— Anastásia! — repreendeu Dimitri.

— Verdade. — Alexander entregou um copo com conhaque para Vladimir. — Ele está morrendo de medo.

— Falarei com o irmão de Lara amanhã.

— O senhor dará a benção? — perguntou Dimitri pegando o copo da mão de Alexander e bebendo um grande gole.

Alexander tomou o copo de volta e bateu no ombro de Dimitri.

— O tempo todo era para isso acontecer. Pergunto-me se ela vai aceitar se converter para nossa igreja ortodoxa. Falar russo ao menos ela sabe.

— Acho que sim.

— Daqui a pouco estará subindo pelas paredes de nervosismo. — Anastásia olhou as unhas como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

— Porque eu não sei de ela vai aceitar.

— Não seja pessimista, Dima. — Vladimir pegou suas mãos. — Comigo foi ainda pior.

— Papai, conte-me como foi o casamento entre você e mamãe. — Anastásia apertou seu ombro.

— Ela foi prometida a mim desde os 6 anos, eu tinha 8 anos. Nossos pais eram muito amigos, a união seria perfeita. Mas, eu não queria casar com alguém que eu não conhecia, fui contra o casamento, porém, não tive escolha. Sasha veio da Romênia, filha do rei Sabin, por acaso é avô de vocês.

— O que houve com vovô?

— Teve um ataque cardíaco quando soube o que aconteceu com Sasha. — Vladimir bebericou o conhaque com o olhar triste. — Continuando a história, nós nos odiamos assim que nos vimos. Ela não queria estar comprometida comigo, eu também não queria estar comprometido com ela. Ficamos sem nos falar algumas vezes, porque eu disse algumas coisas grosseiras. Porém, ela caiu do cavalo e eu tive que ajudá-la. Desde então, tudo mudou. Casamos loucamente apaixonados. Então não tenha medo, a paixão está plantada entre vocês, futuramente o amor estará enraizado, e vocês não pensarão em mais ninguém, pois não existirá ninguém para substituir o que sentem um pelo outro. Dizem que amamos apenas uma vez, eu acredito que seja verdade, pois jamais amei outro alguém como eu amei Sasha.

Vladimir bebeu todo líquido do copo.

— Eu ainda a amo. Na verdade, eu nunca superei a morte dela. Foi difícil, ainda é. Jamais aceitei, apesar da verdade estar o tempo todo evidente para mim. O destino não foi bom comigo, mas eu nunca culpei Deus por isso. A culpa é do homem, sempre do homem. — suspirou. — Você vai ser feliz, Dimitri. Eu espero ver isso por um bom tempo.

Ivan entrou tranquilamente no palácio como previa. Cumprimentou alguns guardas para não desconfiarem e andou até a porta da cozinha, precisava encontrar Irina.

A cozinha estava lotada de empregados fazendo comida, organizando e lavando pratos. Uns gritavam com outros quando faziam coisas erradas, uma verdadeira confusão. Mas ele não conseguia enxergar Irina por ali, porém sentia que ela estava por perto, a conhecia muito bem para saber que não abandonaria a cozinha em pleno baile.

— O senhor não deveria estar vigiando a porta?

Reconheceu a voz dela atrás dele e deu um sorriso.

— Irina. — virou-se para encará-la. — Que prazer revê-la.

Ela ficou pálida imediatamente e derrubou a xícara que estava na mão no chão. Ivan adorava ver as pessoas surpresas ou com medo dele.

— Não deveria quebrar coisas que não lhe pertencem, Irina.

— O que está fazendo aqui? — finalmente ela conseguiu falar.

— Preciso acertar algumas contas pendentes com o czar e sua família.

— Não há nada aqui para você, Ivan. Vou chamar os guardas.

Ivan agarrou seu braço com força.

— Apenas tente, e deixará seu filho órfão.

Seus olhos se esbugalharam.

— Não seria capaz...

— Não poupei minha irmã, quanto mais você.

— Ele também é seu filho, seu cretino! — disse baixo ameaçadoramente.

— Oh, isso é o que você diz. Aposto que dormiu com milhares de homens naquela noite.

— Seu imprestável. — cuspiu no rosto dele. — Eu era apaixonada por você, jamais me envolveria com outro homem. Como pude me enganar tanto com uma pessoa?

— Acha mesmo que um grão-duque casaria com uma governanta pobre e imunda?

Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Irina.

— O que quer comigo?

— Apenas rever a mulher mais iludida com quem transei alguns anos atrás e saber por onde anda o czar.

— Não vou trair a confiança do meu soberano por sua causa, seu imprestável. Eu quero que morra banhado em seu próprio sangue e sufoque com ele.

— Pensei que fosse uma pessoa melhor. — segurou o braço dela com mais força. — Vamos para seu quarto.

— Não vou a lugar nenhum com você.

— Vai sim. — pegou a arma e encostou na barriga dela. — E agora?

— Por aqui. — engasgou.

— Boa governanta.

Ela o levou até seu quarto, que estava vazio. O único barulho que se ouvia era o crepitar da madeira pegando fogo. Era tudo muito simples, mas com conforto, assim achava Ivan.

— O que quer aqui?

— Fazê-la ficar calada. Eu sei muito bem que correrá para o primeiro guarda que achar em seu caminho e dizer sobre mim.

— Não consigo imaginar qual loucura possui seu imbecil inútil. Aparecer aqui e me forçar a ficar calada, quanto o que eu mais quero é sua morte em praça pública pelo que fez para Alexandra, e por aquela menina, Anastásia.

— Desde quando toma as dores dos outros para você?

— Desde quando mudou a vida de muitas pessoas. Por onde passa deixa destruição e acha tudo muito lindo, não é? Consegue ser ainda mais patético. Como será lindo ser lembrando pelas porcarias e imundices que fez para o próximo, Ivan Tchaikovsky.

Ivan não a esperou dizer mais nada e deu uma coronhada em sua cabeça. Estava começando a ficar acostumado em fazer aquilo. Colocou o corpo de Irina em cima da cama, rasgou os lençóis e amarrou as mãos e os pés dela. Amordaçou sua boca logo em seguida.

— Fique caladinha, querida. — beijou sua testa. — Agora poderei acertar minhas contas em paz.

E saiu do quarto.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now