu dom aflorar.

— Não quero porcaria de dom nenhum! – Só então notei que minha voz estava se elevando.

— Não grite. Odeio quando falam mais alto do que eu.

— Como pôde fazer isso?!

Diana deu um passo para frente e eu dei dois para trás. Ela continuou.

— Preciso que faça uma coisa para mim.

— Por que eu faria algo para você?! Você matou todos os meus amigos e família!

— Receio que você não tenha escolha. E já avisei para parar de gritar, não estou com paciência para ficar me repetindo, não quer sentir a ira de uma deusa.

— Sua ira? Acha que tenho medo? Você já matou todo mundo que conheço! O que mais poderia fazer? Me matar? Vá em frente, então!

A mágoa e a fúria se misturavam dentro de mim de um jeito forte e desconfortável. A ira dos deuses é algo que todos temem, a prova de seu poder eram as Três Ilhas Flutuantes. Meus tios sempre me ensinaram a respeitar os poderes e as vontades Deles, especialmente uma primeira deusa como Diana. Quando eu tinha 12 anos, George e Nora até me levaram para a costa, onde pude ver ao longe as ilhas em pleno ar. Só que eles não estavam mais aqui.

— Ah, isso não é verdade. Tem mais alguém que você conhece. Alguém que esteve com você desde que saiu da sua vila.

Drake... Ele era a única coisa que me impedia de enlouquecer no momento.

Selene e o Dragão {Degustação}Where stories live. Discover now