—Não brigou na escola não, né? -Ele estreita o olhar pra mim.

—Não Papai. -Engolir seco.

Ele se levanta e me chama, logo vem uma moça com a minha mochila pego e agradeço a mesma, me despedir de Mamãe e Tio Luka. Saímos do ateliê e Papai andava em passos largos enquanto eu tentava acompanhar atrás, ele abriu a porta do carro para mim e entrei, ele deu a volta no carro e também entrou e deu a partida.

—Você chegou rápido. -Falo olhando pra ele.

—Eu estava aqui perto… -Ele fala meio que estressado.

—Aconteceu alguma coisa, Pai? -Pergunto e ele bufa.

—Não Filha… -Ele fala baixo. —O que aconteceu mesmo na escola?! -Ele me olha de relance.

Engolir seco e viro meu rosto, não posso falar para Papai que um menino quis me abusar. Conheço muito bem meu Pai e ele não iria descançar até achar Lorenzo e matá-lo, não quero ser o motivo da morte dele.

—Foi um mal estar, Pai. -Falo e ele murmura.

Fico olhando as árvores pelo o caminho e logo o calçadão do Leblon aparece, fico logo atenta caso eu vejo o Enzo. Ai o Enzo, estou com saudades dele e não consigo parar de pensar no nosso último encontro, certo que foi cheio de surpresas mas isso não tirou o meu sorriso te tê-lo nos meus braços. Papai para no sinal e eu me aconchego no banco do carro, fecho meus olhos enquanto ouvia a música baixa do rádio.

Meu Pai bufa por conta do trânsito e abrir meus olhos, e olho para o calçadão e logo o vejo caminhando tranquilamente enquanto mexia no celular. O meu coração faltou saltar pela a boca, olho de relance para Papai e o mesmo estar olhando para o outro lado, volto a olhar para Enzo e o mesmo para em um dos quiosque e mexe no celular, não demora muito e sinto o meu vibrar no meu bolso, peguei o mesmo e vi que era uma mensagem sua, sorrir mas não abrir pois seria muito arriscado demais.

—Enzo… Moleque do meu nojo. -Ouço a voz do Papai e engolir seco.

—Enzo?! Quem é? -Guardo meu celular.

—Grave bem o rosto daquele menino, Melinda… -Ele aponta para Enzo. —Acredite Filha, aquele moleque ali é o Dono do Vidigal… Meu inimigo. -Podia sentir raiva na sua voz.

Sentir as minhas pernas bambas e minha garganta seca, o meu peito subia e descia por causa da minha respiração descontrolada. Por um momento tudo em minha volta parou e uma vontade imensa de chorar me atingiu, nunca imaginei que passaria por uma situação tão difícil como estou passando agora.

—Se você ver ele por ai, sai de perto e volte para casa, entendeu? -A sua voz saiu grave me intimidando.

—Sim Papai… -Falo cabisbaixa.

O sinal abriu e Papai deu a partida, o caminho todos fomos em silêncio e Eu agradeci por isso, não estava com cabeça para ter um diálogo com Papai.

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Chegamos no Morro e Papai subiu o mesmo tranquilamente, ele baixou os vidros e fala com algumas pessoas.

—Posso ir para a Vovó Márcia? -Pergunto baixo.

—Por que? Não quer ficar com Maria? -Ele me olha de relance.

—Não é isso… Faz tempo que não vejo a Vovó. -Falo e ele respira fundo.

Papai acelera o carro até chegar em frente da casa de Vovó, tirei meu cinto e peguei a minha mochila, sair do carro e corrir até o portão abrindo o mesmo.

Meu Pai é Um Traficante |||Where stories live. Discover now