— Mel, eu realmente não estou com tempo para suas bobagens. Eu sei que é difícil para você aceitar que eu e Lia estamos juntos, mas precisa.
— Se eu que te conheço a bastante tempo, estou estranhando, imagina o que os outros vão pensar?
— A opinião dos outros não me interessa. Minha vida, o que faço ou deixo de fazer não é da conta de ninguém.
— Não precisa ficar tão estressadinho só porque falei a verdade. Se ficou assim é porque sabe que estou certa.
— Mel, preciso desligar, ok? Conversamos em outro momento.
Desliguei o telefone e arremessei em cima do sofá.
— Problema no trabalho?
Olhei para trás e vi Lia em pé encostada na parede.
— Não deveria estar dormindo?
— Deveria, mas senti uma sede insuportável.
Lia caminhou para cozinha e abriu umas das portas do armário para pegar um copo.
— E então, vai me contar o que está acontecendo? Você precisa voltar para o trabalho? – perguntou enquanto seguia para a geladeira.
— Não era do meu trabalho.
Lia encheu o copo e depois de guardar a garrafa de volta na geladeira, virou-se para me encarar.
— Então o que o chateou?
— Mel – soltei e fiquei observando sua reação.
— Sei... – Lia bebeu metade da sua água e colocou o copo em cima da mesa – e o que ela falou que te deixou assim?
— Bobagem. Mel fala demais e na maioria das vezes, nada faz sentido.
— Então está dizendo que sua amiga é uma garota com cérebro de ervilha?
— Não foi bem isso que eu quis dizer...
— É sua amiga, claro que não falaria isso – disse Lia voltando para o quarto.
Ela parecia chateada.
— Falei algo que não gostou? – perguntei entrando no quarto.
— Não. Por que a pergunta?
— Seu rosto contraiu quando mencionei a última frase.
— Impressão sua.
— Está mentindo. Eu sei quando mente.
— Quer falar sobre mentira quando você mente também?
— Em que eu menti?
— Sobre sua conversa com Mel. O que ela falou que o deixou zangado?
— Isso importa mesmo?
— Sim, importa quando isso me afeta.
— Como?
— Acha que não imagino o teor da conversa? Ela te ama e não aceita que você a trocou por mim.
— Não a troquei porque não estávamos juntos.
— Ela sabe isso? Falou isso para ela antes de deixar o Japão? Porque eu acho que não.
— Mel e eu sempre deixamos as coisas bem claras quando nos envolvemos. Nada de sentimento.
— Por que decidiram isso? Qual o interesse em estar com alguém sem ter sentimentos?
— Éramos jovens, atrás dos nossos sonhos. Não queríamos nos prender a alguém.
— Mas parece que não funcionou para ela, ou estou enganada?
— Mel é geniosa, às vezes teimosa.
— Às vezes? – ela sorriu com desdém.
Aproximei-me e segurei seu rosto entre minhas mãos.
— Vamos nos preocupar somente com nossas vidas e com aquele pequeno anjo que está no outro quarto, ok? – toquei seus lábios.
— Está tentando mudar de assunto me beijando?
— Não. Mas se eu estivesse... Estaria dando certo? – perguntei dando leves beijos em seu pescoço.
— Não... – ela suspirou – talvez – sorriu.
Encaramos-nos por um longo tempo, até nos render a um beijo profundo e avassalador. Ficar perto de Lia e me controlar estava cada vez mais difícil. Eu vinha me policiando há meses, desde a única vez em que quase a tive por completo.
— Preciso tomar banho. Volto logo – fugir sempre era a melhor opção quando eu não podia me controlar perto de Lia – volte para a cama e tente dormir novamente. Daqui a pouco Valentina irá despertar e você terá um pouco de trabalho.
— Tenho você para me ajudar nisso. Ou estou errada?
— Agora vai abusar de mim? – perguntei dando meio sorriso.
— Abusar não seria a palavra certa. Mas sou mãe de primeira viagem. E tem a parte do banho, lembra o que eu fiz na aula sobre como dar banho no bebê? – ela perguntou sorrindo, mas parecia um pouco assustada.
— Claro que me lembro. Fui bem melhor do que você.
— Essa deveria ser algo para fazer com minha mãe, mas ela escolheu ficar ao lado do meu pai em sua loucura religiosa – sua voz soou triste.
— Não é um bom momento para falar sobre isso. Sei que foi difícil passar por tudo sem o apoio dos seus pais, mas não tem porque se arrepender.
— Não estou arrependida, eu amo minha filha e não me imagino longe dela, mas eu queria ter tido o apoio deles. É o que os pais fazem, não é? Mesmo que seus filhos tenham tomado decisões erradas, merecem ser perdoados.
— Só tem uma decisão que você tomou errada.
— E qual foi?
— Escolher o homem errado.
— Que bom que isso mudou agora, não é? – disse me beijando.
— Sim – falei correspondendo ao seu beijo.
Bem, eu havia prometido três capítulos, mas não deu. Juro que tentei. Estou naquela fase em que preciso me aprofundar para o fim da trama ( calma, ainda não vai acabar), mas tem muitas coisas para acontecer e minhas ideias ficam confusas, o inevitável bloqueio me pegou.
Por enquanto, fiquem com um pouco de paz que vou dar ao casal até Mel começar o inferno.
E tem também Eduardo, que está se preparando para voltar. Resta saber em que momento.
Espero que gostem do clip. Amo Ed Sheeran e a letra diz muita coisa sobre o casal.
Bjs.
ESTÁ A LER
A sua espera
RomanceLia estava com tudo planejado. Se formaria em seis meses e se casaria em sete com Eduardo, seu namorado desde a adolescência. Mas de uma hora para outra, Eduardo decidiu que não estava preparado para o casamento e termina tudo. Lia mesmo sofrendo, s...