Prologue

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As últimas semanas foram longas. Apresentações, sessões de fotos, entrevistas coletivas, gravações... E no final de tudo isso, meu maxilar está dormente de tanto forçar um sorriso para convencer a todos de que está tudo bem, e que Louis, seja lá onde ele está agora, gostaria de nos ver sorrindo. O que é uma mentira das mais cabeludas pela seguinte razão: Louis se matou.

Me sinto fraco, angustiado, destruído por dentro, mas não pude deixar isso transparecer. Logo depois que anunciaram a morte de Louis para o imprensa, fomos convocados para uma breve turnê, por vários programas de TV e rádios de todo o mundo para convencermos a todos de que Louis teve uma vida plena e cercada de amor, o que também é outra mentira mentira cabeluda. Como podem ver, nós fazemos isso com uma grande frequência.

Encaro a vista pela janela e um suspiro de alívio escapa por meus lábios. Lar, doce lar! Depois de semanas fazendo bancos de avião e sofás de camarim de cama, finalmente terei minhas merecidas férias em Holmes Chapel.

— Vou te ajudar com as malas, Senhor Styles!  — Ouço Oliver, meu motorista, dizer assim que estaciona em frente de casa.

— Está tudo bem Oliver! Eu não trouxe muita coisa. — Digo em resposta para o poupar de descer do carro no frio de 4ºC que faz lá fora.

Me despeço do mesmo. Saio do carro, pego minhas duas mochilas no porta malas e subo as escadas de entrada da grande casa branca com jardins nas laterais. Ouço o carro de Oliver dar partida atrás de mim.

Assim que subo o último degrau e caminho até a porta, meus pés chutam algo no caminho. Abaixo meu olhar em direção à um pacote do formato de uma caixa de sapatos diante dos meus pés com meu nome escrito à mão em sua superfície. A caixa de correios tem uma abertura por onde o carteiro coloca a correspondência, mas qualquer coisa mais grossa que um sabonete é deixada do lado de fora. Sorrio fraco me agachando para pegar a caixa que provavelmente uma fã deixou por aqui. Isso acontece quase todos os dias.

Pego-a e entro em casa.

— Harry, é você? — A voz de Anne vinda da cozinha ecoa assim que fecho a porta atrás de mim.

— Não! Sou um invasor! Estou armado! Ponha as mãos por alto e nem pense em acionar a polícia! — Ouço uma risada em resposta.

Me aproximo da cozinha, e o cheiro está delicioso. Os biscoito de amora que eu e Gemma éramos viciados quando crianças.

Anne que se encontra de avental, com os cabelos presos para cima em um coque desajeitado, logo enxuga as mãos sujas de massa em um pano ao seu lado e vem me abraçar. Um abraço forte e demorado, que me faz querer cair no choro ali mesmo, porém me contenho.

— Eu e Gemma achamos que você ia gostar dos biscoitos de amora! Ela não deve demorar a chegar! Sei que você está com fome! — Ela sorri sem jeito e dou um beijo em sua testa como forma de agradecimento por toda a preocupação nítida em seus olhos. — Outro presente de fãs? — Ela sorri para a caixa ainda em minhas mãos, voltando a mexer a massa dos biscoitos.

— Provavelmente! — Encaro meu nome escrito sobre o embrulho. Levo-o até o balcão. Abro a gaveta das tralhas e pego um estilete. Passo a lâmina em torno dele e levanto a tampa. Dentro da caixa de sapato há um rolo de plástico-bolha. Desembrulho de forma desajeitada e encontro sete fitas cassete no seu interior.

No canto superior de cada fita há um número pintado em azul. E cada lado está ordenado com um número. Um e dois na primeira fita, três e quatro na seguinte, cinco e seis, e assim por diante. A última fita tem um treze de um lado, mas nada do outro.

A criatividade e organização desta pessoa me desperta certa curiosidade. Ninguém mais ouve fitas cassete hoje em dia. Será que tem algum jeito de tocá-las?

O rádio velho! Talvez ele ainda funcione. Tinha uns quatorze anos quando comprei em uma venda de garagem, na época eu colecionava coisas antigas.

— Mãe, vou dar uma ida lá em baixo! — Saio da cozinha sem esperar resposta da mesma que grita algo sobre os biscoitos.

Desço as escadas rapidamente, mais curioso em saber se meu tocador de fitas ainda existe, do que querer ouvir o que há nas próprias fitas pra dizer a verdade.

A garagem está um pouco bagunçada devido a reforma que teve aqui há pouco tempo. Vasculho por um tempo toda a confusão de coisas velhas que já deviam ser jogadas fora, e aqui está ele. O radio tocador de fitas, coberto de poeira, com algumas manchas brancas de tinta sobre o mesmo.

Arrasto um banquinho até a bancada e me sento. Aperto o eject do toca-fitas e uma portinha se abre. Retiro a fita número um da caixa e logo me arrependo de ter tido a idéia de ouvir.

Live and in stereo -l.s Where stories live. Discover now