Mercy

(Mercy) Capítulo 01 - Namorado de Mentirinha

— Você queria falar comigo – é inevitável não usar meu melhor sorriso toda vez que estou perto de Verônica. Ela é a garota mais bonita e inteligente que eu conheço e de quebra, também é dona do meu coração. E ele está tão acelerado na sua companhia que eu posso jurar que a qualquer momento o terei fora do meu peito.

— Errado gatinho, eu ainda quero falar com você – V conserta a gola da minha camisa, antes de esboçar um sorriso lindo que faz de mim um cara cada vez mais apaixonado. Ela me espera na biblioteca e isso me faz lembrar que temos um trabalho de literatura inglesa juntos, mas tudo em que eu consigo me concentrar é nela e no quanto meus sentimentos crescem cada vez mais.

— Eu imaginei que você fosse mesmo querer saber sobre o trabalho e eu já adiantei a minha parte, só um minuto...

— Quer me deixar falar, Alex? – Verônica me interrompe entre risos e só então eu posso perceber o quanto estou agindo feito um idiota. "Menos Alex, é só uma garota" – meu subconsciente insiste, mas o que eu sinto por Verônica naquele momento consegue ser mais forte. Não é só uma garota, Verônica nunca foi apenas uma garota.

— Desculpa – sorrio envergonhado e quero beijá-la quando a observo retribuir o gesto. — Eu tenho essa mania feia de atropelar as coisas, você sabe – Verônica ri alto enquanto se aproxima cada vez mais perto de mim. A biblioteca nunca esteve tão interessante.

— Você fala umas coisas engraçadas, Alex – V sussurra e puta merda, eu posso sentir sua respiração quente contra meu rosto e aquilo não ajuda nenhum pouco na situação a qual eu me encontro. — Você é bonito como um daqueles astros do pop que tanto te inspiram, sua voz é tão linda quanto a deles e você tem um talento incrível. Seu perfume é uma merda de tão bom e além de dominar matérias como matemática e física, você me faz rir na maioria do tempo.

— V-v-ooocê.foi.gentil.com.os.elogios.V – puta merda, o que é isso? Verônica me elogia dessa maneira, olhando no fundo dos meus olhos e eu gaguejo feito um idiota na sua frente. Mas é tão incrível a forma como ela consegue me descrever, que de outro jeito eu poderia agir?

— Não seja modesto, ok? Eu estou apenas lidando com verdades e...

— Certo, entendi – conserto minha postura, mas sou incapaz de me afastar da garota. — De qualquer forma, obrigada – sou sincero e não entendo o porquê Verônica dá risada da minha atitude. — Tá tudo bem?

— Namora comigo, Alex?

♥

Não me lembro qual foi a última vez em que me senti tão sortudo quanto naquele momento épico em que Verônica Mitchell me pediu em namoro. Talvez quando ganhei um pote de cinco litros de sorvete de chocolate em uma rifa da escola, quando papai me presenteou com o violão que eu namorei por meses ou quando encontrei a coleção da playboy que pertencia a vovô, ele sempre foi um velhinho pervertido. Mas nada, absolutamente nada, se comparava com o posto de namorado da garota mais incrível que eu já conheci em toda a minha vida.

Tudo bem que eu só tinha dezessete anos e uma infinidade de coisas para aprender, mas o que mais podia importar? Eu era namorado de Verônica Mitchell, mesmo que não passasse apenas de um namorado de mentirinha.

Verônica e eu nos conhecemos no primeiro ano do ensino médio, quando a garota me procurou pedindo ajuda com matemática, que era quase como um bicho de sete cabeças para ela. Depois eu descobri que participávamos, juntos, do grupo de leitura e de jogos, e nós nos divertíamos bastante jogando quadribol e compartilhando nossa paixão por Harry Potter.

Ela era a nerd mais linda daquela escola e de qualquer outro lugar, eu era apenas mais um cara comum, que gostava de basquete e era apaixonado por musica, e por ela. Verônica e eu nos demos bem logo de cara e não demorou muito para que eu me apaixonasse pela garota. Mas ela era apaixonado por outro e aquilo seria até engraçado se não fosse cômico e doloroso, afinal, quem vai dizer o quão maravilhoso é gostar de uma pessoa que não sente o mesmo por você?

Entretanto, eu podia fingir que não sabia daquilo, principalmente naquele momento em que ela estava linda, pra cacete, do meu lado, naquele baile ridículo do Valentine's Day que a escola insistia em dar todo santo ano. E eu estava certo de que jamais me esqueceria daquele evento piegas, não quando foi ele o motivo de Verônica ter me pedido em namoro.

— N-namorar.com.você? – questiono feito um idiota, gaguejando outra vez.

— Ok Alex, eu não tenho peitos tão fartos e bonitos quanto os da Scarlett Johansson, mas ninguém nunca reclamou do meu beijo – Verônica faz um biquinho fofo que me provoca uma vontade absurda de provar do seu beijo. Além do mais, eu sei fritar batatas sem deixá-las ensopadas de gordura e não tenho frescuras do tipo, não posso tomar um litro de sorvete com meu namorado porque vou ficar gorda e todo aquele blá blá blá que garotas frescas fazem.

— Qualquer garoto adoraria namorar com você, V. Por Deus, você é maravilhosa –respondo Verônica feito um idiota, o que a faz sorrir de uma maneira muito bonita.

— Aposto que o Ian Somerhalder prefere garotas mais adultas, mas você é tão lindo quanto ele – Verônica gargalha, porque certamente eu estou revirando meus olhos com sua comparação.

— Claro – ironizo.

— Quer ou não quer namorar comigo, Alex Sharman? Fique você sabendo que eu sei lidar muito bem com um fora.

— Eu seria muito maluco para conseguir te dar um fora, V.

— Isso foi um sim? – o sorriso de Verônica está tão amplo e me faz querer eternizar o desejo de ser o motivo de todos os outros que estamparão seu rosto bonito.

— Com certeza – sorrio feito um idiota quando Verônica saltita animada de sua cadeira, e comemora de um jeito esquisito, que parece bom demais para mim. Depois ela deposita um beijo demorado em meu rosto, permitindo que eu sinta a fragrância gostosa do seu perfume.

— Ótimo Alex, você é o pretendente perfeito aos olhos de mamãe.

— O quê?

— Você é o namorado de mentirinha perfeito para mim, Alex. Mamãe não me deixaria em paz se eu fosse sozinha ao baile do Valentine's Day. Você salvou minha pele e eu te amo ainda mais por isso, maninho.

♥♥♥