Tape 1, Side A

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Oi, é o Louis, Louis Tomlinson. Ao vivo e em estéreo. Sem promessa de retorno, sem bis e, desta vez, sem atender a pedidos. Espero que vocês estejam prontos, porque vou contar aqui a história da minha vida. Mais especificamente, como ela chegou ao fim. E, se estiver escutando estas fitas, você é um dos motivos.

— L- Louis. — Meu corpo está paralisado, engulo seco e pisco algumas vezes consecutivas para ter certeza de que isso não é mais um pesadelo. Mas não! É real!

Não vou dizer qual fita conta a sua participação na história. Mas, não se preocupe. Se você recebeu essa caixa, seu nome vai aparecer... Eu prometo!
Afinal, um garoto morto não mentiria. Isso está parecendo uma piada, não é mesmo? Por que um garoto morto não mentiria? Resposta: porque ele não pode mais falar!

As regras são bem simples. E são só duas. Primeira: você escuta.
Segunda: você repassa.

Espero que nenhuma delas seja fácil para você.

— Harry, o jantar está pronto! — Os passos de Anne descem as escadas e adentram à garagem.

— Mãe! — Levanto-me num pulo e quase soco todas as teclas do toca-fitas ao mesmo tempo para que o mesmo desligue.

— Eu disse que o jantar estava pronto! Você está com algum problema de audição, Harry?  — Reviro os olhos para a mesma que se encontra em minha frente com as mãos depositadas na cintura e o mesmo olhar autoritário que ela fazia quando eu tinha cinco anos. — Escutou suas fitas?

— Quais são as minhas? — Arregalo os olhos empurrando me apoiando na bancada e derrubando a caixa com as fitas no chão. Droga!

— As fitas que deixaram aqui na porta. — Anne se agacha junto a mim para pegar as fitas espalhadas, enquanto me lança um olhar desconfiado. — Harry, está tudo bem?

— Ah sim, essas fitas! Hm... É apenas um fã. — Me desvio do olhar logo me levantando com a caixa cheia de fitas sã e salva em minhas mãos. — Está tudo bem! Tudo ótimo. O jantar está pronto? — Digo sem dar tempo para respirar. Como Louis dizia: sou um péssimo mentiroso!

— Sim! Venha! Vamos comer! — Anne sorri dando os ombros, se virando e tornando a subir as escadas. Sigo-a trazendo em um braço a caixa de fitas e no outro o rádio velho.

Ela sabe que estou mentindo. Qualquer pessoa consciente é capaz de perceber isso. E não estamos falando de qualquer pessoa, estamos falando da minha mãe.

Gemma veio para o jantar, junto de alguns de nossos amigos de infância. Na verdade, Anne preparou verdadeiro banquete para minha chegada. Pães de todos os tipos, carnes, vinhos, e vários e vários biscoitos de amora. Todos riem, se divertem, mas para mim é com se mundo estivesse no mudo, pois único som que se repete em minha cabeça é o som da doce voz do Lou.

"Oi, é o Louis, Louis Tomlinson. Ao vivo e em estéreo. Sem promessa de retorno, sem bis e, desta vez, sem atender a pedidos. Espero que vocês estejam prontos, porque vou contar aqui a história da minha vida. Mais especificamente, como ela..."

— Você lembra, Harry? — Gemma estala os dedos em frente ao meu rosto com o objetivo de me acordar do devaneio.

— O quê? — Meu olhar é de plena confusa. Eu não ouvi nenhuma palavra do que ela disse. — Sim, eu me lembro! — A mesa inteira cai na risada.

— Eu havia perguntado sobre aquela vez que eu fui engolida por um cachorro e você o fez me vomitar de volta! — Gemma diz de forma quase incompreensível devido a risada compulsiva.

Ela disse uma coisa absurda só porque sabia que eu não estava prestando atenção no assunto.

HA HA HA Gemma, quantos anos você tem? Seis?

Live and in stereo -l.s Onde as histórias ganham vida. Descobre agora