VIII - Más notícias na ala hospitalar

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Hogwarts, 30 de junho/01 de julho de 1997  

Algumas vozes confusas não paravam de conversar sobre alguma coisa, e pareciam vir de um lugar distante, será que eram reais? Atravessavam o ar ou linhas telefônicas?

"Não existem telefones em Hogwarts", Emma pensou. Então finalmente acordou.

Mas não de repente, seus olhos demoraram a abrir, ela acabou passando muito tempo apenas ouvindo os sons que vinham de algum lugar ali perto.

"Muito obrigada, Madame Pomfrey." Era Luna, tinha certeza disso, pois a forma sonhadora como pronunciava cada palavra era inconfundível.

"Já faz um tempo desde que não tomo um desses, está delicioso." Ouviu Madame Pomfrey agradecer o elogio da garota logo em seguida. Perguntou-se se estaria na Ala Hospitalar.

"A senhora não pode fechar os ferimentos com um feitiço ou outra coisa qualquer?" * Agora era Harry quem falava. Quem estava ferido? A curiosidade fez Emma abrir os olhos e virar-se na direção das vozes. Esperou um momento até que sua visão voltasse a ficar nítida, e assim pôde divisar um grupinho que contornava uma das camas, reconheceu gente da Armada de Dumbledore e da Ordem da Fênix, mas não conseguiu enxergar quem estava deitado. Ficou quieta ouvindo o resto da conversa.

Algum tempo depois descobriu que se tratava de Gui Weasley, que fora mordido por Lobo Greyback, mas como? Por que todos estavam ali? Por que Greyback teria mordido Gui? E por qual razão ele não estava no St. Mungus? Ele fora mordido em Hogwarts? O que Comensais estariam fazendo em Hogwarts? Essas foram algumas das perguntas que pipocaram na mente de Emma, estava tão confusa que não conseguia pensar em falar.

E então Gina disse algo que lhe causou um súbito mal-estar.

"Dumbledore está morto." *

Viu Lupin cair no choro, sua reação ao receber a notícia provocou nela ainda mais dor. E se lembrou de Regina e dos acontecimentos daquela mesma noite, talvez horas mais cedo, não sabia ao certo. O tempo parecia maluco, perguntava-se se aquele ainda era o mesmo dia em que ela vira a garota que amava ensanguentada no chão. E agora o diretor da escola estava morto.

Harry Potter parecia saber de todos os detalhes do acontecimento, pois contava aos outros sobre a morte de Dumbledore, o que causou uma comoção diferente em cada um. Até Madame Pomfrey chorava. Foi então que Emma se tornou perceptível na sala, e quem a viu primeiro foi Hermione que correu até sua cama.

"É verdade?" Foi tudo o que conseguiu dizer, estava em choque.

"Sim. O que aconteceu contigo? Não te vi mais cedo, quando nos reunimos."

"Se reuniram? Eu não estava me sentindo bem e a Profª Minerva achou que seria uma boa ideia eu tomar um pouco de chocolate quente e descansar. O que houve?" Ajeitou-se na cama para também olhar os outros que agora tinham sua atenção voltada a ela. Todos possuíam pelo menos um arranhão no rosto, e alguns rasgos nas roupas também. Resquícios de batalha.

"Comensais invadiram Hogwarts, a Armada e a Ordem lutaram juntos contra eles. Dumbledore foi..." A voz de Hermione vacilou na última frase.

"Eu ouvi. Como Snape teve coragem de fazer algo assim? Dumbledore confiava nele, não?"

"Aquele..." Mas ninguém pôde ouvir o que Harry diria de Snape, pois Gina alertou todos de um detalhe que ninguém havia percebido até então.

"Psiu! Escute!" * Fez-se silêncio, e então foi possível ouvir algo ao mesmo tempo belo e trágico. A fênix cantava um lamento que aos poucos atingiu Emma na alma, ou pelo menos essa era a sensação ao ouvir aquela música. Ela se perguntava se sentia a devastação em seu peito de forma tão intensa por sofrer pela morte de mais alguém além de Dumbledore. Sabia que o resto da escola não se importava, mas fez de conta que Fawkes cantava em honra a Regina, e que demonstrava a importância da garota naquela música, que trouxe as lágrimas novamente ao seu rosto.

Não soube quanto tempo se passou enquanto todos contemplavam a canção. A única coisa que percebera foi quando Minerva Mcgonagall surgiu de repente da enfermaria, sua aparência não era das melhores. Estava cheia de arranhões em partes do rosto e braços, e possuir rasgos nas roupas, como os outros ali. Informou que os pais de Rony e Gina estavam a caminho e não hesitou em perguntar a Harry o que havia acontecido, já que o garoto presenciara a morte do diretor. Assim que contou-lhe que Snape matara Dumbledore, Minerva pareceu titubear, suas pernas ficaram fracas e foi necessário o socorro de Madame Pomfrey, que conjurou uma cadeira para que a professora se sentasse.

Toda história fora contada novamente, e Emma teve acesso a alguns detalhes relativamente novos desta vez. Soube da saída de Dumbledore da escola, da chegada dos Comensais, que vieram através do Armário Sumidouro na Sala Precisa, e seguiram até a Torre de Astronomia, onde a tragédia aconteceu. Cada um dos presentes revelava o que havia presenciado e os fatos tomavam forma bem ali a sua frente. Por fim Harry falou, e o silencio voltou a se fazer presente no recinto.

A fênix ainda cantava, e Emma agora se lembrava das palavras de Regina na carta, a respeito de Draco: "Ultimamente ele anda perturbado, o Lorde das Trevas o encarregou de alguma coisa importante, ninguém além dos dois sabe do que se trata, mas parece ser fundamental." Voldemort o incumbira do dever de matar Alvo Dumbledore, era por isso que o garoto andava tão estranho. Então no fim das contas Harry estava certo! Draco era mesmo um comensal, e deveria obedecer ao Lorde das Trevas ou muito provavelmente seria morto, juntamente com sua família.

Seus pensamentos foram interrompidos bruscamente pela chegada do Sr. e da Sra. Weasley, além de Fleur Delacour, que parecia aterrorizada logo atrás deles. A chegada dos três deixou todos sobressaltados, eles pareciam também ter momentaneamente se perdido em meio a uma enxurrada de divagações.

Emma parou de prestar atenção na conversa. Sentiu o corpo pesar, como se tivesse sido atropelada por uma manada de arpéus. Em sua cabeça, imagens aleatórias iam e vinham incessantemente. Lembrou-se mais uma vez da maldita sala do sétimo andar, dos lábios de Regina pendido para que encontrasse a felicidade, do sangue que parecia estar em toda parte, da chegada de Minerva. Notou que a dor em seu peito não havia passado desde o momento em que suas mãos tremulas e ensanguentadas tentaram buscaram o ar que deveria estar saindo dos pulmões da outra, já parados.

Percebeu que estava sonolenta, mas ainda não queria dormir. A chegada de Hagrid a manteve de olhos abertos. O ouviu falar sobre ter removido o corpo do diretor, e algo sobre a chegada do Ministro da Magia. Viu Minerva levantar-se e lhe dizer que convocasse os diretores das casas, com Slughorn no lugar de Snape, na Sonserina. O meio-gigante se foi e ela pediu para que Harry a acompanhasse. Avistou o garoto sair da enfermaria com a professora, mas não teve muito tempo para processar a imagem, pois precisou dar atenção à pergunta que lhe foi feita.

"Como você está se sentindo?" Era Papoula, estava preocupada como sempre, apesar de parecer só ter se lembrado de Emma naquele exato momento.

"Não sei. Posso passar a noite aqui, Madame Pomfrey?" Sentia que não tinha controle das palavras que saíam de sua boca. Só queria dormir, e com isso tentar esquecer que o apocalipse parecia finalmente ter começado.

"É claro! Mesmo se quisesse sair, não te deixaria depois de tudo que aconteceu. Mais chocolate? É sempre útil em momentos como esse." Só conseguia pensar em dormir e mais nada, porém um pouco do chocolate quente de Madame Pomfrey não seria nada dispensável, inclusive a ajudaria a pegar no sono bem mais rápido.

"Eu agradeceria." Foram suas últimas palavras antes que a mulher conjurasse uma caneca e a entregasse em suas mãos. Tomou alguns goles e sentindo-se aquecida por dentro, largou o objeto no criado-mudo ao lado da cama, finalmente se rendendo ao cansaço. Em poucos minutos estava dormindo, os sonhos que teve lhe deram o prazer de pensar que eram realidade, e que Regina estava ali ao seu lado mais uma vez, segurando sua mão, olhando em seus olhos, escondendo seus sentimentos e a fazendo se sentir a garota mais sortuda da face da terra.

* falas presentes no livro Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

A Maldição ImperdoávelWhere stories live. Discover now