Capítulo 5 - Até que ponto vão os sentimentos de um demônio?

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Capítulo 5 – Até que ponto vão os sentimentos de um demônio?

Adiantando-se às perguntas que certamente teria de enfrentar e a todo custo tentando evitar mais alguém para ser objeto de ódio de Toby – Mr. T em si já bastava! -, Eleanor abriu o mais belo sorriso que pôde dar no dado momento e, interrompendo sua refeição – e claramente ignorando o roncar incessante do estômago -, desatou a falar.

Não sabia muito bem por onde começar, então julgou que partir do simples era o melhor a se fazer.

- Toby, querido, esse aqui é Robert, um amigo de infância que eu não vejo há muito tempo. – Tentou, em vão, suprimir uma revirada de olhos ao ouvir o menino balbuciar algo de boca cheia que soava como ''mais que amigos, imagino eu''. Virou o rosto para o homem, ignorando a sensação crescente de que aquele cenário todo era um tanto quanto surreal. – Robert, esse aqui é Toby. Ele trabalha na loja comigo e é meu filho adotivo. – Sorriu com ternura para o menino enquanto falava. O que foi? Amava aquele projeto de gente! – Pois bem, tratem de se entender, ou ano menos não tentar nada que envolva assassinato – já bastava o barbeiro – pois Robert ficará conosco por um tempo. Tudo bem por você, querido? – Perguntou em seu tom mais cálido, voltando o rosto cheio de expectativa para Toby.

Por alguns instantes o menino cogitou recusar e dar um jeito de expulsar aquele intruso de sua casa. Entretanto, só de olhar para sua mãe ele podia notar que, se ela não estava feliz, ao menos parecia mais radiante do que nunca. Sabia que não tinha escolha, então não podia livrar-se de nenhum dos homens que a circundavam. Mas, por outro lado, Robert lhe inspirava muito menos terror que Sweeney e, na falta de algo melhor, optaria por ele. Era um desconhecido, verdade, mas não parecia ser um louco psicótico.

Deu de ombros um tempo depois. Que escolha tinha, afinal, se não a de conviver com o indesejado?

- Claro, por que não? – Resmungou levantando os olhos levemente de seu prato e encarando o homem como quem diz '' Cuidado com o que faz. Eu irei protegê-la sempre!'' Por fim não conseguiu evitar o sorriso pequeno que brotou em seu rosto juvenil ao notar o brilho renovado que surgiu nos dois adultos e a forma doce e simples como Robert afagou as mãos de Eleanor, que jaziam apoiadas inquietas sobre a mesa.

- Obrigado, Toby! – O homem sussurrou sorrindo para ele, voltando rapidamente o olhar para a padeira ainda radiante.

Quem olhasse de fora julgaria os três como uma família perfeita. Todos sorrindo à mesa do café da manhã. Perfeito demais para alguém como Mrs. Lovett poder desfrutar o momento.

Antes mesmo de uma conversa decente poder ter seu início, a mágica foi quebrada ao ter-se a porta da loja aberta num estrondo furioso que refletia o humor do homem que entrava marchando no local.

- Posso saber em que sorte de bordel esse lugar se tornou? – Perguntou bufando, os olhos alucinados voltados para Robert. – Que tipo de prostituta baixa você se tornou para se jogar nos braços de qualquer um que apareça a sua porta, Mrs. Lovett?

Tudo o que Sweeney via era vermelho. Não sabia o porque, mas seu demônio interior queria por tudo acabar com a vida do homem parado a sua frente. Até mesmo o juiz havia sido esquecido por hora.

A última lembrança nítida que teve antes de cair na escuridão foi a dor lancinante de algo lhe atingindo o lado esquerdo do rosto. Mal notando quando o corpo, lançado para trás pela surpresa, caiu no chão como um peso morto.

Deve ter batido com a cabeça, pois apagou no mesmo instante, entretanto lembrava com total certeza de ter ouvido um estridente grito feminino ressoando ao fundo. Não pode evitar o pensamento de que aquela voz pertencia a uma mulher em especial e que, certamente, aquele som significava que ela estava preocupada com ele. Era estranho o calor que sentiu dentro de si ao ter tal ideia.

What Doesn't Cut The Flesh Can Do Pretty Bad Things On The InsideWhere stories live. Discover now