Capítulo 14

Beginne am Anfang
                                    

— Clark, eu deveria... mandar... você... sair ... daqui... — ele ofegou, mas depois um breve sorriso desenhou-se em seus lábios, o que, de certa forma, me aliviou. — Mas, por algum motivo... odeio a ideia... de tê-la longe.

Suas palavras fizeram meu coração se apertar e se agitar de felicidade, tudo no mesmo tempo, causando-me um misto de sentimentos. Ele odeia me ter longe, meu inconsciente fez questão de me lembrar.

— Não vou ficar longe, mesmo que me peça isso.

Ele soriu, dessa vez mostrando os dentes alinhados. Suas pálpebras se abriram, revelando olhos azuis cinzentos e, por fim, ele me olhou. Amava a sensação de alivio quando ele me olhava daquela maneira, como se eu fosse a coisa mais preciosa que ele tinha na vida. Retribui o sorriso.

Os olhos dele, meu inconsciente gritou alto em minha cabeça e, no mesmo instante, eu paralisei. Lembrei-me de Lily e de seus olhos. O que, consequentemente, me lembrou de que ela fugiu — não sei se fez isso antes ou depois que a ambulância chegou. Eu passei o dia inteiro fora e por isso Will adoeceu e, no final das contas, acabei sem nada para oferecer a ele. O que eu iria dizer? Que sua filha estava dormindo na rua e que eu a tirei da cidade onde morava e tinha amigos e agora simplesmente estava sozinha por qualquer parte de Londres? Engoli em seco. Sabia que não podia dizer isso a ele, mas ao mesmo tempo eu sabia que não podia omitir outra coisa dele. Ao olhar para seu rosto com mais atenção, a ideia de não contar a verdade era tentadora. Não que mentir para seria mais fácil, mas porque eu não sabia como dar uma noticia ruim para aquele homem em minha frente.

— Preciso contar uma coisa para você. — Minhas palavras saíram desesperadas, atropelando uma a outra, como se eu tivesse me engasgando. Mas eu precisava dizer isso antes que minha pouca coragem se esvaísse.

Ele apenas assentiu e eu notei que o fez com dificuldade. Engoli em seco. Como eu vou conseguir falar isso em voz alta? Com certeza, voltaríamos à mesma discussão de antes. Eu queria sair e voltar com Lily para os dois se conhecerem, tudo estava perfeitamente planejado exatamente porque eu não esperava por isso. Agora estou aqui, de mãos atadas, vendo meu eu interior, que ao sair de casa estava confiante, se desmontar aos pedacinhos enquanto encarava o fato de que Will provavelmente me odiaria assim que eu fechar minha boca.

Mas eu não tinha outra opção.

— Eu fui até Brighton — falei isso tão rápido que minhas palavras saíram como um sopro de vento. — Minha intenção era trazer sua filha até você.

— Você... Fez... O que?

Não consegui dizer nada. Will estava ofegando e eu cogitei a ideia de colocar a máscara nele, mas provavelmente sua fúria aumentaria.

— Sem... me... avisar?

Tirei os olhos dele. Não conseguia encarar ele enquanto ele me olhava daquele jeito; o jeito de quem estava desaprovando minha decisão. O olhar de quem estava claramente me julgando e me achando patética demais. Meu inconsciente até teve a certeza de que, provavelmente, agora ele estava pensando porque diabos escolheu a mim para ter uma vida ao seu lado.

Cessei meus pensamentos quando a sua respiração entrecortada pesou. Com delicadeza, puxei a máscara para cima, mas não a coloquei. Estava esperando que ele afastasse minha mão, porém ele não se moveu. Nós dois sabíamos que ele estava com dificuldade para respirar e não estava com a bola toda para escolher ter ajuda ou não. Assim que coloquei a máscara nele, voltei a olhar para a frente, encarando a cortina branca que ia até o chão da janela grande do Hospital. Respirando fundo, continuei a contar sobre o meu dia, desde o momento que sai de casa, até quando voltei e o encontrei no quarto. Não escondi nenhum detalhe, nem mesmo o de Lily dormindo na rua. Fiquei prestando atenção na palpitação do seu coração que apitava alto nas máquinas e o único momento em que se alterou foi quando contei se ele perguntou sobre ela.

Como Eu Era Antes De Você - Cinco anos mais tardeWo Geschichten leben. Entdecke jetzt