— Ok. Não está mais aqui quem falou. Mas quero deixar um convite em aberto, se quiser, pode ficar comigo...

— Você vai viajar amanhã e aposto que está cheia de malas para fazer.

— Posso esquecer isso tudo com você lá.

— Mel...

— Relaxa, estou falando como uma amiga – disse sorrindo – vai... Por favor... Prometo me comportar e não falar nada sobre hoje, mesmo que eu me corroa por dentro.

Mel colocou sua mão sobre a minha.

Nesse momento, meu telefone tocou. Quando peguei para atender, a foto de Lia segurando Valentina em seus braços surgiu na tela.

Não atendi. Ainda não estava pronto para ouvir sua voz. Coloquei no silencioso e guardei o aparelho de volta no bolso.

— Era ela?

— Não importa. Preciso subir agora...

— Certo. Vou pegar um táxi e vou voltar para o meu apartamento. Tem certeza de que não quer ficar comigo?

— Tenho sim.

— Então me deixe pelo menos indicar um bom hotel – ela disse abrindo sua bolsa e pegando um cartão de visita – é um dos melhores que já fiquei. Ligue-me se quiser conversar.

Mel beijou próximo à minha boca e depois saltou do carro.

— Pode me ligar a qualquer hora – sorriu e depois saiu do estacionamento.

Quando cheguei ao meu andar, Manu me recebeu com aquele olhar "o que você aprontou dessa vez?"

— Sem perguntas, por favor.

— Eu não ia perguntar nada – se defendeu.

— Mas com certeza pensou. Algum recado importante? – perguntei quando já me encaminhei para minha sala.

— Lia ligou duas vezes querendo falar com você...

— Não quero saber o motivo das suas ligações. Se ela ligar não passe as ligações. Diga que estou ocupado... Qualquer coisa...

— O que aconteceu? Vocês brigaram? Foi por causa da Mel? Eu te avisei...

— Eu disse sem perguntas Manu.

Manu ficou me encarando por alguns segundos até bufar e começar a se retirar.

— Já vi que foi uma burrada... E das grandes. Não deveria contar, mas ela parecia bem triste no telefone.

— Não me importa. Não mais.

Esperei Manu sair da sala para desabar em minha cadeira. O restante da tarde passou como um borrão. Pedi para adiar qualquer conferência para o dia seguinte. Não iria conseguir me concentrar em mais nada hoje.

— Só queria avisar que já estou indo. Precisa de alguma coisa?

Quando Manu entrou, eu estava com a cadeira virada para a janela. Havia perdido a noção do tempo desde que havia voltado para a empresa.

— Gabriel? – ela me chamou novamente.

— Desculpa, estava distraído – falei me virando para ela – perguntou alguma coisa?

— Perguntei se precisa de alguma coisa. Estou indo embora.

Olhei para o relógio e já passava das 17h00min.

— Nem me toquei que já era tão tarde. Sim, preciso de um último favor. Pode ligar para esse hotel e fazer uma reserva? – perguntei entregando o cartão de visita.

A sua esperaWhere stories live. Discover now