Capítulo Três

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O domingo passou bem rápido. Mel, Igor e eu fomos assistir o ultimo
jogo da temporada do time do colégio. Ganhamos!

E a segunda começou dublada e sombria. Igor não gosta muito da
idéia de se molhar na chuva, quase desistiu de me levar ao trabalho hoje.
Mas foi só quase. Nós tínhamos um carro, é claro. Um volvo muito
ultrapassado. O problema é que meu tutor detesta dirigir. Por isso eu estava no volante naquela segunda chuvosa a caminho do trabalho.

Às vezes me pego pensando no que teria acontecido se eu tivesse ficado
em casa, feito Igor desistir... Seria algo extremamente difícil e doloroso ter deixado minha vida como estava.
Bem, mas essa é uma coisa que nem eu nem você nunca saberemos.

Quando chegamos ao local - um prédio com arquitetura moderna e uma fachada discreta e bonita - um senhor nos cumprimentou e
apressadamente entramos no elevador para o quinto andar.

Igor tinha que falar com o seu chefe. E quando ele voltou disse que
tinham arranjado uma reunião inadiável para hoje.

"Não vai demora muito." Ele disse.

"Tudo bem, Igor." Respondi tentando esconder o desanimo com as
próximas possíveis horas de tédio que eu teria pela frente.

"Se você quiser pode ir até a sala do Bran. Você lembra dele, não
lembra?"

"Claro. O Bran." Eu disse não fazendo idéia alguma de quem era Bran.

Quando ele saiu eu me sentei em sua cadeira com uma grade mesa entulhada de pastas, pen drives e um computador a sua frente. Tentei me imaginar em lugar como aquele algum dia da minha vida. Achei completamente improvável no mesmo instante.

Ergui-me da cadeira e comecei a andar pelo escritório. Era pequeno e
Alem da mesa havia apenas uma estante cheia de caixas que com certeza estava cheia de mais papeis velhos. Estava começando a questionar a escolha de Igor em relação a sala quando percebi a enorme janela completamente de vidro a minha esquerda. A vista era incrível. Você podia ver um parque, um laguinho charmoso e muitas pessoas passavam por ali.

Fiquei um tempo admirando a paisagem quando algo no reflexo da
janela me chamou atenção. Uma caixa com um nome. O Nome da minha
mãe: Celeste.

Meu pai adotivo podia não saber nada sobre minha verdadeira mãe, mas Igor sabia. Ele sabia quem ela era, eles eram amigos, ela morou no orfanato durante os últimos meses da sua gravidez. Os motivos por ter me abandonado ou por estar sozinha ela nunca revelara... E mesmo assim a senhora Penélope a acolheu.

Eu caminhei vagarosamente até a estante, puxei a caixa do lugar de
onde ela estava, era pesada. Sentei-me novamente a mesa.

Engraçado como a curiosidade cega as pessoas, eu nem sequer me perguntei
por que Igor e a Senhora Penélope tinham aquela caixa e nunca me disseram nada.

Comecei a abrir a caixa e meu coração saiu do compasso quando
comecei a tirar as fotos. Eram muitas. Em algumas ela estava comigo nos
braços, em outras ela estava com Igor e haviam algumas onde ela
estava sozinha. Mas em todas elas tinha um sorriso lindo e verdadeiro no rosto. Se parecia muito comigo.

Comecei a tirar mais coisas, havia um colar: Uma pedra azul bem
rústica, sem polimento ou qualquer outro tratamento, apenas uma linda
pedra azul presa à uma corrente metálica. Muitas outras coisas. Livros, desenhos, broxes... Coisas que ela provavelmente gostava.

No fundo, escondido de
qualquer olhar humano por anos, havia um envelope. Com letras
inclinadas e bem feitas estava endereçado a mim.

O papel cor de rosa gritava para que eu o abrisse e no instante em que
eu me decidi a porta abriu-se abruptamente.

"Oh! Desculpe, eu estou procurando pelo Igor..." Perguntou o homem
negro e alto que acabara de abrir a porta. Imediatamente lembrei-me do
seu rosto, ele era o Bran que Igor falara mais cedo

Atordoada por toda a nostalgia do momento eu pisquei algumas vezes
para impedir que as lágrimas caíssem.

"Ah... Oi Bran." Eu disse "Ele esta numa reunião, mas não deve demorar
muito. Eu sou Lana, fi... Amiga do Igor."

"Oh, Deus!" Ele caminhou para perto de mim. "Você é a pequena Lana.
Quanto tempo garota..."

"Pois é."

"Gloria ficaria muito feliz em te ver, menina." Quando ele pronunciou
esse nome automaticamente me lembrei do sabor dos biscoitos que
Gloria, esposa de Ban preparava.

"Gloria, sim, lembro-me dela." Disse com um sorriso sincero.

"Sim, poderíamos marcar um dia para almoçarmos todos juntos. O que
acham?" Este foi Igor entrando na sala.

Rapidamente me lembrei da caixa
e imaginei que ele não gostaria que eu soubesse da existência dela por
tê-la guardada por tanto tempo. Mascarei minha raiva, e escondi a caixa em baixo da mesa mascarando os objetos com os outros papeis em cima da mesa enquanto meu pai conversava distraidamente com seu amigo. Comigo guardei apenas o envelope e o colar.

"Ei! O que vocês acham de me mostrarem como esse lugar funciona." Interrompi os dois.

"Claro!" Disse meu pai animado.

Nós deixamos a sala e eu não pude deixar de dar uma ultima olhada na
direção das fotos de minha mãe.

Infinito - Livro IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora