Segunda distração - Crônica

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José era pedreiro e, todos os dias, trabalhava com o cimento, tijolos e com os seus materiais rotineiros de construção. Dia após dia, abaixo de um sol escaldante, salpicava a consistência acinzentada sobre os tijolos impostados no ar. E, repetitivamente, José se disponibilizava em um trabalho desumano e braçal em troca da pequena quantia de dinheiro que servia para o sustento de sua família. No primordial auge da classe baixa, se preocupava diariamente com a sua estabilidade financeira, suas condições trabalhistas e com os seus próprios filhos.

Naquele dia, após mais um serviço, se dirigiu em passos calmos na direção de um bar próximo. Retirou vinte reais do bolso de sua bermuda composta por resquícios de cimento e tinta, colocou sobre a mesa e pediu uma garrafa de cachaça. Recebeu a cachaça, agarrou um copo médio de vidro e se virou na direção de uma mesa de madeira, sentando-se sobre a cadeira enquanto abria a bebida e despejava o seu líquido transparente na direção do objeto.

E, enquanto assistia a programação rotineira do televisor do estabelecimento, virou um, dois, três, quatro e cinco copos da sua bebida predileta, enquanto se conectava veemente com a embriaguez que dominava o seu cérebro. Bebeu, bebeu e bebeu, sentindo a tontura e o bom humor abstraído de uma droga que o elevava em uma falsa distração. Aquele era o ápice de sua transmutação, o ápice de sua distração. Se espreguiçando sobre o móvel, relaxou a sua coluna e navegou em um sono profundo que o deixou parcialmente boquiaberto e distraído, permitindo-o deslocar-se momentaneamente de uma vida maçante e escravizada.


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⏰ Ultima actualizare: Mar 26, 2017 ⏰

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