⚜Cap: 1 - Instituto Psiquiátrico

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Olá! Seja bem vindo (a)! Estou muito feliz por você estar aqui e espero que este romance venha te emocionar e surpreender. Faça uma boa leitura!!!

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De vez em quando os guardas trazem à beira do mar os pacientes menos insanos. Cada um recebe um kit praia, contendo um sanduíche mais um suco. Ficam livres para aventurarem-se no tempo, na paisagem plúmbea, no rasgado da brisa, condensada em passinhos, na chegada e partida da seca luz, saudosa e pranto. O Mundo real guarda em si cenas ditas previsíveis para a sua Comunidade e subdivisões, mas não são nas palmadinhas a certeza da homogeneidade e estabilidade. Ah, quem dera...!

  O "Eterno lar", como eles preferem chamar, é um hospital para tratamento psiquiátrico que fica localizado no estado de Sergipe. Foi uma fazenda laranjeira instaurada no ano de 1884. A reforma no casarão aconteceu na década de 70 para o tratamento de pessoas com transtornos mentais. Mantiveram a arquitetura do casarão de seus anos áureos e pequenos detalhes foram sucedidos para apenas o bem estar dos internados.

Permanece repartido os cinquenta cômodos bem ventilados pelas janelas originais imensas na altura de três metros para o benefício dos quarenta pacientes. Já nas antigas senzalas, as janelas minúsculas ganharam um tamanho médio padrão e tornaram dos seus espaços, para fins cirúrgicos e pós cirurgia, mas também para internação de casos demasiadamente  graves e uma parte para estabelecimento de estoque de remédios.

No jardim principal, fora deixado um pedaço de terra para plantio de laranjas, no intuito de manter a lembrança da antiga fazenda. E ao redor do terreno, limite liberado para o hospital, construíram muros altos com uma uma única entrada, colocaram portão de ferro com guarita e vigilância vinte quatro horas. Ali ninguém passa sem prévia autorização. Por fim, não mais que sessenta metros, encontra-se o destilar da maresia.

Locke, como prefere que a chame, está sentada sobre a areia, assombrada com o barulho do mar, porém, ao mesmo tempo fascinada e enamorada. Gosta de estar ali para ler, escrever e meditar - com ela estão mais dez companheiros, também, vigiados pelos olhos dos guardas e enfermeiros.

Trabalham sem cessar para manter a paz dos portões pra fora.

- Ei, você, não vai comer o teu pão ?

Um senhor de barba e cabelos grisalhos, conhecido por Jubileu. Se aproximou de Locke, que nem tocou no alimento. Sem notar, a presença do colega é mais uma vez chamada:

- É surda?

Locke em  seus pensamentos tem vontade de acreditar em ter nascido com essa deficiência. Como seria não fazer contato auditivo aqui fora? E lá dentro poderia me comunicar sem problema algum?

- Ei, garota, responde ai. (Cutuca-a no joelho)

O toque a sequestra das reflexões e bondosamente responde ao colega:

- Toma! Pode comer o meu pão.

Jubileu pega o pão, rapidamente, e balança a cabeça dizendo:

- Parece louca!

Um grupo de cinco pessoas, que estava ali próximo,  começou como se fosse gêmeos a reproduzir a fala de Jubileu:

- Parece louca! Parece louca! Parece Louca!

Locke entristece o semblante descendo-o para o livro que segura.

Volta o olhar para o grupo que agora pouco passou por ela e sem poder deixar de notar, acha graça no jeito que o colega mastiga o pão . Viu que faltavam-lhe muitos dentes e não detinha o controle de suas mãos. Por discrição, mantém-se indiferente. Se volta novamente para o mar e o compara a um consciente, cujas ondas quando veem são tais como as lembranças que quando menos se espera,  aparecem. Só que algumas sempre ficarão ali submersas até que um dia, quem sabe, essas lembranças reprimidas reapareçam.

Se deliciando do pão, não pode deixar de reparar no livro da colega.

- Esse livro tem jeito de ser interessante! (Fala com a boca um pouco cheia)  - eu tenho uma meia dúzia, uns eu faço uso para não mancar minha cama. (Ri tão alto e aberto que a gente pôde ver as sobras de pedaços de pães entre os os dentes que ainda resistem.

Segurando o livro entre as mãos ela responde:

- Este? Não sei. Vou iniciar a leitura.

O  senhor franze a testa, desconfiado da pergunta:

- Sei não, acho que vai é escrever...Um diário.

Se conseguir se segurar, os dois riem.

A conversa é interrompida quando um enfermeiro, chamando Celso se aproxima:

- Locke, este pão é teu?

Jubileu sai em passos rasteiros escondendo a sobra do pão debaixo da blusa apoiado pela barriga.

- Não! (Responde Locke)

- Cadê? Eles levaram?

A garota sabia que não podia desperdiçar ou oferecer alimentação para um outro colega.

- Não, eu já comi o meu!

- OK, então! Mas saiba de uma coisa, não pode repartir alimento com os demais colegas.

- Tudo bem!

Estando novamente na companhia de si é abordada pelo grupo que rodeiam-na e adjetivam-na:

- Louca! Louca! Louca...

As vozes desaparecem no nevoeiro e com elas as sombras dos rostos, restando apenas uma única palavra: Louca. Que vai se repetindo, formando um grande além.

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Agradeço por ter chegado ao fim do primeiro capítulo!
Deixe nos comentários a sua opinião, vou adorar saber e responder. Ah, por favor, não esqueça de votar!!!!

Tchau e até o segundo capítulo!🤗

(Página do livro no face: https://m.facebook.com/memoriasdeninguem/)

Memórias de Ninguém #WATTYS2017Onde as histórias ganham vida. Descobre agora